«A Resistência no Feminino: arte e narrativa das insurgentes algarvias» é tema de Conferência no Dia Internacional da Mulher 8 de março – Café Concerto do TEMPO

Portimão irá assinalar o Dia Internacional da Mulher, recordando as mulheres  algarvias que se opuseram ao regime ditatorial e que durante tanto tempo foram esquecidas e estiveram na sombra da História, ao promover a Conferência “A Resistência no feminino: arte e narrativa das insurgentes algarvias” agendada para o dia 8 de março com a colaboração especial da Professora Doutora Maria João Raminhos Duarte.

A Conferência terá lugar pelas 18h00, no Café Concerto do TEMPO- Teatro Municipal de Portimão, e será um momento por excelência para abordar diferentes histórias de vida e revelar o papel dos diversos tipos de oposição conduzida pelas mulheres em relação ao “Estado Novo”.

No Algarve, tal como no resto do país, esta oposição/resistência relacionava-se com factores particulares de pertença social e económica do universo feminino: as mulheres assalariadas (operárias, costureiras, etc.), as mulheres militantes do PCP, nos bastidores da clandestinidade, e as que provinham da burguesia republicana e com estudos, de elites que congregavam as mulheres das classes sociais mais elevadas (professoras, artistas, médicas).

Por esta ocasião, o Município de Portimão irá homenagear mulheres que se notabilizaram na resistência à ditadura, tomando como paradigma desses grupos diversos Maria Margarida Carmo Tengarrinha, Isaura Assunção da Silva Borges Coelho, Maria Regina Duarte Silva Águedo Serrano e Maria Madalena Tomé  Negrão Gracias.

Ao reconhecer publicamente estas mulheres, o Município pretende ver representadas muitas outras mulheres que se evidenciaram na luta pelos direitos das mulheres e pela liberdade e que esta homenagem, devida e póstuma, as inscreva definitivamente na nossa memória colectiva.

Quem foram as «companheiras» algarvias?; Qual foi o seu contributo à oposição e resistência do regime ditatorial? serão algumas das questões aprofundadas na conferência pela Professora Doutora Maria João Raminhos Duarte. Demoradamente ou episodicamente, as mulheres referidas ao longo desta conferência marcaram a sua oposição, de uma forma ou de outra, ao regime salazarista: apoiando as candidaturas de Norton de Matos, de Ruy Luís Gomes, de Humberto Delgado e da CDE, na clandestinidade, nas lutas académicas, na luta armada, no exílio e em uma série de actividades de cobertura e apoio. No seu conjunto, por caminhos diversos, partilharam uma trajectória de luta contra o regime ditatorial, pertenceram a organizações antifascistas unitárias, criaram movimentos e grupos femininos, simpatizaram ou militaram no PCP, e todas foram vigiadas, quando não perseguidas.

 

A preletora- Maria João Raminhos Duarte

 

Filha de pais silvenses, nasceu em Moçambique em 1959. É doutorada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Tem publicado “Portimão, industriais conserveiros na 1ª metade do séc. XX”;  “João Rosa Beatriz. Esboço de uma biografia política”; “José Rodrigues Vitoriano: o «operário construído»”; “Presos políticos algarvios em Angra do Heroísmo e no Tarrafal” e a sua tese de doutoramento “Silves e o Algarve, uma História da Oposição à Ditadura”. No âmbito das Comemorações do Centenário da República e do 150º aniversário de Manuel Teixeira Gomes, colaborou em “Portimão e a Revolução Republicana”, obra coordenada por José Tengarrinha. Em 2016, no âmbito do 75.º aniversário do Lar da Criança de Portimão, publicou "Lar da Criança de Portimão: a utopia de um colo". Tem um vasto currículo, com artigos publicados e conferências no âmbito da História local e regional algarvia contemporânea, nomeadamente sobre os industriais conserveiros, o movimento operário corticeiro e conserveiro, o regionalismo algarvio, a instituição do Estado Novo, a oposição ao Estado Novo, os movimentos femininos, a educação e assistência, a implantação do regime democrático, além de inúmeros e relevantes contributos biográficos de História Contemporânea algarvia. É investigadora associada do Grupo de Estudos do Trabalho e dos Conflitos Sociais do IHC», Doutorada integrada do Instituto de História Contemporânea/Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e formadora acreditada pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua da Universidade do Minho.

É docente na Escola E.B. 2,3 Eng. Nuno Mergulhão e professora auxiliar no Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes (ISMAT), em Portimão.