Em 2023, os orçamentos das famílias vão continuar pressionados pela subida da inflação. E também terão de encaixar nas contas a subida do preço da luz. Isto porque a ERSE - Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos apresentou esta segunda-feira, dia 17 de outubro, uma proposta de aumento no preço da eletricidade para o mercado regulado de 2,8%, que irá entrar em vigor já a partir de 1 de janeiro de 2023. Já a tarifa de acesso às redes deverá cair no próximo ano, contribuindo para uma diminuição de cerca de 80% na fatura final da luz dos consumidores domésticos.
Para as 925 mil famílias que permanecerem no mercado regulado em 2023, a variação média anual das tarifas transitórias de Venda a Clientes Finais em Baixa Tensão Normal (BTN) será de 2,8%, revela a ERSE em comunicado. E o mesmo se aplica a quem tenha optado por tarifas equiparadas no mercado livre.
E como é que a foi calculado o aumento do preço da luz para o próximo ano? A ERSE refere que «a variação anual apresentada é relativa ao preço médio do ano 2022, que integra as atualizações da tarifa de energia em abril e outubro de 2022, bem como a fixação excecional de tarifas em julho de 2022».
Tendo em conta estas alterações numa perspetiva mensal, a ERSE afirma que em janeiro de 2023 as famílias em mercado regulado de energia registarão um aumento médio de preços de 1,1% em relação aos valores em vigor em dezembro de 2022.
Para explicar como é que o aumento médio de 1,1% dos preços da eletricidade impacta os orçamentos familiares, a ERSE desenhou dois exemplos:
- Casal sem filhos (potência 3,45 kVA [kilovoltampere], consumo 1.900 kWh/ano) irá pagar em média a partir de janeiro mais 0,40 euros/mês (38,63 euros em janeiro de 2023);
- Casal com dois filhos (potência 6,9 kVA, consumo 5.000 kWh/ano) vai pagar uma fatura da eletricidade 1,04 euros mais cara (96,01 euros) por mês.
De notar que «os consumidores com tarifa social beneficiarão de um desconto de 33,8% sobre as tarifas de Venda a Clientes Finais, de acordo com o estabelecido por despacho do Governo responsável pela área da energia», sublinha a ERSE.
Tarifa de acesso às redes cai e reduz fatura da luz em 2023
As tarifas de acesso às redes fazem parte da fatura da luz, sendo pagas por todos os consumidores pela utilização das infraestruturas de redes. Em 2023, segundo a ERSE, «as tarifas de acesso às redes observam reduções significativas, passando o seu valor a ser negativo para os consumidores em todos os níveis de tensão». A variação entre janeiro de 2023 e dezembro deste ano pode chegar, em determinados casos, a -700%.
Mas porque é que a tarifa de acesso às redes vai cair? «A redução da tarifa de acesso às redes é o resultado de um decréscimo acentuado na tarifa de Uso Global do Sistema, justificado pela diminuição dos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG), que se traduzem em 2023 num benefício para o Sistema Elétrico Nacional superior ao benefício de 2022», justifica a ERSE na mesma publicação.
E, como entra na conta da luz, «esta redução da tarifa de acesso às redes contribui para uma diminuição de cerca de 35% na fatura final dos consumidores industriais e de cerca de 80%, na fatura final dos consumidores domésticos, aliviando assim a pressão dos aumentos dos preços de energia registados no mercado grossista nos preços finais pagos pelos clientes, tanto no mercado regulado como no mercado liberalizado», sublinha ainda a reguladora de energia.
«Recorde-se que o impacte nos consumidores em mercado liberalizado depende das tarifas de acesso às redes, mas também da componente de energia adquirida por cada comercializador», referiu.
Além de reduzir a conta da eletricidade, esta descida da tarifa de acesso às redes ajuda a garantir a «sustentabilidade económica do SEN [Sistema Elétrico Nacional], reduzindo-se significativamente o valor da dívida tarifária em 830 milhões de euros, para um valor, no final de 2023, de 878,9 milhões de euros», explicam.
As tarifas de acesso às redes são fixadas pela ERSE para vigorarem entre 1 de janeiro e 31 de dezembro, levando a que os comercializadores revejam normalmente os seus tarifários no mês de janeiro de cada ano.
Por: Idealista