O economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, tem-se mostrado favorável à continuidade do aumento dos juros diretores se as projeções macroeconómicas do regulador europeu sobre a inflação e crescimento económico se mantiverem. Mas sublinhou a importância de investigar o estado dos empréstimos bancários e das condições de financiamento das empresas, para avaliar o impacto da recente turbulência financeira.
"Se persistir o cenário básico subjacente às projeções macroeconómicas de março calculadas pelos especialistas do BCE, será apropriado aumentar ainda mais as taxas de juro", disse Philip Lane durante o seu discurso em Dublin.
O economista-chefe do BCE explicou porque é que é favorável a um novo aumento dos juros diretores em maio, taxas essas que já subiram 350 pontos desde julho até agora. Portanto, segundo Philip Lane, o aperto substancial da política monetária na Zona Euro visa garantir que a inflação volte à meta de 2% o quanto antes, assegurando que as pressões sobre os preços diminuem através da redução da procura.
Uma forma de conter a procura é precisamente aumentando os custos de financiamento que as empresas têm de enfrentar, lembra o especialista. E acrescenta ainda que a diminuição da procura através de uma política monetária mais restritiva também dá sinais de que os aumentos excessivos de preços e salários "não serão sustentáveis".
Investimento imobiliário comercial e residencial deverá ser afetado
Por outro lado, Philip Lane acredita que o endurecimento das condições financeiras e dos requisitos de concessão de crédito pesem mais sobre o investimento residencial e comercial nos próximos trimestres. Isto porque os bancos já haviam alertado para mais restrições ao financiamento antes das recentes turbulências financeiras.
Por isso mesmo, no médio prazo, o investimento em imobiliário comercial deverá ser particularmente afetado pelas condições de crédito mais restritivas. Ao mesmo tempo, a projeção de forte abrandamento da evolução dos preços das casas deverá reduzir o investimento residencial.
Sobre este ponto, o economista-chefe do BCE irlandês sublinhou que o inquérito aos empréstimos bancários de abril "terá um contributo importante" para a reunião do Conselho de Governadores do BCE agendado para maio, já que ajudará a avaliar os efeitos indirectos na oferta e procura de crédito na área do euro, que o colapso dos bancos nos Estados Unidos e a turbulência financeira sentida na Suíça possa ter originado.
Por: Idealista