A Unidade Local de Saúde do Algarve (ULSALG) afirmou hoje que as comissões que conduziram os inquéritos no caso de alegadas más práticas por cirurgiões no hospital de Faro, em 2023, concluíram que não houve erros.

Em comunicado, a unidade adianta que os relatórios da auditoria clínica da comissão técnico-científica independente de peritos da Ordem dos Médicos e, ainda, o parecer técnico-científico emitido pela direção do colégio da especialidade da Cirurgia Geral concluem, ambos, pela “inexistência dos alegados erros”.

Os inquéritos clínicos foram instaurados após a denúncia de uma médica, em abril de 2023, de que teria havido negligência e violação da ‘leges artis’ num conjunto de doentes tratados no serviço de Cirurgia Geral da unidade de Faro, entre janeiro e março do ano passado.

A ULSALG afirma, ainda, “manter toda a confiança” nos cirurgiões visados na denúncia, sublinhando que não tem conhecimento de “uma qualquer decisão condenatória, seja disciplinar, seja de outra índole”.

Na segunda-feira, fonte da Inspeção-Geral das Atividades em saúde (IGAS) disse à Lusa que foram detetados indícios de responsabilidade disciplinar em alguns dos casos denunciados por alegada má prática no serviço de Cirurgia daquele hospital.

“Foi concluído o processo de inquérito […], tendo sido apurados indícios de responsabilidade disciplinar em alguns casos do conjunto dos participados, dos quais emergem factos fundamentadores da instauração de processos disciplinares a alguns dos profissionais intervenientes, na assistência médica em causa”, lê-se na nota enviada à Lusa pela IGAS.

Sublinhando que deve prevalecer a presunção de inocência dos visados e evitar-se fazer “julgamentos precipitados”, a ULSALG afirmou reservar-se “o direito de lançar mão de todos os mecanismos legais para que, no momento certo, seja reposto o bom nome, a reputação e, o crédito desta entidade”, extraindo “as consequências a quem poderá ter feito acusações improcedentes”.

Diana Pereira reportou vários casos de alegado “erro/negligência” na Cirurgia do hospital de Faro, ocorridos entre janeiro e março de 2023, sendo que, segundo a médica, dos 11 casos reportados, três doentes morreram, dois encontravam-se na altura internados nos cuidados intermédios e os restantes tiveram lesões corporais associadas aos alegados erros médicos.

Na sequência das denúncias, em junho do ano passado, a Ordem dos Médicos (OM) suspendeu preventivamente e por seis meses dois cirurgiões da unidade, medida tornada pública através de um edital do Conselho Disciplinar da Região Sul da OM, e que abrangia o diretor do serviço e outro cirurgião do hospital algarvio.

Estas denúncias levaram também o Ministério Público a instaurar um inquérito.

 

Lusa