O administrador apostólico de Braga, Jorge Ortiga – que a partir de fevereiro será substituído à frente da arquidiocese por José Cordeiro, atual bispo de Bragança-Miranda – apelou à construção de um mundo “mais irmão e solidário”, face às consequências da pandemia, onde “tudo resulte da vontade de viver a caridade intensamente, não de um modo teórico, mas com gestos”.
Nuno Brás, bispo do Funchal, também deseja ver solidariedade com os mais necessitados, num tempo afetado pelo impacto da pandemia de covid-19 e apela a que os católicos madeirenses vão ao encontro de Jesus “onde Ele se deixa hoje encontrar: a Igreja, a missa, a Sagrada Escritura, os irmãos que (…) partilham a vida, o (…) próximo – os pobres, os doentes, aqueles que precisam” de ajuda.
Também o responsável pela diocese de Vila Real, bispo António Augusto Azevedo, aproveitou a sua mensagem de Natal para mostrar a sua “solidariedade” aos que estão em situação de carência, pobreza ou desemprego.
Ao mesmo tempo, deixou uma mensagem “de esperança” aos migrantes, os que partiram da diocese para outras zonas do país ou do estrangeiro e os que, de outros países, procuram em Vila Real melhores condições de vida.
Já o bispo o Algarve, com os migrantes e refugiados na mente, apelou à construção de “pontes no acolhimento de quem é diferente”.
“Celebrar o Natal deve constituir para todos uma oportunidade para assumir a decisão de abater toda a espécie de muros, unir margens, comunicar, construir pontes, estabelecer uma relação com quem é diferente de nós, pela língua, cultura, religião… acolher e partilhar realidades novas, construir a fraternidade em todas as direções”, escreveu Manuel Quintas, na sua mensagem.
No texto, o prelado que lidera uma diocese onde, ao longo dos últimos meses, se verificaram alguns casos de chegada de imigrantes ilegais em embarcações precárias oriundos do norte de África, lembrou que famílias inteiras procuram “um lugar onde viver em paz”, arriscando a vida, e pede acolhimento para os que “fogem da guerra e da fome” ou têm de deixar a sua própria terra “por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental”.
“Sem encontro e abertura a todos, em especial aos mais humildes, não poderemos encontrar Jesus”, escreveu por sua vez António Moiteiro, bispo de Aveiro, na sua mensagem para a quadra natalícia, apontando alguns desafios com que a Igreja se encontra confrontada: “o acolhimento aos que pensam de modo diferente e aos que andam afastados; a atenção redobrada a todas as situações que ferem a dignidade do ser humano, a começar pelos mais débeis e frágeis”.
O prelado lembrou no seu texto “quem procure um salário mais justo para sustento da própria família; quem procure uma habitação condigna; quem procure reconstruir vidas; quem anseie por um mundo mais harmonioso e ecológico”.
Por seu turno, o bispo da Guarda, Manuel Felício, além do apelo à solidariedade, deixou um alerta para um problema que, de há muito, afeta as regiões do interior do país: a desertificação.
“Os últimos Censos revelaram grandes constrangimentos, somos menos em média, entre 5% e 10%, com a agravante de ainda serem bastante menos percentualmente os que trabalham e podem garantir a natalidade que nos falta”, o que evidencia a necessidade de criar condições, “nomeadamente de emprego, que permitam fixar (…) pessoas em atividade profissional, famílias com os seus filhos e outros que possam vir a ter”, considerou.
Em Viana do Castelo, o recém-chegado bispo João Lavrador, na sua primeira mensagem de Natal à diocese dirigiu-se aos “pobres e os excluídos”, na esperança de que encarem a Igreja como sua “verdadeira casa” e nela se sintam “reconfortados e dignificados”.
Numa sociedade que “ergue muros” e faz divisões entre “pobres e ricos, excluídos e instalados, poderosos e escravos, cultos e analfabetos, miséria e opulência”, o anterior bispo de Angra exortou a “novos comportamentos, novas atitudes e novas opções”, rumo aos “caminhos da comunhão, da solidariedade, da fraternidade e da opção pelos mais frágeis e excluídos”.
Na diocese de Leiria-Fátima, o cardeal António Marto, advertindo que o “Natal cristão não pode ser reduzido a uma festa social”, pediu aos fiéis que, “a partir da dura experiência da pandemia”, aproveitem para “construir uma vida nova e melhor”.
O bispo de Leiria-Fátima lamentou o espírito consumista da época, com muitos a tentarem “buscar a alegria na exterioridade das compras, das prendas, dos adornos das ruas e da diversão”, e apelou à promoção da “fraternidade e (…) amizade social”, tendo em conta que “a pandemia aumentou muito as pobrezas e desigualdades sociais”.
Em Bragança-Miranda, o atual bispo e futuro arcebispo de Braga, José Cordeiro, sublinhou que “uma vida sem gratidão é uma vida triste, que ignora a beleza do dom”, defendendo que “a alegria do Evangelho”, é o caminho “para ultrapassar as tensões mais duras e abrir as portas da cultura do encontro e da fraternidade universal”.
Também o bispo do Porto, Manuel Linda, foi claro na sua mensagem, ao exortar os cristãos da diocese a que, na sua vida, mostrem “o recolhimento, a harmonia, a ternura e a hospitalidade”.