Identifica quatro grandes desafios a que é urgente dar resposta através de “um Programa Nacional para as Doenças Reumáticas Musculoesqueléticas, isto se quisermos promover a prevenção diagnóstico e tratamento adequados destas doenças” que, segundo o especialista, “são a primeira causa da reforma antecipada em Portugal, a primeira causa de sofrimento humano e o primeiro motivo de consulta nos maiores de 50 anos nos cuidados primários de saúde”.
“A necessidade de aumentar os esforços na promoção de estilos de vida saudáveis e de prevenção, com um programa transversal entre o existente para as doenças reumáticas musculoesqueléticas e os programas prioritários de estilo de vida do plano Nacional de Saúde”, é um dos desafios identificados por António Vilar, ao qual se junta “um diagnóstico precoce e tratamento adequado das doenças reumáticas musculoesqueléticas, garantindo equidade e acessibilidade dos cidadãos”, assim como “a integração dos cuidados de saúde primários, hospitalares e continuados, com equipas multidisciplinares para tratar as doenças mais frequentes, como a lombalgia, a osteoartrose, a osteoporose e a patologia periarticular”.
Finalmente, o especialista alerta ainda para a urgência de “uma prevenção abrangente, com menos acidentes na rua e em casa”, todas estas medidas que ajudariam a reduzir o impacto económico das doenças reumáticas musculoesqueléticas que, acrescenta, “em Portugal é significativo, quer nos custos diretos, quer indiretos, causando cerca de 50% das reformas antecipadas no nosso país.”
Tendo em conta os dados do maior estudo epidemiológico nacional, que deu origem a um Registo Nacional, “foi identificada uma doença reumática em mais de metade dos portugueses, que apresentam uma qualidade de vida inferior à da população sem estas patologias e mais problemas de saúde mental”. E a pandemia, garante o especialista, “pelo confinamento e sedentarismo, vai certamente agravar esta situação”.
António Vilar destaca ainda a artrite reumatoide, “considerada a rainha das doenças inflamatórias crónicas articulares pela sua expressão: 50 a 70.000 doentes em Portugal, 2,5 milhões nos Estados Unidos e 40 milhões estimados no mundo”. Uma doença também responsável por “reformas antecipadas, incapacidade temporária prolongada, redução da esperança média de vida e sofrimento. Parafraseando Churchill, ‘nenhuma doença faz sofrer tanto, tanta gente, durante tanto tempo’”.
Especialistas para o tratamento desta e das outras doenças, assegura, não faltam: “temos gerações altamente qualificadas de reumatologistas; somos quase 200, dos quais 50 em formação; temos o único centro de excelência reumatológica da Península Ibérica, o maior rácio por especialidade de doutorados e o maior Registo Nacional de doentes”. No entanto, “apesar da cobertura nacional existente, preocupa haver ainda vastas áreas do País sem reumatologistas, como no Alentejo, ou o 2º maior concelho em população do País não ter um reumatologista, como é o caso do hospital Fernando da Fonseca, ou ainda grandes hospitais, como Hospital de Santo António, Matosinhos ou Famalicão”.