Com a subida abrupta dos juros, o baixo poder de compra e os preços das casas a aumentar (ainda que a menor ritmo), a procura de crédito habitação em Portugal tem vindo a cair. E esta tendência vai continuar no terceiro trimestre de 2023, apesar de os bancos estarem a tornar as condições dos empréstimos mais atrativas, mediante a descida do spread nos créditos de risco médio.
Quanto à procura de empréstimos por parte das famílias, o Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito de julho de 2023 não deixa margem para dúvidas: registou-se no segundo trimestre de 2023 uma “diminuição da procura, sobretudo para aquisição de habitação”, uma tendência já observada nos meses anteriores, lê-se no documento publicado esta terça-feira, dia 25 de julho, pelo Banco de Portugal (BdP).
Há vários fatores que explicam a queda da procura de crédito habitação, segundo explica o documento:
as perspetivas para o mercado da habitação, incluindo a evolução esperada dos preços da habitação (que continuam a subir, embora a menor velocidade);
a confiança dos consumidores;
nível geral das taxas de juro (que estão já em patamares de 2009).
E para o futuro, a expectativa dos bancos é que a tendência continue esperando-se uma “ligeira diminuição da procura de crédito no terceiro trimestre”, como é o caso do crédito habitação.
Note-se que além das prestações da casa estarem mais elevadas por via dos juros, tem havido travões no acesso ao crédito habitação dada as altas taxas de esforço das famílias. Por isso mesmo, a vice-presidente do BdP, Clara Raposo, já admitiu que o regulador quer rever o cálculo da taxa de esforço utilizada no acesso aos créditos de taxa variável e mista, diminuindo o atual teste de stress que está nos 3%.
Spread tem diminuído para créditos habitação de risco médio
Com a clara queda da procura de empréstimos para comprar casa, os bancos têm encontrado formas de atrair as famílias. E uma delas é por via da redução do spread (a margem de lucro do banco).
“No crédito a particulares para aquisição de habitação, houve uma diminuição do spread em empréstimos de risco médio”, indicam as conclusões do inquérito. E esta tendência surge por via das “pressões da concorrência”.
Já nos empréstimos habitação de maior risco, os bancos optaram por subir ligeiramente o spread. “A perceção de riscos contribuiu ligeiramente para o aumento dos spreads em empréstimos de maior risco”, explicam.
No terceiro trimestre do ano, não são esperadas alterações na oferta de crédito habitação em Portugal.
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Por: Idealista