A secção regional sul da Ordem dos Enfermeiros realiza quarta e quinta-feira o seu III Congresso, em Faro, no qual vai abordar temas como a violência obstétrica e violência em crianças e idosos, disse o presidente da secção.

Sérgio Branco preside à secção sul da Ordem dos Enfermeiros (OE) e disse à agência Lusa que o congresso, que se realiza até quinta-feira no Teatro das Figuras, em Faro, é feito no âmbito da “política de descentralização” assumida no atual mandato e vai pôr a classe a “falar de uma perspetiva de urgência e emergência de uma forma transversal”.

O presidente da secção regional precisou que vão ser tratados temas que vão “desde os cuidados de saúde primários, passando pelos cuidados hospitalares, os cuidados intensivos, mas também pela vertente pós-hospitalar, a área dos lares e estruturas residenciais para idosos”.

“E depois também uma área que é, neste momento, emergente em enfermagem, que é a enfermagem forense, que vai de certa forma analisar todas estas situações de violência e sinais de maus-tratos”, acrescentou a mesma fonte

Sérgio Branco afirmou que há questões “que são olhadas com uma importância máxima por causa do que está a acontecer hoje”, referindo-se à “violência obstétrica”, fenómeno que disse estar “cada vez mais marcado na vida da mulher” e implicar “uma necessidade muito grande de dar à mulher o direito à escolha quanto à forma como vai ser mãe e como vai ter o seu filho”.

Isto quando, na atualidade, as taxas de cesariana “tendem a baixar no setor público” e “no privado são mais elevadas”, porque a questão é “vista por uma ótica financeira”, considerou.

“A mulher deve saber e ser capacitada na sua escolha, para poder decidir se quer o seu parto na água, em casa, no hospital, se com equipa mais diferenciada, se com parteira privada. Esta liberdade para ser mãe deve constar também da nossa vida diária e a mulher está às vezes a ser quartada nessa decisão, às vezes por orientações que dependem das disponibilidades das equipas hospitalares, que às vezes têm de avançar porque depois já não estão de serviço, etc”, argumentou.

Há também uma necessidade de se haver “saúde não só para cidadãos, mas também ao nível das organizações de saúde para os seus profissionais”, neste momento em que “os contextos clínicos são extremamente agressivos” e “impedem por vezes opções pela melhor estratégia em matéria de saúde”.

O atual momento de contestação da classe também vai ser abordada no Congresso pela bastonária da Ordem dos Enfermeiros, “que terá com certeza uma palavra a dizer neste momento de contestação, com novas formas de luta”, como a greve às cirurgias que as estruturas sindicais têm promovido, disse ainda Sérgio Branco.

O presidente da secção sul recordou as reivindicações da enfermagem de terem uma carreira definida e de acordo com esforço que têm e o contributo que dão nos serviços de saúde, onde há “contratos para 35 horas por semana e depois há enfermeiros a fazerem 60, 70 ou 80”, criticou, considerando que é tempo de a classe obter respostas às suas exigências.

 

Por: Lusa