O Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e a Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Faro-Loulé apresentaram ontem, 5 de abril, publicamente a primeira Comunidade Compassiva do Algarve, denominada «Viver ComPaixão», no Teatro Lethes, em Faro.

Durante a sessão de abertura, Paulo Neves, vogal executivo do CHUA, revelou que tem sido “um orgulho ver todos os projetos que a equipa de cuidados paliativos do CHUA tem vindo a apresentar ao Conselho de Administração” e desafiou os presentes a continuarem com o projeto mesmo quando já não exista este capital inicial. “O compromisso do CHUA, enquanto entidade pública, mantenha o aporte de recursos humanos e financeiros em parceria”, referiu.

Já Dora Valério Luís, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Faro-Loulé, referiu a importância das comunidades compassivas e de “as pessoas aprenderem a preparar-se para a morte: trabalhar o luto é essencial, não só daqueles que ficam, mas também daqueles que sabem que estão a ir”.

O lançamento da Comunidade Compassiva do Algarve enquadra-se no protocolo celebrado entre a APCP e a Fundação “la Caixa” e BPI para a criação de mais três comunidades compassivas em Portugal no âmbito do Concurso lançado para apoio a Movimentos Associativos do Programa Humaniza. Ana Feijó Cunha, da Fundação “la Caixa”, afirmou que um dos principais objetivos do Humaniza é melhorar a qualidade de vida das pessoas com doença avançada e dos seus familiares. Referiu ainda que a intervenção da Fundação procura reforçar e complementar as respostas existentes e que “Queremos trabalhar de mão dada com quem está no terreno”.

“Existem um número de necessidades que têm de ser supridas e os projetos existem porque são feitos de pessoas, mas sobretudo para dar resposta às pessoas”, salientou Hugo Lucas, da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos.

De acordo com Giovanni Cerullo, médico da Equipa de Cuidados Paliativos da Unidade Hospitalar de Faro e um dos principais impulsionadores do projeto, “é mais um motivo de orgulho pelo facto do CHUA ser o impulsionador da criação de uma comunidade compassiva na região do Algarve, comunidade essa que irá melhorar a qualidade de vida das pessoas e criar uma cultura de compaixão. A comunidade somos nós e podemos fazer a diferença”.

Já Vítor Alua, coordenador do projeto «Viver ComPaixão», agradeceu à Cruz Vermelha a abertura que deu para a realização deste projeto e também agradeceu aos parceiros que são uma garantia de que “a comunidade compassiva que hoje nasce tem condições para realizar os seus objetivos e crescer numa dinâmica de partilha comunitária com todos os agentes, institucionais, tecido empresarial, academia, associações e projetos”.

Seguiu-se a palestra “O que é isso, afinal, Viver Compaixão?”, onde esteve presente a Sílvia Villar, da Associação Borba Compassiva. A responsável da primeira comunidade compassiva de Portugal relembrou a necessidade de voltarmos a viver em comunidade, apelando à entreajuda das pessoas.

O encerramento desta apresentação culminou com um momento musical levado a palco por Ricardo Martins e Cátia Solan Alhandra, bem como com a entrega de diplomas a todas as entidades representantes e parceiras do projeto.

Recorde-se que esta primeira Comunidade Compassiva do Algarve foi um dos projetos vencedores do “Portugal Compassivo – Laços Que Cuidam”, um concurso que resultou de um protocolo de cooperação entre a Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos e a Fundação “la Caixa” e que tem como objetivo principal impulsionar a criação de comunidades compassivas que permitam o cumprimento dos critérios vigentes de certificação pelo movimento internacional “Charter for Compassion”.