Não há boas notícias para as famílias que têm crédito habitação de taxa variável. A taxa diária da Euribor a 12 meses já está acima de 4% e as taxas com os prazos mais curtos (3 e 6 meses) também estão a aproximar-se deste patamar. E como o Banco Central Europeu (BCE) já anunciou que vai continuar a apertar a sua política monetária, espera-se que as taxas Euribor continuem a escalar. Foi isso mesmo que disse Mário Centeno, governador do Banco de Portugal (BdP), apontando que as Euribor vão continuar a subir até setembro (12 meses) e novembro (3 e 6 meses), antecipando que a partir destas datas comecem a cair lentamente. Também os juros nos depósitos têm margem para subir.
"Esta trajetória vai continuar em alta", referiu o governador do BdP no programa Grande Entrevista, hoje na RTP3, precisando que a Euribor a 12 meses - cuja taxa diária está já acima de 4% - vai "continuar a subir até setembro deste ano" e a Euribor a 3 e 6 meses até novembro.
Algum alívio com as prestações do crédito à habitação fica, assim, adiado para o final do ano, com Mário Centeno a referir que "os futuros indicam que a partir destas datas, setembro para 12 meses e novembro para 3 e 6 meses, as taxas vão começar a cair, lentamente".
Esta entrevista acontece no mesmo dia em que em Sintra, num debate no Fórum do Banco Central Europeu (BCE), os governadores dos bancos centrais europeu, inglês, japonês e o presidente da Fed, dos EUA, alertaram para a persistência da inflação, dando indicação de potenciais novas subidas das taxas de juro diretoras.
“Ainda não assistimos ao impacto total dos aumentos acumulados das taxas de juro decididos desde julho passado – que ascendem a 400 pontos base. Porém, o nosso trabalho ainda não terminou”, referiu a líder do BCE em Sintra. “Exceto se ocorrer uma alteração substancial das perspetivas de inflação, [o BCE continuará] a aumentar as taxas em julho”, frisou Christine Lagarde.
Juros dos depósitos vão continuar a subir, garante Centeno
Também os juros dos depósitos deverão continuar a subir nos próximos tempos. Na mesma entrevista, o governador do BdP mostrou-se convicto de "que as taxas de juros dos depósitos vão continuar a subir nos próximos tempos", havendo "margem para isso acontecer e deve acontecer".
Mário Centeno recusou, contudo, a tese de que os bancos portugueses estão a ser muito lentos a subir a taxa de juro que oferecem pelos depósitos, referindo que a remuneração dos juros dos depósitos já aumentou 91%.
O supervisor do sistema bancário referiu ainda, a propósito das comparações com outros países europeus sobre as taxas de juro dos depósitos, que quando as taxas de juro estiveram negativas para os créditos, em Portugal as dos depósitos nunca foram negativas, ao contrário do que sucedeu noutros países europeus.
Essa situação, disse, fez com que os bancos portugueses tivessem registado, durante a era dos juros negativos, as margens financeiras mais baixas – o que se deveu ao facto de por cá a maioria dos créditos estar indexado a taxa variável.
Durante a entrevista, Mário Centeno disse ainda que o processo de apoios à banca visou sempre e teve sempre por objetivo principal proteger as poupanças dos cidadãos e a confiança
Por: idealistalusa