Artigo de Serafim Guimarães, Nefrologista, Direção da ANADIAL

O transplante é, de entre as possibilidades de substituição da função renal, a melhor alternativa ao tratamento da Doença Renal Crónica (DRC). Consiste em colher um rim de um dador (vivo ou cadáver) e implantá-lo num doente dependente de diálise.

O rim é colocado na virilha do receptor, sendo a artéria e a veia renal ligadas aos vasos ilíacos. O ureter (por onde sairá a urina) é ligado à bexiga, permitindo uma micção normal. Na maior parte dos casos não é necessário fazer a nefrectomia dos rins nativos (retirá-los), mas nos casos em que o é, o procedimento não é feito no mesmo momento.

De acordo com a lei portuguesa, todos somos candidatos a ser dadores em caso de morte se, em vida, não tivermos manifestado o nosso desejo de ser Não Dadores. Quem o quiser fazer deve estar inscrito no RENNDA (Registo Nacional de Não Dadores).

Antes da colheita, a morte cerebral de um potencial dador de órgãos é verificada por médicos especialistas devidamente certificados e sem qualquer relação com a equipa que vai fazer o transplante.

É necessária uma compatibilidade mínima entre o tipo de sangue entre dador e receptor. No entanto, com o advento dos novos medicamentos imunossupressores, a compatibilidade entre dador e receptor pode ser menor, o que aumenta a probabilidade de um doente em diálise ser transplantado.

Antigamente, os transplantes renais em Portugal eram quase todos de rim de cadáver, mas está provado que, se se for saudável, dar um rim não é prejudicial à saúde. Ultimamente, o transplante de dador vivo tem vindo a crescer. Para tal também contribuiu uma alteração da lei portuguesa que alargou a possibilidade de ser dador a pessoas não relacionadas (até 2007 apenas familiares do primeiro grau o podiam ser). Desde então, puderam ser dadores os cônjuges, amigos ou outros familiares que não os pais, filhos ou irmãos.

Esta alteração da lei também abriu a possibilidade de transplante cruzado: o dador A (próximo do doente A), que é mais compatível com o doente B e o dador B (próximo do doente B), mais compatível com o doente A cruzam as suas dádivas. Ambos os doentes são transplantados, mesmo que no seu círculo próximo não tenham ninguém compatível.

Mas a mais extraordinária dádiva é a chamada dádiva altruísta: uma pessoa dá um rim sem saber a quem. Haverá um doente que beneficiará de um transplante renal, mesmo que não tenha nenhum dador próximo.

Para aumentar o conhecimento e compreensão sobre a doença renal crónica, a ANADIAL está a promover a campanha nacional: “A Vitória Contra a Doença Renal começa na Prevenção”. Informações adicionais: www.anadial.pt

Por Miligrama