Avaliações bancárias são mais baixas que preços das casas, pelo que valor de entrada para o crédito habitação aumenta.

A compra de casa em Portugal tem-se tornado cada vez mais difícil devido aos elevados preços das casas, a par dos altos juros no crédito habitação. Mas não só. Também existe uma “décalage” entre preços da habitação e avaliações bancárias, o que tem dificultado a aquisição de imóveis com recurso a empréstimo bancário. Isto porque as famílias são obrigadas a dar um maior valor de entrada para o crédito. Explicamos.

Na hora de comprar casa com recurso a crédito habitação, os bancos têm de avalizar a compra. A avaliação bancária do imóvel faz parte do processo, uma vez que os bancos apenas podem emprestar até um máximo de 90% do menor valor entre o valor de aquisição e o de avaliação do imóvel.

Neste sentido, a situação mais vantajosa para as famílias é que a avaliação seja superior ao valor da compra do imóvel, de forma que consigam financiar até 90% da aquisição final. Mas esta é uma realidade longe de vista na maioria das regiões do país.

“Há uma décalage entre os preços da habitação e as avaliações bancárias nalgumas regiões, o que torna mais difícil a aquisição de imóveis com recurso a empréstimo. Esta situação, em 2022, é mais visível em Lisboa, no Algarve e na Madeira”, conclui o estudo “A crise da habitação nas grandes cidades – uma análise” da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) divulgado na quinta-feira, dia 27 de julho de 2023.

Quer isto dizer que as avaliações das casas têm sido de valor mais baixos do que o preço de compra na maioria das regiões do país, levando os bancos a conceder empréstimos pelo valor da avaliação (o menor dos dois). E, assim, as famílias conseguem financiamentos mais baixos face ao preço da aquisição (ao invés de 90% passará para 80%, por exemplo), tendo de dar mais capital de entrada no crédito.

No caso de Lisboa, o preço das casas vendidas foi de 4.022 euros/m2 no último trimestre de 2022. Mas o valor da avaliação foi de 3.646 euros/m2. Já no Porto a diferença é menor: as habitações foram vendidas por 2.640 euros/m2 e o valor da avaliação fixou-se nos 2.583 euros/m2. Em ambos os casos, significa que os empréstimos têm sido concedidos, sobretudo, pelo valor das avaliações que são mais baixos.

Olhando para as diferentes regiões do país, verifica-se que este desfasamento entre avaliações e preços das casas agravou-se entre 2019 e 2022, em particular na Grande Lisboa, no Algarve, na Madeira e no Grande Porto. Mas ainda há exeções: no Alentejo, no Centro e nos Açores, os valores das avaliações da casa são superiores aos preços de compra final, facilitando a compra.

 

Por: Idealista