Os recentes ataques cibernéticos que pararam vários aeroportos, sobretudo na Europa, entre 19 e 21 de setembro, vieram mostrar que estas infraestruturas estão “vulneráveis” a este tipo de ataques e devem investir em estratégias de segurança cibernética, recomenda um recente relatório da consultora Morningstar DBRS, divulgado esta quarta-feira, 8 de outubro.
“Os aeroportos são vulneráveis a eventos disruptivos globais. Em setembro de 2025, a aviação europeia enfrentou um lembrete gritante do quão frágil pode ser sua presença digital”, alerta a consultora, que estima que, além dos atrasos para os passageiros e cancelamentos de voos, estes ataques podem ter um impacto financeiro real para os aeroportos europeus, reduzindo receitas e enfraquecendo o perfil de crédito dos operadores aeroportuários.
Por isso, a Morningstar DBRS defende que os aeroportos europeus devem investir em estratégias de segurança cibernética, uma vez que os mais recentes ataques afetaram todo o setor da aviação, estimando-se que 45% destes incidentes tenham afetado diretamente as infraestruturas aeroportuárias, enquanto 25% impactaram as companhias aéreas, além dos sistemas de controle de tráfego aéreo, leasing de aeronaves e empresas de atendimento ao cliente.
As consequências dos ataques podem levar a um impacto financeiro real, desde logo ao nível do perfil de crédito dos operadores aeroportuáros, que resulta da resiliência operacional e da dependência de fornecedores.
Sem uma estratégia de segurança cibernética, os aeroportos podem correr o risco de se concentrarem em fornecedores únicos de TI, o que, segundo a Morningstar DBRS, pode ditar uma “exposição sistémica” a estes ataques em todo o setor.
“Na prática, isso significa que uma falha técnica pode ter consequências diretas para os aeroportos na forma de perfil de crédito enfraquecido, aumento do escrutínio regulatório e custos potencialmente mais altos em termos de custos operacionais e/ou despesas de capital”, alerta a consultora.
A Morningstar DBRS lembra que alguns operadores aeroportuários europeus estão já a implementar medidas de segurança e defesa contra estres ataques cibernéticos, a exemplo da espanhola AENA, que já introduziu este tema no “seu prospeto de dívida”, enquanto a empresa que gere o aeroporto da capital italiana, a Aeroporti Di Roma Spa, estabeleceu uma parceria com uma empresa de defesa para “desenvolver iniciativas conjuntas em sistemas de segurança cibernética”.
A consultora dá ainda exemplo de outros operadores aeroportuários que optaram por criar empresas subsidiárias dedicadas à cibersegurança ou que estão a reservar parte dos seus lucros para investimento em temas ligados à segurança digital.
A Morningstar DBRS defende que este investimento é positivo, uma vez que os “aeroportos são mais vulneráveis do que outras classes de ativos a certos eventos disruptivos globais”.
“Investimentos em redundância, recursos de resposta a incidentes, supervisão rigorosa dos fornecedores e testes regulares de stresse são despesas essenciais para proteger passageiros e balanços”, defende a consultora, que considera que “os aeroportos que demonstram uma gestão proativa de riscos estão melhor posicionados para proteger as suas operações”.
Recorde-se que, entre 19 e 21 de setembro, vários aeroportos europeus foram afetados por ataques cibernéticos que atrasaram e cancelaram voos, provocando longas filas nos terminais, num evento que afetou particularmente os aeroportos de Londres Heathrow e de Bruxelas, dois importantes hubs aéreos europeus.
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