Quem quer comprar casa com financiamento bancário está a adaptar o crédito habitação ao atual contexto económico instável marcado pela subida abrupta dos juros. As taxas mistas estão a ganhar adeptos desde o final do ano passado, uma vez que transmite maior estabilidade nas prestações da casa nos primeiros anos do empréstimo. E, dada a alta procura, há bancos que já estão a criar ofertas de taxa mista mais apetecíveis às famílias, como é o caso da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Explicamos tudo na rubrica Crédito Habitação do mês de julho.
Os créditos habitação contratados a taxa mista – que combina uma taxa de juro fixa durante os primeiros anos e uma taxa variável para o restante prazo - apresentou um “crescimento significativo durante 2022”, concluiu o idealista/créditohabitação no seu relatório trimestral publicado esta semana. E a adesão a este tipo de taxa aumentou tanto que alcançou 25% do total de créditos habitação formalizados no segundo trimestre de 2023 (um ano antes foi de apenas 12%).
Em contrapartida, as taxas variáveis – que estão indexadas à Euribor e refletem as suas oscilações dos juros a 3,6 ou 12 meses – têm vindo a perder peso no crédito habitação, tendo representando 61% dos empréstimos intermediados entre abril e junho de 2023, contra 72% no mesmo período do ano anterior. Ainda assim, apesar dos tempos voláteis, a taxa variável continua a ser a mais contratada pelos portugueses.
Bancos adaptam oferta de crédito habitação de taxa mista
O que é bem visível é que as famílias estão a adaptar as suas escolhas ao atual contexto, estando a taxa mista a ganhar mais adeptos. Para ir ao encontro da procura, já há bancos a adaptar a oferta de crédito habitação de taxa mista, tornando-a mais atrativa aos olhos das famílias. Este é o caso da CGD.
O banco público português criou, em concreto, uma oferta de crédito habitação a taxa mista a 2 anos que é inferior à taxa inicial que um cliente poderia pagar com empréstimo a taxa variável (spread + Euribor). A oferta de taxa mista a 2 anos é de 3,75%, sendo que depois passa a taxa variável no resto do prazo de pagamento do contrato. Já se a família optasse logo por uma taxa variável pagaria entre 4,4% e 4,9% nos primeiros 24 meses, considerando a Euribor de 3 a 12 meses de junho, somada a um spread de 0,9%.
Esta oferta de taxa mista a 3,75% nos primeiros dois anos do contrato está disponível para financiamentos até 90% do valor de aquisição ou 85% do valor da avaliação para compra de habitação própria e permanente. O prazo do contrato possível é de até 40 anos e o limite de idade até 75 anos, de acordo com os novos limites colocados pelo Banco de Portugal (BdP).
Depois dos dois anos de fixação de taxa, o empréstimo passa a estar indexado à Euribor com spread desde 0,9% (com bonificação máxima). E a TAEG deste crédito habitação é desde 5,30% (também considerando a bonificação máxima).
Esta é uma estratégia adotada pelos bancos para atrair mais famílias, num momento em que o montante financiado pelos bancos tende a descer devido aos altos custos dos empréstimos da casa. Além disso, também têm optado por reduzir os spreads dos créditos habitação de taxa variável, o que também ajuda a que o empréstimo seja aprovado. “Nos empréstimos à habitação, o custo de financiamento e as pressões concorrenciais contribuíram ligeiramente para reduzir os spreads em empréstimos de risco médio”, tal como explicou o Banco de Portugal no mais recente inquérito aos bancos.
Por: idealista