“São duas equipas com qualidade. O Portimonense está na I Liga e fez bons jogos neste último terço do campeonato, assim como o AVS também fez um percurso fantástico na II Liga e vai, com toda a certeza, estar extremamente motivado para poder chegar à elite”, disse à agência Lusa o técnico, que orientou o primodivisionário Gil Vicente em 2023/24.
O Portimonense, 16.º e antepenúltimo colocado da I Liga, vai receber o AVS, terceiro do escalão ‘secundário’, no sábado, às 19:45, em Portimão, para a primeira mão do play-off, estando o segundo encontro previsto para 02 de junho, à mesma hora, na Vila das Aves.
“As duas equipas vão preparar-se muito bem e estarão algo precavidas no primeiro jogo, porque sabem que ainda haverá outro. Por isso, creio que a equipa que joga em casa na segunda mão pode ter uma ligeira vantagem. Agora, são partidas muito equilibradas, em que, principalmente, os aspetos emocional e mental têm grande preponderância”, notou.
Admitindo que o formato em vigor “dá mais hipóteses à equipa dita mais forte de ter uma segunda oportunidade para retificar um resultado menos positivo do primeiro jogo”, Vítor Campelos frisa a tradição de inferioridade dos primodivisionários neste patamar decisivo.
“Geralmente, as equipas da II Liga que estão neste play-off chegam com uma espiral de resultados positivos. O fator emocional e esse culto de vitória que foi criado durante uma época competitiva e desgastante têm de estar presentes na mente dos futebolistas. Pelo contrário, a equipa da I Liga está ali porque a sua produção não foi tão positiva”, avaliou.
Desde a instituição definitiva desta disputa no final da temporada, em 2020/21, os então ‘secundários’ Arouca, Desportivo de Chaves e Estrela da Amadora derrotaram Rio Ave, Moreirense e Marítimo, respetivamente, tendo jogado sempre em casa na primeira mão.
Vítor Campelos, de 49 anos, valorizou o peso dos adeptos no play-off testemunhado em 2021/22, quando os transmontanos ganharam vantagem na receção aos minhotos (2-0), face aos golos de João Teixeira e João Correia, sem que a derrota sofrida uma semana depois em Moreira de Cónegos (1-0) impedisse o seu regresso à I Liga três anos depois.
“O lado emocional é muito importante, até porque a época está quase no seu final e tudo aquilo que será passível de ser treinado e trabalhado já está mais do que assimilado por parte dos atletas. Recordo-me que, naquela altura, caímos no lugar de play-off na última jornada, da mesma maneira como o Moreirense lá chegou. Foi um duro revés para nós e teve de ser feito um trabalho para fazer os jogadores acreditar e sentir que era possível chegar à I Liga”, lembrou o técnico, que tinha orientado os ‘cónegos’ na elite em 2019/20.
O Desportivo de Chaves tinha fechado o pódio da II Liga, com 64 pontos, seis abaixo do campeão Rio Ave - com o qual perdeu fora (3-0), na 34.ª e decisiva ronda - e a quatro do Casa Pia, segundo classificado, enquanto o Moreirense acabou a I Liga em 16.º, com 29 pontos, contabilizando apenas um de avanço sobre o despromovido Tondela, 17.º, mas menos dois face ao Arouca, que agarrou o 15.º lugar, último de manutenção automática.
“Sabíamos da importância [da subida] para todos, para o clube e, principalmente, para a cidade. Mesmo a nível económico, era importante que o Desportivo de Chaves chegasse à I Liga e foi isso que fomos falando. Fizemos os jogadores relembrar tudo o que de bom tinham feito e passámos confiança, respeitando sempre muito um oponente valoroso que tínhamos pela frente”, terminou Vítor Campelos, que também acompanhou o regresso ao escalão principal dos flavienses, ‘condenados’ esta temporada à ‘queda’ direta na II Liga.
Lusa