Quase 40% dos idosos portugueses com mais de 80 anos viviam sozinhos em 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que demonstra que a maioria dos idosos sozinhos vive nas freguesias do interior do país.

O INE apresentou hoje uma série de estudos sobre famílias em Portugal, com base nos Censos de 2021, e em que o estudo sobre as “Famílias nas fases mais avançadas da vida: tendências atuais” mostra “um ligeiro crescimento da proporção de indivíduos com 65 ou mais anos a residir em agregados unipessoais”.

Na análise por grupos etários, “37,8% da população com 80 ou mais anos, em 2021, vivia em agregados domésticos sem núcleos familiares”, apontou a investigadora Patrícia Coelho, da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve.

De acordo com a docente, é neste grupo etário que “o número de idosos a viver em agregados unipessoais cresceu de forma muito mais acentuada entre 2011 e 2021”.

Os dados apresentados mostram que mais de 50% dos agregados domésticos privados unipessoais eram compostos por pessoas com 65 anos ou mais.

A maior expressão é em freguesias do interior (norte e centro) e na Região Autónoma da Madeira, por oposição às freguesias do litoral de Portugal Continental e da Região Autónoma dos Açores.

Os dados do INE mostraram também que nos dez anos entre 2011 e 2021 Portugal perdeu 1,3% de população residente e que a taxa de crescimento efetivo foi negativa até 2018, só contrariada a partir desse ano graças à imigração.

A partir de 2017, o crescimento migratório é positivo, mas só isso não foi suficiente para compensar a perda de população, fenómeno que só se começa a verificar a partir de 2023, ao mesmo tempo que continua a verificar-se o envelhecimento da população.

A natalidade foi afetada “fortemente” pelas duas crises durante esse período, a primeira financeira e a segunda pandémica, o que fez com que só se registasse “uma ligeira recuperação de 2015 em diante”, logo contrariada em 2020.

Segundo Susana Clemente, do INE, em 2021, a média era de 1,35 filhos por mulher em idade fértil, salientando que “as mulheres, em períodos de crise, têm filhos mais tarde”.

”Os efeitos das crises afetaram os movimentos demográficos e, consequentemente, as estruturas familiares”, apontou.

Nas tendências da vida em casal, com base nos dados do INE, foi possível constatar que aumentou o número de casais de facto, com dois em cada dez casais a viverem em união de facto, e que “aumentou o peso relativo dos casais sem filhos no total de casais”, já que quatro em cada dez casais são casais sem filhos.

Por outro lado, diminuiu o número de casais com filhos e aumentou o número de casais recompostos a viver em união de facto. Os casais recompostos são aqueles em que há pelo menos um filho que não é comum aos dois elementos.

 

Lusa