Em Portugal, o mercado residencial muito mudou ao longo dos últimos 12 anos. Novos métodos de construção foram introduzidos, a reabilitação urbana ganhou força e entraram em vigor várias alterações legislativas. Mas há uma questão estrutural que permanece: há falta de casas no país. É este desequilíbrio entre a oferta de habitação e a procura (muito impulsionada, também, por estrangeiros) que está por detrás da subida dos preços das habitações. Os dados do Eurostat esta terça-feira publicados mostram que as casas para comprar no nosso país ficaram 80% mais caras desde 2010 até ao terceiro trimestre de 2022. E as rendas das casas subiram mais de 25% entre estes dois momentos. Esta evolução superior à média da União Europeia (UE).
No rescaldo da crise financeira de 2008, o mercado residencial português começou a ganhar fôlego. Os preços das casas à venda deram sinais de subida no final de 2013 e não pararam de crescer. Contas feitas, as casas para comprar no nosso país ficaram 80% mais caras nos últimos 12 anos, um valor bem superior à média dos 27 países que compõem a UE (49%), refere o Eurostat na nota publicada esta terça-feira, dia 10 de janeiro de 2023.
Mas Portugal não foi o único país do espaço europeu que viu as casas à venda a ficarem bem mais caras entre 2010 e o verão de 2022. Em concreto, os preços das casas aumentaram em 24 Estados-membros da UE. E em sete países o valor pelo qual as casas são vendidas mais do que duplicou neste período:
- Estónia (+199%);
- Hungria (+174%);
- Luxemburgo (+140%);
- Lituânia (+137%);
- Letónia (+134%);
- República Checa (+133%);
- Áustria (+130%).
Só em três países é que as casas para comprar ficaram mais baratas entre estes dois momentos: Grécia (-22%), Itália (-9%) e Chipre (-0,3%).
Rendas também subiram em flecha
Já no que diz respeito à evolução das rendas das casas nos últimos 12 anos, o gabinete de estatística europeu explica que nos 27 países da UE arrendar casa ficou 18% mais caro, um valor inferior ao apurado em Portugal. No nosso país, as casas para arrendar encareceram mais de 25% neste período.
Ao comparar o terceiro trimestre de 2022 com 2010, os preços das rendas aumentaram em 26 Estados-membros. As maiores subidas das rendas das casas foram observadas na Estónia (+233%) e na Lituânia (+151%). Só houve um país a sentir uma descida dos preços das casas para arrendar: a Grécia (-24%).
Preços das casas para comprar sobem 13,1% em Portugal e 7,4% na UE no verão de 2022
O ano de 2022 foi marcado pela inflação que também deu gás à subida dos preços das casas para comprar, por via do aumento dos custos da construção. E este cenário parece ter inflacionado o valor das casas à venda um pouco por todo o espaço europeu. Os preços das casas na UE continuaram a aumentar no terceiro trimestre de 2022 subindo 7,4% face ao mesmo período de 2021.
Analisando os dados do Eurostat neste período, salta à vista que os preços das casas para comprar subiram em 25 dos 26 países da UE com dados disponíveis (faltam dados para a Grécia). E houve 15 Estados-membros que registaram subidas de mais de 10% no indicador.
Os maiores aumentos dos preços das casas à venda foram observados na Estónia (24,2%), na Hungria (21,0%) e na Lituânia (19,3%). Portugal foi o décimo país que viu os preços das habitações subir mais neste período, registando um aumento de 13,1% - isto é, quase dobro da média da Zona Euro (6,8%).
O único país que sentiu os preços das casas para comprar descer entre verão de 2022 e o período homólogo foi mesmo a Dinamarca (-2,4%), mostram os dados.Face ao segundo trimestre de 2022, os preços das habitações para comprar subiram 1,0% na Zona Euro e 0,9% na UE entre julho e setembro. De acordo com o serviço estatístico comunitário, os preços das casas avançaram em 20 Estados-membros, com destaque para Chipre (5,8%), Bulgária (4,1%) e Áustria (4,0%). Em Portugal, os preços subiram 2,9% face ao trimestre anterior.
Já na Dinamarca (-3,8%), Suécia (-3,1%), Finlândia (-1,3%), Roménia (-1,2%), Itália (-1,0%) e na Alemanha (-0,4%) os preços das casas à venda caíram.
Por:Idealista