O atual contexto económico está a mudar o mercado residencial em Portugal. A subida dos juros no crédito habitação, a alta inflação e a perda de confiança dos consumidores estão a arrefecer a compra de casas no país. Isto quer dizer que a procura de casas está a retrair, embora continue a ser bem superior à oferta de habitação existente. Esta atual dinâmica de mercado tem influência sobre os preços das casas. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) observou-se uma desaceleração dos preços das casas em 12 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes no terceiro trimestre de 2022. E foi em Guimarães e no Porto onde este abrandamento dos preços foi maior.
Considerando as casas transacionadas entre julho e setembro de 2022, o INE avança que o preço mediano das habitações foi de 1.492 euros por metro quadrado (euros/m2), um valor 13,5% superior ao registado no mesmo período de 2021. Já comparando com o preço das casas mediano apurado entre abril e junho, este valor é 0,1% inferior, aponta o instituto no boletim publicado esta quinta-feira, dia 2 de fevereiro.
O que os dados do INE também revelam é que o preço das casas subiu nos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes do país. Mas a evolução dos preços está a dar sinais de abrandamento, tal como se registou em Portugal: a subida homóloga dos preços de 13,5% registada no verão de 2022 é 4,3 pontos percentuais (p.p.) inferior à observada no segundo trimestre do ano passado (17,8%).
“No terceiro trimestre de 2022, ocorreu uma desaceleração dos preços da habitação em 12 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes (sete no 2º trimestre de 2022)”, destaca o gabinete de estatística português. Os cinco maiores abrandamentos dos preços das casas foram observadas em:
1. Guimarães: no segundo trimestre registou uma variação homóloga de 10,9% que desceu para 2,6% no terceiro trimestre de 2022 (-8,3 p.p.);
2. Porto: os preços subiram 18,5% na primavera de 2022, um valor que baixou para 12% no verão (ou seja, -6,5 p.p.);
3. Cascais: preços das casas desaceleraram 4,8 p.p., com a taxa homóloga no terceiro trimestre a fixar-se nos 10,9%;
4. Leiria: taxa de variação homóloga dos preços das casas passou de 23% no segundo trimestre para 18,4% no terceiro (-4,6 p.p.);
5. Loures: os preços subiram, em termos homólogos, 11,4% no verão de 2022, uma taxa 4,6 p.p. inferior à registada na primavera (16%).
A lista dos 12 concelhos que registaram um abrandamento no ritmo de subida dos preços das casas vendidas no país fica completa com Braga (-4,4 p.p.), Almada (-3,2 p.p.), Setúbal (-2,8 p.p.), Vila Franca de Xira (-2,5 p.p.), Sintra (-2,4 p.p.), Oeiras (-2,2 p.p.) e Barcelos (-1,1 p.p.).
“Em sentido oposto, houve um aumento da taxa de variação homóloga entre o segundo e o terceiro trimestres em 11 municípios, evidenciando-se Maia (+12,7 p.p.), Matosinhos (+12,1 p.p.) Em Lisboa registou-se uma ligeira aceleração (+0,7 p.p.)”, desta ainda o mesmo documento.
Olhando para os preços das casas vendidas no verão de 2022, verifica-se que o metro quadrado mais caro do país encontra-se no município de Lisboa, custando 3.882 euros/m2, seguido de Cascais (3.453 euros/m2), Oeiras (3.072 euros/m2) e Porto (2.603 euros/m2).
Entre os 24 maiores municípios do país, é em Guimarães (1.115 euros/m2), Santa Maria da Feira (1.145 euros/m2) e em Vila Nova de Famalicão (1.182 euros/m2) onde se encontram as casas a preços mais acessíveis.
Preço das casas sobem na maioria das regiões portuguesas
Também na maioria das regiões portuguesas, o preço das casas subiu no terceiro trimestre face ao período homólogo. A única exceção é a sub-região Viseu Dão Lafões, onde os preços das casas caíram 4,8% entre o terceiro trimestre e o período homólogo.
Entre as subidas dos preços das casas mais expressivas no terceiro trimestre de 2022 está:
- a Região Autónoma dos Açores (+24,1%);
- o Alentejo Litoral (+22,3%);
- a Área Metropolitana do Porto (+20,4%)
- a Lezíria do Tejo (+19,5%);
- o Alto Tâmega (+16,8%);
- a Região de Aveiro (+16,3%);
- a Área Metropolitana de Lisboa (16,1%);
- o Alentejo Central (+14,9%);
- o Algarve (+13,8%).
O preço por m2 mais elevado das casas foi observado no Algarve e nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, registando valores medianos de 2.378 euros/m2, 2.156 euros/m2 e 1.660 euros/m2, respetivamente. Já o Alto Alentejo apresentou o menor preço mediano de venda de alojamentos familiares (492 euros/m2) no verão de 2022
Estrangeiros compraram casas a preços mais baixos no verão de 2022
Olhando para os proprietários das habitações transacionadas no terceiro trimestre de 2022, o INE dá conta que, em termos medianos, os estrangeiros compraram casas mais baratas enquanto os portugueses adquiriram habitações ligeiramente mais caras, mostrando uma inversão na tendência:
- compradores com domicílio fiscal no estrangeiro: valor mediano das habitações vendidas foi de 2.199 euros/m2 (valor inferior ao registado no trimestre anterior, de 2.292 euros/m2);
- compradores com domicílio fiscal em território nacional: este valor foi 1.464 euros/m2 (no 2º trimestre de 2022 tinha sido 1.461 euros/m2).
Segundo o INE, “as três sub-regiões com preços medianos da habitação mais elevados – Algarve e áreas metropolitana de Lisboa e Porto – apresentaram também os valores mais elevados em ambas as categorias de domicílio fiscal do comprador: território nacional (2.232 euros/m2 , 2.128 euros/m2 e 1.650 euros/m2 , respetivamente) e estrangeiro (2.854 euros/m2, 3.511 euros/m2 e 2.292 euros/m2 )”.
E referiu ainda que “na Área Metropolitana de Lisboa, registou-se a maior diferença entre o preço mediano das transações efetuadas por compradores com domicílio fiscal no estrangeiro e o valor mediano envolvendo compradores com domicílio fiscal no território nacional: 1.383 euros/m2 , +65,0%”.
Por: Idealista