Em 2022, o montante de crédito habitação concedido aumentou 6,8% face ao ano anterior, um crescimento homólogo inferior ao verificado em 2021, que tinha sido de 36,4%. Os bancos estão a celebrar menos contratos, mas o valor médio emprestado por contrato cresceu. Estas são algumas das conclusões a retirar do Relatório de Acompanhamento dos Mercados de Crédito, divulgado esta terça-feira (18 de julho de 2023) pelo Banco de Portugal (BdP).
Mostramos em baixo, ponto por ponto, como evoluiu, em 2022, o negócio do crédito habitação em Portugal.
Valor concedido aumenta, mas (muito) menos que em 2021
Quantos contratos de crédito habitação foram celebrados?
Prazo médio dos novos contratos em queda
Taxas mista e fixa ganham terreno
Reembolsos antecipados e renegociações disparam
Montante concedido noutros créditos hipotecários cresceu
Mais contratos de crédito aos consumidores
Valor concedido aumenta, mas (muito) menos que em 2021
“Em 2022, o montante de crédito habitação concedido aumentou 6,8%, aquém do crescimento de 36,4% registado no ano anterior, voltando a registar-se, pelo segundo ano consecutivo, níveis muito acima dos observados no período pré-pandemia”, lê-se no comunicado do BdP – o relatório completo pode ser consultado neste link.
O supervisor adianta que o montante de crédito habitação concedido foi desacelerando ao longo dos trimestres, em comparação com os períodos homólogos do ano anterior, tendo caído 14,2% nos últimos três meses do ano passado. “Num contexto de subida significativa das taxas de referência Euribor”, acrescenta.
Quantos contratos de crédito habitação foram celebrados?
Em média, foram celebrados 9.644 contratos de crédito habitação por mês, menos 0,7% que no ano anterior, num montante total de crédito concedido de 1.313 milhões de euros. O montante médio por empréstimo foi de 136.143 euros, mais 7,5% que em 2021.
Saldo em dívida aumentou
Segundo o BdP, as instituições tinham em carteira, no final do ano passado, cerca de 1,5 milhões de contratos de crédito habitação, mais 4,5% que no ano anterior. O saldo em dívida dos mesmos é 100,9 mil milhões de euros, mais 6,4% que em 2021.
Prazo médio dos novos contratos em queda
O prazo médio dos novos contratos de crédito habitação diminuiu num ano: passou de 32,9 anos em 2021 para 31,8 anos em 2022. Já nos contratos em carteira das instituições, o prazo médio aumentou ligeiramente: de 33,5 anos para 33,6 anos.
Taxas mista e fixa ganham terreno
A taxa variável continua a ser a mais usada em Portugal, representando 80,8% dos contratos de crédito habitação em 2022. Trata-se, no entanto, de uma proporção inferior à de 2021 (84,9%). “Em contrapartida, aumentou a importância dos contratos com taxa mista (de 10% em 2021 para 12,3% em 2022) e com taxa fixa (de 5,1% para 6,4%)”, conclui o BdP.
Relativamente ao spread médio dos novos contratos com taxa variável voltou a diminuir ligeiramente, fixando-se em 1,09 pontos percentuais (1,14 em 2021).
Reembolsos antecipados e renegociações disparam
O ano de 2022 ficou marcado por uma subida constante das taxas de juro diretoras por parte do Banco Central Europeu (BCE), que ainda se mantém. Um cenário que está a fazer com que aumentem os reembolsos e as renegociações de crédito habitação.
“Registaram-se 141.952 reembolsos antecipados em contratos de crédito habitação, aos quais correspondeu um montante reembolsado de cerca de 6,6 mil milhões de euros (mais 15,1% que no ano anterior). O aumento foi mais acentuado na segunda metade do ano, num contexto de aumento das taxas de juro de referência e de início de um período da suspensão temporária da comissão por reembolso antecipado nos contratos de crédito para habitação própria permanente a taxa de variável”, explica a entidade liderada por Mário Centeno.
No que diz respeito ao montante renegociado, aumentou 38,4%. “Foram realizadas 41.332 renegociações, abrangendo 39.417 contratos de crédito habitação e um montante total renegociado de aproximadamente 4,2 mil milhões de euros”, lê-se na nota.
Montante concedido noutros créditos hipotecários cresceu
De acordo com o banco central da República Portuguesa, foram celebrados, no ano passado, 17.174 novos contratos de crédito com garantia hipotecária que não tinham finalidade habitação (mais 16,2% que em 2021), aos quais correspondeu um montante de crédito concedido de 1,1 mil milhões de euros.
Mais contratos de crédito aos consumidores
Em média, refere o BdP, foram realizados 130.331 contratos de crédito aos consumidores por mês em 2022, aos quais corresponderam cerca de 632,7 milhões de euros. “O montante de crédito concedido aumentou em todos os segmentos, mas o crescimento foi mais expressivo no crédito pessoal (25,7%). Os contratos de crédito pessoal tiveram um montante médio de 7.000 euros (6.800 euros em 2021)”, conclui.
Por:Idealista