A Docapesca pretende concessionar um terreno com quase 70 mil metros quadrados na zona ribeirinha de Vila Real de Santo António a um grupo empresarial britânico, por um período de 75 anos, anunciou hoje o Governo.

 

O terreno em causa é “equivalente a mais de seis campos de futebol” e está situado na margem do rio Guadiana, entre o porto de recreio e as instalações da Docapesca, na zona da muralha norte de Vila Real de Santo António, no distrito de Faro, precisou o Ministério do Mar, que tutela a empresa que gere as áreas portuárias, em comunicado.

A intenção é “concessionar pelo prazo de 75 anos” o espaço, “na sequência da manifestação de interesse de um grupo britânico que ali pretende construir um complexo hoteleiro”, adiantou o gabinete da ministra do Mar, Ana Paula Vitorino.

“O Mount Pleasant Investments Limited, registado em Londres, pretende construir nomeadamente um complexo hoteleiro de luxo com 300 unidades, zonas de lazer, uma clínica especializada no tratamento de lesões desportivas, um parque público arborizado, comprometendo-se ainda em recuperar e requalificar as zonas envolventes, incluindo o antigo apeadeiro da REFER, a zona adjacente ao terminal de ‘ferryboats’ [que ligam Vila Real de Santo António à localidade de Ayamonte, em Espanha] e a avenida marginal”, precisou a mesma fonte.

O comunicado quantifica os montantes propostos para o negócio, referindo que o “grupo britânico propõe-se pagar inicialmente 5,6 milhões de euros, acrescidos de uma renda variável composta por 0,2% do volume de negócios e dois por cento dos montantes que vier a cobrar a terceiros e, ainda, uma renda fixa anual de 60 mil euros”.

A área em causa foi alvo de um protocolo celebrado entre a Câmara de Vila Real de Santo António e a Docapesca e que visava criar as condições para avançar com a requalificação dessa zona da frente ribeirinha.

O presidente da Câmara algarvia, Luís Gomes, disse à agência Lusa que esta é “uma grande notícia” para Vila Real de Santo António, “num momento oportuno, que é a quadra natalícia”, e pode significar a requalificação de uma zona que “está degradada” há dezenas de anos.

“A Câmara tem vindo a trabalhar com a Docapesca e com o Ministério do Mar no sentido de este investimento da requalificação da frente ribeirinha poder ser feito. A Câmara só tem de elogiar o trabalho que a Docapesca tem vindo a fazer no sentido de encontrar soluções que visem a requalificação integrada de uma zona que está completamente degradada há décadas e para cuja requalificação há décadas que se propõem coisas”, afirmou o autarca.

Luís Gomes considerou que a intenção de concessionar essa área ao grupo britânico significa que o trabalho feito para encontrar parceiros, tendo em vista a requalificação da frente ribeirinha, “pode hoje ser uma realidade e supõe investimentos bastante importantes no Algarve, mas também no país”.

O autarca frisou que podem estar em causa investimentos na “ordem dos 200 milhões de euros” e a “criação de muitos postos de trabalho”.

 

Por Lusa