O concurso dos vinhos foi realizado no passado mês de abril, promovido pela Comissão Vitivinícola do Algarve em parceria com a Câmara Municipal de Lagoa e a Associação dos Escanções de Portugal e distinguiu os melhores vinhos engarrafados algarvios. Esta edição foi aberta a vinhos brancos, rosados e tintos, tendo sido atribuídas medalhas a 25 dos 81 vinhos a concurso, que representaram 20 produtores da região.
A Voz do Algarve-Como tem evoluído o setor do vinho nas últimas décadas no Algarve?
Carlos Gracias - O primeiro passo foi dado com o reconhecimento da Região Demarcada do Algarve, mas o mais afirmativo foi a constituição da Comissão Vitivinícola a que se seguiu o processo de certificação dos vinhos algarvios. Pode dizer-se que estes passos marcaram o antes e o depois da produção do vinho algarvio. Não podemos esquecer a importância dos nossos produtores que aceitaram o desafio e têm sido eles, com investimento e grande esforço, que catapultaram os nossos néctares para os patamares de qualidade onde presentemente se encontram.
VA- Como tem sido a evolução em termos da quantidade e da qualidade?
CG - Conforme temos vindo a afirmar a nossa demanda é produzir vinhos de excelente qualidade em detrimento da quantidade, mas também sabemos que podemos aumentar a área de vinha e correspondente produção, sem colocar em causa a qualidade. É isto que preconizamos para o futuro próximo, uma realidade para a qual todos trabalhamos e que irá, por certo, gerar um aumento da atividade económica do sector na região.
A região está a crescer de uma forma sustentável e bem orientada para a produção de vinho de qualidade. Estamos a ser disputados pelos melhores enólogos e por produtores de prestígio de outras regiões vitivinícolas, que com certeza virão trazer o melhor dos seus conhecimentos, aproveitar as excelentes condições naturais que a região oferece e comparticipar para um maior sucesso dos “Vinhos do Algarve”.
Ao longo dos últimos anos temos assistido ao reconhecimento da região e à atribuição de inúmeras distinções quer em concursos Nacionais ou Internacionais, pelo que diria que a excelente qualidade dos vinhos algarvios já é uma realidade. As cerca de 175 referências existentes no Algarve têm conquistado anualmente mais de 50 medalhas. Se tivermos em conta que na grande maioria dos concursos a apreciação dos vinhos é feita em “prova cega”, podemos afirmar que os vinhos do algarve já ombreiam em qualidade com os melhores.
VA- Qual a estratégia para afirmar a qualidade do vinho Algarvio? A que mercados se deve dirigir? Ao mercado regional, nacional, ou à exportação?
CG - Temos que continuar a trabalhar na procura da excelência. O vinho produzido na região, tem uma boa aceitação e onde temos chegado não somos rejeitados, antes pelo contrário.
Falta obviamente “vender” o vinho algarvio, como se vende o sol, a praia, o golfe e a gastronomia, entre outros exemplos, apostando mais na promoção do produto, sermos mais agressivos no marketing e investirmos mais na comunicação.
A título de exemplo podemos referir que as exportações representam cerca de 15% do volume anual comercializado e que da restante parte, 90% é comercializada e consumida na região.
Concluindo, consideramos que o mercado regional é o nosso mercado por excelência, com grande potencial de crescimento.
VA - Para além da rota dos vinhos estão previstas outras ações promocionais para potenciar o vinho Algarvio?
CG - Continuamos a participar em diversos eventos nacionais e regionais, especializados do setor vitivinícola; temos apresentado candidaturas a fundos comunitários e nacionais para financiamento das ações de promoção, nomeadamente ao “Eixo 1 – IVV” para a Promoção Genérica. Já vimos também aprovada uma candidatura ao SIAC – Qualificação (Programa Operacional Regional do Algarve), projeto designado por “Algarve Wines & Spirits” e que tem por objetivo promover o aumento da competitividade das empresas do setor das bebidas do Algarve e a implementação de ferramentas de caracter inovador. O projeto irá financiar a instalação de um Laboratório de Enologia, o desenvolvimento de um programa informático para gestão do processo de certificação, implementação do processo de certificação do Medronho do Algarve IGP, para além de estudos sobre a região, quintas e adegas, seminários e assessoria de comunicação.
VA - No mercado regional quais as regiões que mais competem com o vinho algarvio?
CG - Penso não existir qualquer competição, existe sim em nós, um défice de “bairrismo”, que está a ser paulatinamente ultrapassado e que poderá catapultar o consumo do vinho Algarvio. Existe uma forte relação entre a Gastronomia e o Vinho e sendo o Algarve uma região turística ficaria bem proporcionar a todos os que nos visitam uma experiência inesquecível com a degustação de “Vinhos do Algarve”.
VA - Este ano Lagoa é a capital Europeia do Vinho. Como foi a adesão dos produtores este ano comparativamente com os anos anteriores?
CG - A organização da iniciativa “Lagoa – Cidade do Vinho 2016” é da responsabilidade da AMPV – Associação dos Municípios Portugueses do Vinho, e dos municípios aderentes, nomeadamente o Município de Lagoa.
A CVA em representação dos produtores da região do Algarve tem prestado toda a colaboração à iniciativa, fazendo inclusivamente parte da sua Comissão de Honra. Em termos promocionais a iniciativa tem dado uma grande projeção e aumento da visibilidade aos “Vinhos do Algarve” e à região.
VA - Que papel desempenha a Fatacil na promoção e divulgação do vinho algarvio?
CG - É sobretudo uma oportunidade de dar a conhecer os nossos vinhos aos milhares de visitantes que elegem a Fatacil com um dos mais importantes eventos realizados no Algarve. É também uma possibilidade dos turistas e visitantes provarem os vinhos algarvios ainda timidamente recomendados pelos empresários da restauração algarvia, tendência que começa felizmente a inverter-se.
Os “Vinhos do Algarve” marcam presença na feira e vamos dar provas dos vinhos que participaram e foram premiados no IX Concurso de Vinhos do Algarve.
Por: Nathalie Dias