Foi em Barcelos e em Guimarães onde os preços das casas vendidas mais aceleraram no verão de 2023, revela INE.

aquisição de habitação tem vindo a arrefecer ao longo de 2023, por via dos altos juros e baixo poder de compra. Mas como a oferta de habitação disponível no mercado continua a ser insuficiente para suprir as necessidades das famílias (embora esteja a dar sinais de subida), os preços das casas continuam a subir. O que salta à vista é que, ao contrário do que se verificou na primeira metade do ano passado, os preços das casas para comprar voltaram a acelerar no verão de 2023. E esta é uma tendência sentida em 13 dos 24 municípios mais populosos do país, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Com a menor venda de casas entre janeiro de junho de 2023, o preço da habitação abrandou o ritmo de subida homóloga face ao mesmo período do ano anterior. Mas, no verão de 2023, o aumento dos preços voltou a acelerar. É isso mesmo que diz o INE no boletim publicado esta terça-feira, dia 6 de fevereiro: “No terceiro trimestre de 2023, o preço mediano de alojamentos familiares em Portugal foi 1.641 euros por metro quadrado (euros/m2), correspondendo a uma taxa de variação homóloga de +10,0%”, um valor superior à evolução registada no trimestre anterior (9,0%).

Olhando para os 24 municípios com mais de 100 mil habitantes, salta à vista que os preços das casas vendidas no terceiro trimestre subiram em todos os territórios. Mas nestes municípios houve diferenças quanto ao ritmo de subidas:

  • em 13 dos 24 municípios populosos foi sentida uma aceleração dos preços das casas, com Barcelos (+9,1 pontos percentuais) e Guimarães (+8,9 pontos percentuais) a registar os aumentos mais expressivos. Também o município do Porto sentiu este movimento (+5,8p.p.):
  • em 11 municípios populosos foi observada uma desaceleração dos preços, com destaque para o Funchal, onde os preços subiram 33,4% no segundo trimestre de 2023 (em termos homólogos), mas aumentaram 20,2% no verão (-13,2 p.p.). Também Lisboa sentiu um arrefecimento desta evolução (-5,6 p.p.).

Quais são as regiões e municípios mais caros para comprar casa?

A nível regional, o INE sublinha que “o preço mediano da habitação aumentou, face ao período homólogo, em 22 das 26 sub-regiões, destacando-se o crescimento na Região Autónoma da Madeira (+43,0%)”. E ainda que houve seis sub-regiões com preços das casas vendidas superiores aos do país, que registaram também taxas de variação homóloga superiores à nacional:

  • Grande Lisboa (2.795 euros/m2 e +11,2%);
  • Algarve (2.654 euros/m2 e +11,6%);
  • Região Autónoma da Madeira (2.107 euros/m2 e +43,0%);
  • Península de Setúbal (1.950 euros/m2 e +10,9%);
  • Área Metropolitana do Porto (1.902 euros/m2 e +14,6%);
  • Alentejo Litoral (1.718 euros/m2 e +22,2%).

Por outro lado, houve quatro sub-regiões onde os preços das casas desceram no verão de 2023 face ao período homólogo: Beira Baixa (-8,2%), Douro (-4,4%), Alto Alentejo (-2,4%) e Baixo Alentejo (-0,3%). “Tal como em trimestres anteriores, o Alto Alentejo apresentou o menor preço mediano de venda de alojamentos familiares (480 euros/m2 )”, refere ainda o instituto.

Ao nível dos municípios mais populosos, verifica-se que os preços das casas subiram em todos os concelhos, com os aumentos a variar entre 3,8% em Barcelos e 23,3% em Matosinhos. Como seria de esperar, “os municípios de Lisboa (4.167 euros/m2), Cascais (4.045 euros/m2 ), Oeiras (3.216 euros/m2 ) e Porto (3.104 euros/m2 ) apresentaram os preços da habitação mais elevados” do país, refere o INE.  Já os municípios populosos com preços das casas mais baixas são Barcelos (1.228 euros/m2), Santa Maria da Feira (1.232 euros/m2) e Guimarães (1.265 euros/m2).

Estrangeiros continuam a comprar casas mais caras que residentes

Há uma tendência que não tem mudado nos últimos meses: os estrangeiros continuam a comprar casas por valores mais elevados do que quem vive em Portugal. “No terceiro trimestre de 2023, o valor mediano de alojamentos familiares transacionados em Portugal envolvendo compradores com domicílio fiscal no estrangeiro foi 2.279 euros/m2 (+4,5% relativamente ao trimestre homólogo) e no caso das transações por compradores com domicílio fiscal em território nacional este valor foi 1.602 euros/m2 (+9,4% face ao trimestre homólogo)”, escreve o gabinete nacional de estatística.

E salta à vista ainda que a cinco das seis sub-regiões com preços da habitação mais elevados (em termos medianos), apresentaram também os maiores valores envolvendo compradores residentes no estrangeiro e em Portugal:

  • Grande Lisboa: estrangeiros compraram casa pelo preço mediano de 5.000 euros/m2, e residentes em Portugal por 2.727 euros/m2;
  • Algarve (3.200 euros/m2 e 2.470 euros/m2, respetivamente),
  • Área Metropolitana do Porto (2.933 euros/m2 e 1.870 euros/m2);
  • Região Autónoma da Madeira (2.669 euros/m2 e 2.060 euros/m2);
  • Península de Setúbal (2.335 euros/m2 e 1.932 euros/m2 ).

“No Alentejo Litoral, o preço das habitações adquiridas por nacionais (1.721 euros/m2) superou a referência do país, embora o das adquiridas por estrangeiros (1.670 euros/m2) tenham ficado aquém dessa referência”, sublinha ainda o INE.

O que também é bem visível é que os estrangeiros compram casas bem mais caras do que quem mora em Portugal: por exemplo, na Grande Lisboa o preço mediano das transações efetuadas por compradores com domicílio fiscal no estrangeiro foi 83,4% superior face ao preço das casas compradas por famílias residentes no país. E no Grande Porto o preço das casas compradas por estrangeiros foi 56,8% mais elevado.  

 

Por: Idealista News