Pelo segundo mês consecutivo, os juros passaram a representar mais de metade do valor da prestação da casa, aponta INE.

A maioria dos créditos habitação em Portugal são de taxa variável, motivo pelo qual os juros e a prestações da casa têm sido atualizados consoante o prazo da Euribor contratado (a 3,6 ou 12 meses). E não param de aumentar. O Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou esta quarta-feira que a taxa de juro implícita no conjunto de empréstimos habitação foi de 3,649% em junho, o valor mais elevado desde abril de 2009. E, por conseguinte, a prestação da casa voltou a subir para 361 euros, em média, sendo que mais de metade deste valor serve para pagar juros.

“A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação foi 3,649% em junho, o valor mais elevado desde abril de 2009, traduzindo uma subida de 25,1 pontos base (p.b.) face a maio (3,398%)”, começa por explicar o INE. De notar ainda que para o destino de financiamento aquisição de habitação - o “mais relevante” no conjunto do crédito habitação - a taxa de juro implícita para o total dos contratos subiu para 3,631% (+24,8 p.b. face a maio), explica no boletim publicado esta quarta-feira, dia 19 de julho.

Com a subida dos juros, as prestações da casa também voltaram a ficar mais caras em junho. Olhando para a totalidade dos contratos, o valor médio da prestação mensal fixou-se em 361 euros em junho, mais 9 euros do que em maio. E subiu ainda 100 euros face a junho de 2022 (aumento de 38,3%).

O que também é bem notório é que os juros representam mais de metade da prestação da casa há dois meses seguidos. Dos 361 euros de prestação, 192 euros (53%) correspondem a pagamento de juros e 169 euros (47%) a capital amortizado. Esta realidade contrasta com a desagregação da prestação da casa observada há um ano, quando os juros representavam apenas 16% do valor médio da prestação (261 euros). Isto quer dizer que o peso dos juros na prestação da casa mais do que triplicou num ano.

Com a menor amortização de capital nas prestações (entre outros fatores), o capital médio em dívida para a totalidade dos contratos de crédito habitação subiu 127 euros em junho face ao mês anterior, fixando-se em 63.296 euros.

Juros nos 4% e prestações nos 600 euros para contratos celebrados desde abril

Nos créditos habitação mais recentes, a realidade agrava-se – e muito. Os juros disparam para os 4% e as prestações da casa sobem para os 600 euros, dado o agravamento do custo do financiamento bancário nos últimos meses.

“Nos contratos celebrados nos últimos três meses, a taxa de juro subiu de 3,882% em maio para 4,132% em junho, atingindo o valor mais elevado desde maio de 2012”, explica o instituto. E nos contratos celebrados nos últimos três meses para aquisição de habitação, a taxa de juro subiu 25,2 p.b. face ao mês anterior, fixando-se em 4,123%.

Nestes empréstimos da casa assinados entre abril e junho, o valor médio da prestação subiu 18 euros face ao mês anterior, para 609 euros em junho (aumento de 48,9% face ao mesmo mês do ano anterior).

Por outro lado, a subida dos juros a dificultou o acesso ao crédito habitação, havendo famílias a comprar casas mais baratas e a pedir menos capital emprestado, tal como noticiou o idealista/news. Isto pode ajudar a explicar o facto de os contratos assinados nos últimos três meses terem um montante médio em dívida foi de 122.570 euros em junho, menos 1.495 euros que em maio.

 

Por: Idealista