O interesse pelas viagens de longo-curso registou uma melhoria global para o último trimestre de 2022. Contudo, as incertezas de cariz financeira aparecem como principal entrave. Portugal aparece destacado nas escolhas dos brasileiros.

Apesar do interesse pelas viagens de longo curso ter aumentado globalmente, o mais recente «Long-Haul Travel Barometer (LHTB)», realizado pela European Travel Commission (ETC) e Eurail BV, que analisa o interesse pelas viagens para o período de setembro-dezembro de 2022, revela que o desejo de visitar a Europa estagnou nos mercados-chave, assinalando melhorias marginais, aparecendo as questões relacionadas com a realidade financeira e o aumento do custo de vida como principais entraves.

Os dados mostram que o interesse por viagens de longo-curso, nos últimos meses de 2022 registaram uma evolução, com o Brasil a passar de um índice de 95 pontos (janeiro-abril) para 150 pontos (setembro-dezembro), Canadá a atingir os 136 pontos (aqui numa comparação homóloga entre o último trimestre de 2021 e 2022) e os EUA a passarem de 104 para 126 pontos quando comparados os primeiros três meses de 2022 (janeiro-março) com os últimos do ano (setembro-dezembro).

Contudo, o mesmo índice mostra que o aumento no interesse global pelas viagens de longo-curso não é transferido para a Europa, sendo que no caso do Brasil, a evolução é somente de seis pontos, passando de 97 para 103 pontos, o que é manifestamente inferior ao sentimento global.

No caso dos EUA, aliás, o interesse por viajar para a Europa regista uma quebra – muito devido aos receios da guerra existente na Ucrânia e às atuais incertezas económico-financeiras que impactam as carteiras dos norte-americanos -, passando de 97 pontos, no período de setembro-dezembro de 2021, para os 94 pontos neste último trimestre de 2022.

Com a crise do custo de vida prestes a ter um impacto incapacitante nos orçamentos domésticos em todo o mundo neste inverno, as finanças pessoais tornaram-se a principal razão na decisão dos inquiridos (24%) de não fazer viagens longas. Brasileiros (55%), canadianos (31%) e americanos (30%) são os mais sensíveis a questões financeiras. Além disso, as preocupações relacionadas ao Covid-19 ainda são desanimadoras para muitos, com 19% dos entrevistados afirmando que isso é um motivo para não viajar para o exterior, principalmente os da Ásia.

Para Luís Araújo, presidente da ETC, «é positivo ver uma melhoria contínua no sentimento de viagens de longa distância». Contudo, considera que este último Barómetro de Viagens de Longo-Curso reflete os «impactos negativos que o aumento do custo de vida está a causar na capacidade das pessoas de viajar internacionalmente». Assim, admite que «é provável que as finanças pessoais alterem significativamente as escolhas de viagem das pessoas nos próximos meses».

Brasileiros preferem Portugal


Entre os países analisados pelo LHTB da ETC, o Brasil é o país onde os inquiridos mais referiram Portugal como um dos destinos preferidos para uma viagem neste final de ano, aparecendo o nosso país, de resto, no topo das preferências com 41%. A análise da ETC admite até que «o interesse continue a crescer, em parte devido à melhoria da conectividade aérea entre o Brasil e as cidades europeias».

Já no caso do Canadá e EUA, Portugal também aparece entre os destinos indicados, mas numa percentagem muito menos, 11% e 6%, respetivamente. No primeiro caso, são países como França, Itália e Reino Unido que lideram as preferências, enquanto nos EUA aos três países já mencionados pelos canadianos, se junta a Alemanha.

Apesar da estratégia de zero Covid, o sentimento de viagem dos chineses para a Europa registou uma evolução positiva, passando de 94 pontos nos primeiros três meses do ano para 103 pontos para os últimos três meses de 2022, com 64% dos inquiridos a esperar visitar um destino europeu nos próximos meses. No entanto, as preocupações com a COVID-19 continuam a ser a principal barreira, com 39% dos chineses a declarar este aspeto como um motivo para não viajar em setembro-dezembro de 2022. Mais de um quarto dos entrevistados chineses (29%) acha que ainda é “muito complicado viajar” para o exterior devido à COVID-19.

Já o Japão é um mercado «mais avesso ao risco», pois o nível de sentimento para viagens ao exterior permaneceu negativo desde o início da pandemia. De todos os japoneses pesquisados, apenas 22% consideram fazer uma viagem de longa distância nos próximos meses, dos quais 13% têm a Europa em mente.

A Austrália, por sua vez, mostra que quase 60% dos australianos planeiam uma viagem de longo-curso no final de 2022, com 38% dos inquiridos a apontarem a Europa como destino provável. Independentemente da idade, aqueles que desejam visitar a Europa querem descobrir «locais e monumentos históricos, passear pelas cidades europeias, desfrutar do design urbano e da vida noturna e participar em experiências culinárias», refere a ETC.

Da Rússia, o sentimento de viagem melhora para destinos de longa distância (136p) e europeus (87p) quando comparado com o último verão. No entanto, o sentimento permanece abaixo dos níveis registados no outono nos últimos anos, refletindo a situação geopolítica e os atuais obstáculos para os russos viajarem para fora do país. Entre os inquiridos, menos de um quarto (24%) planeia viajar para a Europa em setembro-dezembro de 2022 (contra 36% em 2021). A Turquia, que manteve a conectividade aérea e suas fronteiras abertas aos cidadãos russos, é o destino mais popular entre os potenciais viajantes neste mercado (22%).

 

Por: Publituris