Ao longo do dia, foram salientados os sucessos de uma estratégia nacional cujo desígnio é eliminar as hepatites virais, como preconizado pela Organização Mundial da Saúde, como o universo de doentes tratados anualmente e o tratamento cada vez mais atempado e precoce.
Rui Tato Marinho, diretor do PNHV da DGS partilhou informação sobre a situação nacional face a outros países europeus. Destacou os dados relativos ao tratamento, mas ressaltando a importância de aumentar a realização do teste, recordando a elevada mortalidade ainda associada à doença crónica do fígado. Assinalou ainda que “num momento em que lidamos com tecnologias avançadas ou com a inteligência artificial, a nossa preocupação e de todo o mundo é que não podemos esquecer-nos de falar com os doentes.”
Carlos Lima Alves, vice-presidente do Conselho Diretivo do INFARMED, I.P., referiu, na sessão de abertura, que “o trabalho iniciado em 2015 permitiu tratar milhares de doentes. Neste momento, entre 1000 e 2000 doentes iniciam tratamento por ano, o que significa que se está a registar alguma estabilização da população atingida para acesso ao tratamento.
O responsável salientou, no entanto, que ainda existem algumas nuvens neste processo, nomeadamente “haver ainda 20% de doentes que iniciaram o tratamento já em fase avançada da doença”.
Alguns dos desafios elencados pedem estratégias em contextos micro. Cristina Valente, coadjuvante do Programa Nacional para as Hepatites Virais da DGS, salientou que neste momento existem inúmeros projetos de microeliminação da Hepatite C no país, lembrando que só através da partilha e do envolvimento com as Organizações Não Governamentais e associações de doentes é possível responder aos apelos das pessoas.
Também a Secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares, referiu que Portugal está no caminho certo. Parte do sucesso nesta área derivou da cooperação e da colaboração entre os setores e que “sem a colaboração entre os organismos públicos e as ONG estes ganhos não seriam alcançados da mesma forma”. Apesar dos resultados positivos no tratamento, ressalva que “é necessário afinar todos os passos e alcançar população distante e com mais barreiras no acesso aos cuidados de saúde”.
Durante o dia foram apresentados os resultados de vários projetos desenvolvidos pelos hospitais, pelos estabelecimentos prisionais ou por ONG que pretendem precisamente responder a realidades concretas.
Os mesmos profissionais e peritos envolvidos no terreno destacaram ainda alguns aspetos que devem ser trabalhados para melhorar a resposta, nomeadamente a formação a técnicos e a reclusos, o acesso a materiais preventivos e o desenvolvimento de rastreios anuais em contextos específicos.
Na sessão de encerramento, Rui Portugal, o Subdiretor-Geral da Saúde, referiu que “a resposta à infeção pelos vírus da hepatite tem de se sustentar em estratégias multissetoriais e multidisciplinares, através de uma ação partilhada e complementar que possa responder de forma equilibrada às necessidades da população e que garanta o cumprimento dos compromissos internacionais”.