Taxas de juro médias nos créditos habitação atingiram os 4,433% em outubro, o valor mais elevado desde março de 2009, diz INE.

Os créditos habitação em Portugal estão cada vez mais caros, devido à subida constante das taxas de juro, uma evolução motivada pela política monetária restritiva do Banco Central Europeu (BCE). E não há sinais de melhoria: as taxas de juro nos empréstimos habitação atingiram os 4,433% em outubro, o valor mais elevado desde março de 2009. E a prestação da casa atingiu o custo médio de 392 euros no mês passado, o maior valor deste que há registos contabilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

“A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito habitação foi 4,433% em outubro, o valor mais elevado desde março de 2009, traduzindo uma subida de 16,3 pontos base (p.b.) face a setembro (4,270%)”, destaca o INE na nota publicada esta sexta-feira, dia 17 de novembro. “Note-se que, pelo quinto mês consecutivo, os aumentos da taxa de juro implícita têm vindo a ser progressivamente menos intensos”, frisa o gabinete.

Também para o destino de financiamento aquisição de habitação, “o mais relevante no conjunto do crédito habitação”, a taxa de juro subiu para o total dos contratos: de 4,247% em setembro para 4,408% em outubro (+16,1 p.b.).

 

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Prestação da casa sobe mais de 40% num ano

Esta subida dos juros nos créditos habitação em Portugal reflete-se diretamente nas prestações da casa – caso se trate de empréstimos a taxa variável ou a taxa mista em período variável. O INE revela agora que, considerando a totalidade dos contratos, o valor médio da prestação da casa fixou-se em 392 euros em outubro, o valor máximo desde o início da série (janeiro de 2009). Face a setembro, este valor subiu 6 euros, traduzindo-se num aumento mensal de 1,6%.

Esta prestação da casa é também superior à verificada há um ano, em outubro de 2022, quando registou 279 euros. Isto quer dizer que a prestação subiu 113 euros num ano (aumento de 40,5%). Mas, “pela primeira vez nos últimos 12 meses, registou-se uma redução da taxa de variação homóloga do valor médio da prestação face à observada no mês anterior (41,9%)”, destaca o gabinete de estatística português. Não nos esqueçamos que já no final de 2022 as prestações já estavam a subir a pique por via do reflexo do crescimento dos juros.

Em outubro de 2023, a maioria do valor da prestação média da casa assegurava o pagamento dos juros, mas há um ano a percentagem era bem menor:

Juros: 60% correspondem a pagamento de juros na prestação (234 euros). Em outubro de 2022, a componente de juros representava apenas 25% do valor médio da prestação;

Capital amortizado: representa 40% da prestação, cerca de 158 euros. Há um ano, era a grande maioria,

O capital médio em dívida para a totalidade dos créditos habitação aumentou 224 euros em outubro face ao mês anterior, para 64.186 euros. Este aumento é explicado, em parte, pelo aumento do peso dos juros nas prestações da casa.

 

Créditos habitação contratados desde agosto pagam prestações acima dos 640 euros

Tendo em conta os contratos celebrados entre agosto de outubro, verifica-se que tanto a taxa de juro, como a prestação da casa são bem superiores face ao universo total dos contratos. E o montante médio em dívida é quase o dobro.

“Nos contratos celebrados nos últimos três meses, a taxa de juro subiu de 4,366% em setembro para 4,380% em outubro, atingindo o valor mais elevado desde abril de 2012”, explicam desde o INE, destacando ainda que para o destino de financiamento aquisição de habitação, a taxa de juro subiu 1,3 p.b. face ao mês anterior, fixando-se em 4,364%.

Claro está, que com juros mais elevados e estando no início do contrato, as prestações da casa também são mais elevadas. Nos créditos habitação assinados entre agosto e outubro, o valor médio da prestação da casa subiu 16 euros face ao mês anterior, para 644 euros em outubro. Comparando com os dados apurados há um ano, a prestação da casa subiu 31,7%.

De notar também que, nestes contratos mais recentes, o montante médio em dívida foi de 125.103 euros, mais 1.711 euros que em setembro. Face à totalidade dos contratos de crédito habitação, este valor médio da é quase o dobro.

 

 

Por: Idealista