William Tonnard é co-fundador da Lovelystay, uma empresa de gestão de apartamentos para arrendamento de curta duração, que em Portugal gere mais de 280 apartamentos localizados essencialmente em Lisboa, Porto e Algarve.

Os apartamentos que gerem são sobretudo de portugueses (50,5%), mas também há proprietários franceses, turcos e norte-americanos.

A pandemia da Covid-19 teve um impacto fulminante no negócio da empresa. William Tonnard recorda que começou a 9 de março e em poucos dias quase todas as reservas foram canceladas. “O impacto foi muito drástico e dramático. De um dia para o outro, as nossas expectativas de receita para março e meses seguintes caíram para quase zero”, afirma.

“Neste momento, basicamente, não há atividade, exceto algumas reservas de médio prazo de apartamentos que disponibilizamos gratuitamente aos profissionais de saúde que necessitam. Já temos mais de 45 apartamentos ocupados por profissionais de saúde e temos mais apartamentos disponíveis. Podem reservar o apartamento, enviando um e-mail para fightcovid@lovelystay.com”, refere.

Apesar do negócio estar parado, William Tonnard acredita “numa recuperação forte e rápida, como foi observado na região de Wuhan”, porque, explica, “viajar faz parte dos nossos hábitos e é uma maneira de escapar da nossa rotina diária e desfrutar de momentos únicos com amigos e familiares e as pessoas nesta fase de confinamento estão a viver uma grande frustração”, refere.

No entanto, considera que a recuperação se fará em três fases: “Os primeiros viajantes serão os turistas portugueses (turismo interno), depois os cidadãos provenientes da UE (curta distância) e a terceira fase incluirá os viajantes da América do Sul / EUA / Ásia, que levarão mais tempo até que seja confortável para eles viajar para longas distâncias”.
Para o co-fundador da Lovelystay, Portugal tem estado a lidar muito melhor do que outros países da UE com a pandemia. Por esse motivo, “pensamos que os viajantes pensarão em Portugal como o local ideal para viajar neste verão, quando a crise terminar. Os viajantes que procuram bom tempo vão olhar para França, Itália e Espanha como destinos mais arriscados”, constata.

Sobre as medidas anunciadas pelo governo português, William Tonnard considera que seria recomendável fornecer mais apoio aos trabalhadores, retirando o pagamento do IRS e da Segurança Social durante o período de lay off.
“Também temos vindo a alertar, através da ALEP, para outras medidas mais direcionadas aos proprietários de imóveis: adiamento de pagamentos de hipotecas para proprietários de AL, medidas que permitam adiar pagamentos de custos fixos (Internet, água, eletricidade etc.) e, claro, atrasar o pagamento do IRS 2019.”

Mudanças na lei
As sucessivas mudanças na lei do Alojamento Local têm levado à estabilização do negócio da LovelyStay. Se Portugal arranca elogios de William Tonnard por ter sido o primeiro país do mundo a legalizar totalmente o Alojamento Local, o mesmo não acontece com as sucessivas mudanças na regulação do setor. “Quando o Alojamento Local foi legalizado, o Estado português entendeu, antes de qualquer outro país, que era uma nova tendência de viagens e que ter uma estrutura legal e fiscal seria mais produtivo e benéfico para todos. Desde então, os sucessivos governos têm mudado a lei na direção oposta: Primeiro com o aumento da tributação sobre as receitas, segunda pela introdução da Taxa Municipal (por exemplo em Lisboa, passou de 1 euro por noite/pessoa para 2 euros por noite / pessoa). Depois, em outubro de 2018, introduziram mais restrições no número de unidades por edifício que poderiam ser alocadas ao AL. E, em outubro de 2019, deixaram de conceder novas licenças em zonas históricos de Lisboa (no Porto ainda em debate)”.

Portanto, “para uma empresa de gestão profissional como a nossa, o nosso mercado alvo estabilizou. Mas do ponto de vista do proprietário (só com uma licença), os desempenhos melhoravam a cada ano. Por exemplo, janeiro de 2020 foi de longe o melhor janeiro dos últimos quatro anos. Um T2 renovado na Baixa, ainda geraria receita bruta de 5000 euros”, conclui.

 

Por: Publituris