No Algarve, o Dia de BP, com a participação de cerca de 1.500 escuteiros, foi assinalado com a realização de um acampamento em Portimão, num terreno junto à marina, cujas atividades se estenderam a toda a cidade, com particular incidência no Portimão Arena.
Após a montagem de campo, a abertura e o almoço, deu-se início, no sábado à tarde, às atividades por secção com a realização de diversos jogos e desafios lúdico-educativos pela cidade.
No pavilhão Portimão Arena, para onde convergiram todos ao final da tarde, decorreu o tradicional Fogo de Conselho, após o jantar, que incluiu um concerto da ‘Banda da Paróquia’, grupo musical que criou, juntamente com o padre João Paulo Vaz, o hino oficial da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa e ajudou a trazer a festa àquele recinto antes do regresso ao campo.
No domingo, após a alvorada e a desmontagem do acampamento, a manhã contou com jogos por agrupamento. Depois do almoço, foi celebrada no Portimão Arena a Eucaristia, presidida pelo bispo do Algarve.
No início da celebração, o assistente regional do CNE lembrou que a finalidade da participação no Dia de BP. “Estamos aqui a celebrar a alegria que é sermos escuteiros não só para nós, mas para deixarmos o mundo melhor”, afirmou o padre Rui Fernandes.
Pegando naquela deixa, o bispo do Algarve completou-a. “Para deixarmos o mundo melhor, temos nós mesmos de ser melhores”, acrescentou D. Manuel Quintas, que começou por “dar graças por este dom que continua a ser o escutismo a nível mundial e, particularmente, aqui em Portugal e aqui no Algarve”. “O Dia de BP é sempre um dia de gratidão. Este homem já morreu há muito tempo, mas continua vivo no coração de cada escuteiro pela iniciativa que teve de fundar o escutismo mundial”, prosseguiu, lembrando que, em Portugal, o CNE “é a associação que reúne mais jovens, começando pelos cerca de 60.000 de Lobitos (escutas entre os 6 e os 10 anos de idade, pertencentes à Iª secção do movimento), e também adultos”, que disse serem quase 9.000.
“Que motivo tão grande de darmos graças a Deus por hoje continuarmos a usufruir, a poder saborear este movimento com a sua pedagogia própria que é tão atual”, desenvolveu, considerando que o CNE “dá a possibilidade a cada um de se sentir a colaborar, a participar, a enriquecer as iniciativas, sentindo-se bem juntamente com os outros”.
Por outro lado, o bispo diocesano lembrou a atenção do movimento escutista à natureza. “Só há pouco tempo é que acordámos para a realidade da natureza, a importância de respeitar, de cuidar da Terra, considerando-a até como mãe, como irmã. Temos de cuidar dela para que ela possa cuidar de nós”, afirmou, agradecendo pelo “dom” que disse ser Baden-Powell.
Em conclusão, o bispo do Algarve destacou três verbos que disse enquadrarem-se na celebração do Dia de BP: “agradecer, escutar e servir”. Prosseguindo com a importância de escutar Jesus, disse ter sido “por escutar que Baden-Powell teve a intuição de fundar este movimento”. “Escutar Deus, certamente – ele era crente –, escutar as necessidades, dos jovens como vós. É por escutar Deus, através dos outros, que crescemos abertos aos outros, às necessidades dos outros, ao mundo que nos rodeia”, afirmou, desafiando ainda os escuteiros a estar “alerta para servir, para ajudar, para apoiar, para cuidar, para ir ao encontro daqueles que mais precisam”.
“Jesus fala-nos também através das necessidades dos outros, de estar atentos aos outros”, completou, exortando cada um a “estar atento a todas as situações de necessidade” na diocese e no Algarve, lembrando que “fazer da vida, como fez Jesus, um serviço aos outros é, aliás, o lema de todo o bom escuteiro”.
D. Manuel Quintas, que agradeceu “por todo o bem que o CNE semeia” na diocese através dos agrupamentos, disse estar “muito grato não apenas à Junta Regional, mas a todos os dirigentes em cada agrupamento”. “Gostaria de vos pedir que continueis com o mesmo entusiasmo e dedicação que tendes demonstrado e demonstrastes na organização deste Dia de BP porque é esse bem que dará certamente frutos bem semeados hoje nessas crianças, adolescentes e jovens e que toda a sociedade aproveitará e também a nossa Igreja diocesana”, declarou na Eucaristia concelebrada também pelo cónego Mário de Sousa, pároco da paróquia da matriz da cidade, e servida pelo diácono António Valério.
A última palavra do bispo da diocese foi para os pais. “Um obrigado muito grande por vos deixarem ser escuteiros e vos apoiarem, animarem, irem ao encontro das iniciativas que são promovidas. Estão a participar de uma maneira muito ativa também não só florescimento do escutismo na nossa diocese, mas a aproveitar de toda a pedagogia tão importante e tão atual que este movimento oferece”, afirmou.
O chefe regional do Algarve do CNE agradeceu à Câmara de Portimão por todo o apoio prestado naquela atividade e a todos que estiveram envolvidos na sua execução conjunta da Junta Regional com os agrupamentos 159 – Portimão e 1398 – Nossa Senhora do Amparo também daquela cidade. “Que tudo aquilo que vivemos neste fim de semana nos possa continuar a guiar nas nossas vidas e que o consigamos levar para as nossas comunidades”, desejou João Ramalho.
Já a presidente da Câmara Municipal disse da “grande alegria” para a cidade receber os escuteiros. “Temos aqui jovens que têm fé e essa fé faz deles mensageiros do amor, da paz, da solidariedade, da amizade. São a semente que Deus deitou à terra e que, afinal, frutificou. Não caiu em terra árida. Cada um de vós é um mensageiro de fé, de Deus, de paz. Com jovens como vós o país tem futuro, o Algarve tem futuro, a humanidade tem futuro”, afirmou Isilda Gomes no final da Eucaristia, após a qual se encerrou a atividade.
O CNE, fundado em 1932 no Algarve pelo cónego José Augusto Vieira Falé, conta atualmente com 34 agrupamentos num total de mais 2.000 elementos.
Folha do Domingo
