Vila Real de Santo António vai ter uma unidade de tratamento e embalamento de pescado produzido em aquacultura, ao largo de Monte Gordo, ao abrigo de um investimento do grupo empresarial Jerónimo Martins, disse o presidente da autarquia.

O grupo adquiriu lotes de aquacultura numa zona de produção situada a seis milhas da costa de Monte Gordo, no sotavento (este) algarvio, com o objetivo de atingir, em 2025, uma produção de cerca de 1.500 toneladas de dourada e robalo por ano, podendo chegar às 3.000 toneladas no futuro.

Segundo disse à Lusa fonte do grupo Jerónimo Martins, o investimento ronda os 10 milhões de euros e os principais clientes serão as companhias do grupo em Portugal, embora esteja também a ser equacionada a exportação do pescado ali produzido,

A mesma fonte sublinhou que, com esta nova exploração no concelho de Vila Real de Santo António, distrito de Faro, se prevê a criação de cerca de 40 novos postos de trabalho.

“Temos preferência por colaboradores locais, porque pretendemos que este seja um projeto bem integrado na região e que dinamize o tecido social desta zona”, acrescentou.

Quanto à unidade de processamento a construir em Vila Real de Santo António, o grupo esclareceu que ainda não há uma data definida para a sua entrada em funcionamento, mas justificou a localização para “implementar a base logística” com o facto de se situar no “porto de maiores dimensões existente” na zona.

Em declarações à Lusa, o presidente da autarquia, Álvaro Araújo, classificou o projeto como “muito importante” para a economia local, porque será desenvolvido “numa área que interessa ao município, que tem tudo a ver com a história de Vila Real de Santo António, ligada à economia do mar”.

Questionado sobre a sua importância para a criação de emprego, o autarca respondeu que a criação de 40 postos de trabalho “só pode deixar o município satisfeito”, mas alertou para as dificuldades que se sentem no concelho, e no Algarve, para encontrar trabalhadores qualificados.

“Há uma preocupação, que é transversal a todos os setores, que é a falta de mão-de-obra qualificada e a falta de mão-de-obra em si. Por isso, a estratégia local de habitação e as políticas de habitação que o município está em vias de começar a implementar poderão vir a minimizar esses problemas”, afirmou.

Álvaro Araújo considerou que, desta forma, poderá haver “disponibilização de habitação com arrendamento acessível” e permitir a “vinda de mão-de-obra para se fixar no concelho e dar resposta a estas necessidades”.

“É público que os ficheiros do Instituto do Emprego [e Formação Profissional] estão esgotados, agora vem a época baixa, na época baixa há mais disponibilidade de mão-de-obra, na época alta não há, e é um problema, mas vamos ver como as pessoas aderem a este projeto de aquacultura, espero que haja resposta e mão-de-obra disponível”, acrescentou.

Sobre a construção da unidade de processamento em terrenos da Docapesca, junto ao porto de Vila Real de Santo António, o autarca escusou-se a avançar uma previsão para a sua conclusão, mas frisou que a “empresa já está a iniciar a produção do pescado” e “dentro de ano e meio a dois anos” estará em condições de comercializá-lo.

“Por isso, têm muita urgência em começar já a construção dessa unidade”, argumentou, considerando que “a margem não é muita”, mas “ainda há tempo para a construção do edifício a tempo da captura do primeiro pescado”.

 

Por: Lusa