Há alguns anos, temos nessa altura do ano, campanhas do “Setembro Amarelo” em muitos países. Escolheu-se o dia 10 foi para representar a causa e propor um debate fundamental hoje em dia. É uma campanha internacional, adotada também em Portugal, visando consciencializar e reduzir os casos de suicídios no país.
Num estudo feito com 31 países europeus, Portugal aparece como o sétimo com mais “stress” no trabalho. Outro dado interessante é que, segundo um estudo da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco), um terço dos trabalhadores estão em risco de esgotamento profissional e cerca de metade queixa-se da falta de apoio dos supervisores em situações de tensão. Este problema afeta nomeadamente a produtividade e o comprometimento dos colaboradores.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é uma das principais causas de morte em todo o mundo. Cerca de 800 mil pessoas padecem desse mal, todos os anos. Feitas as contas, corresponde a cerca de um suicídio a cada 40 segundos. Em Portugal, matam-se, pelo menos, três pessoas por dia, mas o número pode ser superior. As estatísticas são da Ordem dos Psicólogos.
O Especialista em Comportamento, Maicon Paiva, Fundador da Casa de Apoio Espaço Recomeçar, responde à questão, sempre levantada quando o assunto é o suicídio: se ”essas pessoas só querem chamar à atenção”. “Não gosto da ideia de que uma pessoa dizer que lhe apetece matar-se por querer chamar a atenção para si. Elas estão em enorme sofrimento. Até porque, “alguém que pensa na morte”, ou que tenha “fatores de risco”, pode não se suicidar. As pessoas que aludem a morte não se matam mais do que as que não falam disso".
O suicídio é a segunda causa de morte em pessoas entre os 15 e os 34 anos. Os jovens homossexuais ou bissexuais têm probabilidade três vezes maior de cometerem o suicídio, e as ocorrências aumentam caso a família não aceite a orientação sexual. Maicon Paiva, Especialista em Relacionamentos e Comportamentos, fala sobre como o amor e o carinho podem ser importantes para a cura da depressão. “Quando se está deprimido, a sensação de receber amor é ainda mais reconfortante. Esteja certo que terá um papel importante na recuperação da pessoa que passa por essa situação difícil. E, quem sabe, em pouco tempo, a depressão não é superada, e podem ficar juntos, curtindo essa relação? Conversem, demonstrem o quanto se importam mutualmente.”
Maicon Paiva traz-lhe algumas dicas de como ajudar uma pessoa que está depressiva a se recuperar com muito amor e atenção.
- Não julgue e conheça mais da doença. O primeiro passo para lidar com a doença é reconhecer que ela existe. Essa é uma etapa muito difícil, pois na maioria das vezes, as pessoas não sabem ou não entendem pelo que a outra passa e faz julgamentos errados. É preciso evitar comentários negativos, e reconhecer que esta é uma doença séria. Procure saber mais sobre a depressão para melhor lidar com os seus sintomas e dificuldades;
- Pratique a afetividade. Embora a pessoa com depressão possa apresentar sinais como desinteresse, desânimo, agressividade e irritabilidade, praticar a afetividade é fundamental para lidar com a doença;
- Façam atividades prazerosas juntos. As pessoas com depressão tem muita dificuldade em realizar atividades que antes eram prazerosas por falta de motivação. Mas isso pode ser combatido quando há o apoio de pessoas queridas. Portanto, o ideal é que realizem atividades prazerosas juntos, como passear no parque, sair para jantar fora, assistir a filmes e séries juntos, fazer massagem um no outro, entre outras atividades;
- Ambos devem se envolver no tratamento. A depressão é uma doença bastante difícil de tratar, e exige também acompanhamento do ambiente em que essa pessoa vive. Por isso, é fundamental que ambos estejam dispostos a passar por terapia e buscar esse envolvimento com o tratamento. Ambos devem estar alinhados às necessidades dessa doença, como o fortalecimento da autoestima, intervenção médica, acompanhamento nutricional, estímulos por meio de medicamentos, entre outras.
O Especialista em Comportamento e Relacionamentos, Maicon Paiva, ressalta a importância do cuidado e amor em momentos como este. “Amor e depressão podem coexistir na mesma pessoa. Somos seres de afetos, com a capacidade de dar e receber amor. A pessoa com depressão não deixa de amar o seu par, só não consegue demonstrar. Contudo, sentir-se amada, pela não desistência da pessoa que ama, certamente lhe dará mais facilidade em subir os degraus do sítio escuro e frio para onde a depressão a levou.”
Por Queissada Comunicación