Município e Universidade do Algarve apresentam último volume da obra reeditada do escritor são-brasense

O Município de São Brás de Alportel e a Universidade do Algarve apresentam esta quinta-feira, dia 11, pelas 18h00, na Biblioteca Municipal Dr. Estanco Louro, o sexto e último volume da coleção completa e agora reeditada da obra do escritor são-brasense, José Dias Sancho.

O sexto volume “Prosa breve, correspondência, entrevistas e teatro” junta-se aos volumes anteriormente lançados: “Deus Pan e outros contos” e “Bezerros de Ouro”, “Ídolos de Barro e outros escorços críticos”, “Canções de Amor e outros Poemas” e “Crónicas e conferências”, cuja reedição resultou de uma parceria formalizada entre o Município de São Brás de Alportel e a Universidade do Algarve, com vista à valorização e ao agrupamento da obra completa deste escritor e personalidade carismática, singular na história do Algarve e vulto maior da cultura portuguesa, definido por muitos como o “génio precoce de vida breve”.

Este último volume compila textos relativos à prosa breve, a correspondência e entrevistas, publicadas em diversos jornais e revistas da época, também algumas peças de teatro.

O projeto da reedição completa da obra de José Dias Sancho foi concretizado mediante o rigoroso trabalho de investigação e edição da equipa de investigadoras, Sílvia Quinteiro e Maria José Marques, e a colaboração da editora Opera Omnia e teve início a 11 de janeiro de 2021.

Um trabalho que atesta a grandiosidade literária do escritor são-brasense como figura notável da moderna geração algarvia a quem o destino atraiçoou e não permitiu que tivesse uma vida longa.  Não obstante, deixou uma obra ímpar, variada, riquíssima que passa por diversos géneros.

Os livros estão à venda no Município de São Brás de Alportel e nas livrarias nacionais e plataformas de venda digitais.

 

 

Nota biográfica de José Dias Sancho

 

Advogado, poeta, escritor, ficcionista, conferencista, crítico literário e caricaturista, José Dias Sancho nasceu em São Brás de Alportel a 22 de abril de 1898 e faleceu, em Faro, a 11 de janeiro de 1929.

Aos 16 anos, escreveu para uma festa do Liceu a peça “A Ceia dos Cábulas”, uma paródia à “Ceia dos Cardeais”, de Júlio Dantas. Anos mais tarde, voltou à crítica da obra de Júlio Dantas no livro “Ídolos de Barro” (2º volume).

Foi um dos fundadores do jornal Correio do Sul e colaborou com muitos jornais da região, nomeadamente na Folha de Alte, na Vida Algarvia e na revista Costa de Oiro, de Lagos, onde, entre outros trabalhos, publicou o conto infantil “No Reino dos Bonecos”.

Em Lisboa, escreveu para o Diário de Notícias, para o Diário de Lisboa, para O Século e para A Situação, de que foi diretor. Enquanto estudante universitário da Faculdade de Direito, em Lisboa, colaborou no Académico, um jornal quinzenal defensor dos interesses académicos.

Licenciou-se em 1926, mas não chegou a exercer advocacia. Foi oficial nomeado nos Registos Civis de Ourique e de São Brás de Alportel.

Casou com Maria Helena Pousão Pereira Dias Sancho, filha do poeta João Lúcio, com quem teve uma filha, Maria Luzia a que é dedicado o conto “El-Rei-bebé”.

À data da sua morte, a 11 de janeiro de 1929, era Conservador do Registo Civil de Faro.

Da prosa típica e genuinamente algarvia, poeta romântico, a sua obra literária marca um dos valores mais notáveis da moderna geração, merecendo da crítica portuguesa, as mais lisonjeiras referências e sendo considerado entre os grandes da literatura: Cândido Guerreiro, Ferreira de Castro, Sousa Costa e Norberto Araújo.

“Canções de Amor”, coletânea de poesias, “Serenata de Mefistófeles”, obra de poesia satírica em quadras, “Deus-Pan”, contos rústicos, “El-Rei-Bebé”, dedicado à sua filha, e o romance “Bezerros de Outos” são alguns dos livros que publicou.