“Este ano, e pela primeira vez, existem duas colónias de flamingos a nidificar em duas áreas protegidas sob a gestão do ICNF, onde se estima um valor considerável de ninhos nas duas colónias”, lê-se numa nota do instituto.
O ICNF estima que “muito em breve” nascerão os “primeiros juvenis nascidos em território português”, mas alerta para a “sensibilidade do momento”, sublinhando “a importância de não perturbar as áreas escolhidas por esta espécie para nidificar”.
Apesar de ser uma ave comum no inverno nas zonas húmidas litorais desde o estuário do Tejo até ao Algarve, só tinham sido registadas tentativas de nidificação em 2010, e, antes disso, na década de 1980, ambas na região algarvia, mas sem sucesso.
Segundo o ICNF, nos últimos anos, a população de flamingos tem vindo a aumentar no país, mesmo em zonas húmidas onde antes era pouco observada, no entanto, a espécie continuava sem nidificar em Portugal, por razões científicas desconhecidas.
A diminuição da atividade humana devida às restrições impostas pela pandemia de covid-19, aliada ao aumento das áreas de alimentação e repouso da espécie em Portugal - constatada por vigilantes da natureza e técnicos do Centro de Estudos de Migrações e Proteção de Aves do ICNF –, podem ter contribuído para facilitar a sua reprodução.
“Para além das razões identificadas, é do conhecimento da comunidade científica que os locais onde os flamingos (Phoenicopterus roseus) se reproduzem estão a sentir os efeitos da seca, desde há vários anos”, a que se somam outros riscos, como os incêndios florestais, ou a contaminação de aquíferos, refere o INCF.
Sem as condições ecológicas reunidas, “os flamingos não têm espaço para se reproduzirem pelo que procuram outros locais que lhes permitam alimentar-se, nidificar e reproduzir-se, como sucede em Portugal, onde existem áreas ricas em alimento”, conclui.
O Dia Internacional da Biodiversidade celebra-se hoje sob o mote “Somos parte da solução”.