Prevalência passa de 4% em pessoas entre os 50 e 59 anos para 31% na população com mais de 70 anos
Mais de 25 anos após a realização do último estudo nacional que avaliou a prevalência de insuficiência cardíaca na população portuguesa, o PORTHOS (PORTuguese Heart failure Observational Study), uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Cardiologia e da AstraZeneca, em parceria com a NOVA Medical School1, veio alertar que o número dos que vivem com este problema é bastante superior ao esperado. O estudo, que vai ser apresentado no Congresso da Associação de Insuficiência Cardíaca (HFA) Europeia, que se realiza em Lisboa, de 11 a 14 de maio, na Semana Internacional da Insuficiência Cardíaca, confirma que esta é uma síndrome associada ao envelhecimento: de uma prevalência de 4% em indivíduos com 50 a 59 anos passa a 31% naqueles com mais de 70 anos.
Este estudo revela ainda dados inéditos que transformam o conhecimento sobre a síndrome. A maioria das pessoas tem um tipo de insuficiência cardíaca na qual o coração tem dificuldade em relaxar, de forma a acomodar o sangue que chega dos pulmões – denominada insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada. Este tipo é mais comum em mulheres mais idosas, particularmente com idade superior a 70 anos.2
O estudo confirma que muitos dos doentes com insuficiência cardíaca desconheciam o diagnóstico: mais de 90% dos doentes não tinham conhecimento que sofriam de insuficiência cardíaca, sobretudo as mulheres, as pessoas com mais de 70 e os doentes com a forma de insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada.
E mostra uma grande disparidade no que diz respeito à prevalência, com zonas onde esta é muito superior à média nacional, como a região do Alentejo (29,17%) ou a de Lisboa e Vale do Tejo (18,84%), que se destacam com os valores mais altos. Segue-se a zona Centro (17,90%), o Norte (12,93%) e o Algarve (6,61%), esta a região com a prevalência mais baixa.
“Este estudo mostra que estamos perante um problema de saúde pública com uma dimensão muito considerável", afirma Cristina Gavina, médica cardiologista e investigadora principal do PORTHOS. “E o mais importante aqui é a prevenção, não só dos fatores de risco que podem conduzir à insuficiência cardíaca, mas também de um diagnóstico precoce de quem já tem a síndrome e não tem, por falta de conhecimento, acesso ao tratamento.”
Rui Baptista, médico cardiologista e também investigador principal deste estudo, chama a atenção para os 17% de pessoas com mais de 50 anos que vivem com insuficiência cardíaca, “que explica porque é a insuficiência cardíaca a principal causa de internamento em pessoas com mais de 65 anos no nosso país”. É, por isso, reforça, muito importante a detecção precoce da síndrome, que “permite implementar estratégias de mudança de estilos de vida e terapêuticas, que permitem evitar a progressão da síndrome e, portanto, poderão reduzir o risco do doente ter uma primeira de descompensação que o vai levar a ser internado”.
O estudo PORTHOS, que decorreu entre dezembro de 2021 e setembro de 2023, envolvendo uma amostra de 6.189 pessoas com mais de 50 anos registadas no Serviço Nacional de Saúde em Portugal Continental, assentou num modelo inovador de investigação colaborativa, agregando uma equipa extensa de investigadores, médicos e outros profissionais de saúde das entidades parceiras que colaboraram entre si no desenho e na respetiva implementação do estudo.1,3
Sobre a insuficiência cardíaca:
A síndrome de insuficiência cardíaca é, hoje em dia, um dos problemas de saúde mais comum no mundo desenvolvido. É a principal causa de internamento hospitalar acima dos 65 anos e a sua mortalidade pode chegar aos 50% ao fim de 5 anos.4,5
Sobre a Sociedade Portuguesa de Cardiologia:
A Sociedade Portuguesa de Cardiologia é uma sociedade científica, cuja missão se centra no desenvolvimento da Cardiologia nacional de modo a promover melhorias na saúde cardiovascular da população portuguesa. Neste sentido, a sua visão centra-se na promoção da formação, da investigação e inovação, e na divulgação do conhecimento científico mais atual. Tem como pilares à sua atividade a Academia Cardiovascular na área da educação, o centro nacional de coleção de dados de cardiologia que lidera a investigação centrada nos registos das doenças cardiovasculares e a Revista Portuguesa de Cardiologia que, conjuntamente com reuniões científicas periódicas, contribui para a divulgação das melhores práticas na área. Para mais informações acerca do trabalho desenvolvido pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia visite www.spc.pt.
Sobre a AstraZeneca:
A AstraZeneca é uma companhia biofarmacêutica global orientada para a inovação, focada na investigação, no desenvolvimento e na comercialização de medicamentos para o tratamento de várias patologias, em três áreas terapêuticas principais – Oncologia, Cardiovascular & Doenças Metabólicas e Respiratória. A AstraZeneca atua também, de forma seletiva, na Autoimunidade, Neurociências e Infeção. Opera em mais de 100 países e os seus medicamentos inovadores são utilizados por milhões de pessoas a nível mundial. Para mais informações e conhecer as oportunidades na AZ Portugal visite www.astrazeneca.com e www.astrazeneca.pt.
Sobre a NOVA Medical School:
A NOVA Medical School é a Escola Médica da Universidade NOVA de Lisboa. Instituição de referência no ensino superior, conta atualmente com 1.770 alunos no Mestrado Integrado em Medicina, 102 alunos na Licenciatura em Ciências da Nutrição, 497 alunos em formação pós-graduada e um total de 858 docentes e investigadores. A formação avançada tem vindo a ganhar cada vez mais expressão e é, hoje, uma aposta da NOVA Medical School. Com uma oferta ampla e diversificada, pretende-se potenciar o conhecimento, a investigação e a partilha de conhecimento. Ao todo existem, atualmente, mais de uma dezena de cursos Pós-graduados, alguns lecionados em língua inglesa. Mais informações em www.nms.unl.pt.
Referências
1. Baptista R, Silva Cardoso J, Canhão H, Maria Rodrigues A, Kislaya I, Franco F, Bernardo F, Pimenta J, Mendes L, Gonçalves S, Teresa Timóteo A, Andrade A, Moura B, Fonseca C, Aguiar C, Brito D, Ferreira J, Filipe Azevedo L, Peres M, Santos P, Moraes Sarmento P, Cernadas R, Santos M, Fontes-Carvalho R, Campos Fernandes A, Martinho H, González-Juanatey JR, Filipe Pereira L, Gil V, Raquel Marques C, Almeida M, Pardal M, Barbosa V, Gavina C. Portuguese Heart Failure Prevalence Observational Study (PORTHOS) rationale and design - A population-based study. Rev Port Cardiol. 2023 Dec;42(12):985-995. English, Portuguese. doi: 10.1016/j.repc.2023.10.004. Epub 2023 Oct 31.
2 . American Heart Association (AHA). Ejection Fraction Heart Failure Measurement. Disponível em https://www.heart.org/en/health-topics/heart-failure/diagnosing-heart-failure/ejection-fraction-heart-failure-measurement, acedido em maio de 2024.
3. https://news.cision.com/pt/astrazeneca-portugal/r/porthos-revela-que-1-em-cada-6-portugueses-com-mais-de-50-anos-vive-com-insuficiencia-cardiaca,c638379724060000000, consultado em maio de 2024.
4. Azad N, et al. Management of chronic heart failure in the older population. J Geriatr Cardiol. 2014;11(4):329-337.
5. Jones NR et al. Eur J Heart Fail. 2019;21:1306-1325
Por. guess what