Liderado por investigadores da Universidade do Algarve (UAlg) e do Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR), este estudo revela que a exposição a nanoplásticos desencadeia respostas adversas nas células da pele de peixes e de seres humanos,

enfatizando a necessidade de implementar medidas para controlar os níveis de plásticos no ambiente.

A produção global de plástico tem vindo a crescer drasticamente nas últimas décadas, acentuando a poluição por plástico em todo o mundo. Os efeitos nocivos do plástico para o meio ambiente são já bem conhecidos, mas ainda sabemos pouco sobre os seus efeitos a nível dos organismos e da saúde humana.

Um dos maiores problemas deste tipo de poluição é o facto de plásticos se partirem em partículas cada vez mais pequenas ao longo do seu tempo de vida. As nanopartículas de plástico, não visíveis a olho nu por serem centenas de vezes mais pequenas que um milímetro, encontram-se atualmente em todos os ecossistemas do mundo.

Devido à sua minúscula dimensão, estes nanoplásticos são absorvidos pelos organismos vivos nos alimentos e na água que ingerem, através do ar que respiram e até através do contacto com a pele. 

Devido à crescente presença de nanoplásticos no ambiente, e ao contacto continuado que os animais marinhos e terrestres têm com os mesmos, é urgente compreender como os nanoplásticos interagem com a pele, a qual constitui um dos primeiros pontos de contacto com os plásticos No contexto do projeto PLASTIFISH, um projeto internacional com Macau, China, uma equipa de investigadores do Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR) e da Universidade do Algarve foi pioneira ao liderar um estudo sobre os efeitos da absorção de nanoplásticos por células da pele de peixes-zebra e de seres humanos, publicado na revista Science of The Total Environment. 

Neste estudo, os investigadores desenvolveram uma abordagem inovadora in vitro para estudar os efeitos da absorção de nanoplásticos nas principais células que compõe a derme, designadas por fibroblastos.  Maoxiao Peng, investigador do CCMAR e da UAlg, explica que “esta nova abordagem permite a utilização de linhas celulares da pele em ambiente laboratorial para recolher informação consistente e robusta sobre os efeitos dos nanoplásticos, o que a torna mais ética e mais rápida porque evita a utilização de animais para o mesmo efeito”.   

Com esta nova abordagem, a equipa de investigação revelou que os nanoplásticos desencadeiam diferentes respostas fisiológicas nos vários tipos de células de fibroblastos que foram estudados, acumulando-se de forma consistente em redor do núcleo e das membranas das células. Segundo a investigadora do CCMAR e da UAlg, Rute Félix, “conseguimos verificar que os efeitos negativos nas células da pele variam conforme as características dos nanoplásticos, tais como o seu tamanho e a concentração. Estes resultados sugerem que os nanoplásticos podem comprometer a saúde da pele.”  

Deborah Power, investigadora do CCMAR e docente da UAlg, realça que “este estudo abre caminho para uma melhor avaliação dos riscos e efeitos dos nanoplásticos a nível biológico e ecossistémico, e salienta a necessidade urgente de implementarmos medidas para reduzir a presença de plásticos no ambiente que nos rodeia, dado o seu potencial para afetar a saúde humana e o biossistema em geral”. 

O estudo pode ser consultado aqui

 

UAlg