Especialista da Engel & Völkers explica, em entrevista, como mexe o mercado residencial de luxo da Comporta à Quinta do Lago.

O verão convida a visitar belas praias e a mergulhar no mar. E muitos escolhem a costa alentejana e algarvia para o fazer, onde o turismo é bem forte nesta época. Há, também, famílias com poder de compra para avançar com a compra de uma casa de luxo no Algarve ou no Alentejo, onde podem passar a desfrutar da qualidade de vida e da proximidade com o mar todo o ano. Nestes destinos, a procura de casas luxuosas tem estado firme, mas o “ciclo de negócio está mais demorado”, com as famílias a levarem mais tempo a avançar com a compra da casa. Este é um dos efeitos “da subida dos juros e das dificuldades no acesso ao crédito habitação”, diz Margarita Oltra, Regional Manager da Engel & Völkers, em entrevista ao idealista/news.

Vêm de todo o mundo à procura de “qualidade e estilo de vida” que os principais destinos turísticos de luxo do Algarve e do Alentejo oferecem. Isto porque são, sobretudo, os estrangeiros que mais compram casas nestes destinos, com jardim, terraço, piscina e bem perto do mar. E, por norma, estas habitações “destinam-se a casas de férias ou para investimento, dado serem zonas sazonais, cuja procura é muito mais acentuada no verão”, indica ainda Margarita Oltra, revelando que há cada vez mais “procura de famílias mais jovens”.

A procura de casas de luxo desde a Comporta à Quinta do Lago permanece bem sólida em 2023. Mas verifica-se, a nível nacional, “um aumento de cerca de um mês e meio na tomada de decisão da parte de potenciais compradores, além de um ciclo de negócio mais demorado, que se deve sobretudo à subida dos juros e à maior dificuldade de acesso ao crédito habitação”, refere a especialista. Ainda assim, a procura de casas de luxo para férias ou investimento continua a ser bem superior à oferta existente, o que, conjugado com a inflação, tem impulsionado a subida dos preços das habitações.

O que é certo é que mercado residencial de luxo no Algarve e no Alentejo continua a mexer – e muito -, tal como partilha Margarita Oltra, Regional Manager da Engel & Völkers, em entrevista ao idealista/news para ler em seguida.

O que procuram estas famílias que compram casa nos principais destinos do Algarve (como Vilamoura, Quinta do Lago, Lagos e Albufeira) e do Alentejo (Comporta e Melides), onde o turismo é forte, sobretudo, no verão? Procuram mais tranquilidade, proximidade ao mar, qualidade de vida …? Quais são os destinos mais escolhidos?

As famílias procuram, sobretudo, a qualidade e o estilo de vida, quando nos referimos a essas regiões. Quanto ao tipo de propriedades, na região do Algarve e do Alentejo, a procura foca-se sobretudo em moradias com dois a quatro quartos com grandes áreas externas, como terraços, jardins, por norma com piscina e uma localização próxima do mar.

Relativamente à zona litoral do Alentejo, verificou-se um aumento do número de vendas dos empreendimentos residenciais nas freguesias da Comporta e de Melides e um aumento do interesse. No Algarve, regista-se um contínuo crescimento da procura, sobretudo na zona Este. Segundo os dados do Market Report, as regiões que tiveram um maior aumento na procura foram a Quinta do Lago e a Comporta.

"As regiões que tiveram um maior aumento na procura [de casas de luxo] foram a Quinta do Lago e a Comporta"

Em 2023, registaram-se níveis de compra e venda em Portugal inferiores aos registados nos últimos anos. Como foi a evolução da compra de habitações de luxo na região do Algarve e no Alentejo? O que está por detrás deste comportamento do mercado?

Durante o primeiro semestre de 2023, observou-se a nível nacional um abrandamento na procura e um aumento de cerca de um mês e meio na tomada de decisão da parte de potenciais compradores, além de um ciclo de negócio mais demorado, que se deve, sobretudo, à subida dos juros e à maior dificuldade de acesso ao crédito habitação.

 

Quem é que procura mais habitações de luxo para comprar nos principais territórios do Algarve e do Alentejo? Qual é o seu perfil? Compram mais estrangeiros ou portugueses? De que nacionalidades?

Em ambas as regiões, no que diz respeito às transações efetuadas pela Engel & Völkers, predomina o investimento estrangeiro. No Algarve, os ingleses continuam a liderar de uma forma geral a região, e, atualmente, seguem-se os alemães e os franceses. Relativamente à Comporta, os compradores internacionais representam 60% do total de transações e a região é procurada maioritariamente por alemães, suíços, britânicos e belgas. O perfil é muito variado, mas cada vez temos procura de famílias mais jovens.

Qual é o principal destino que os compradores dão às habitações no Algarve e no Alentejo (primeira habitação, casas de férias, para investimento)? O que justifica esta escolha?

Estas habitações, por norma, destinam-se a casas de férias ou para investimento, dado serem zonas sazonais, cuja procura é muito mais acentuada no verão.

"No litoral alentejano, é expectável algum aumento da construção de novo produto residencial nos próximos 12 meses"

Como tem evoluído a oferta de casas para comprar nestes destinos turísticos do Algarve e do Alentejo (novas e usadas)? Há novos projetos residenciais a surgir para o mercado de luxo?

No caso do litoral alentejano, especificamente na Comporta, a oferta de produto residencial novo situa-se atualmente nos 5% do total da oferta, não sendo expectável uma grande alteração desta situação no curto prazo, tendo em conta a construção nova esperada. Na freguesia de Melides, a oferta de produto residencial (novo e usado) é ainda mais diminuto, não havendo atualmente produto residencial novo em oferta. Relativamente à construção de novo produto residencial no litoral alentejano, é expectável algum aumento nos próximos 12 meses.

No Algarve, a oferta de produto residencial novo, de forma geral, fica aquém da procura. E na maioria das freguesias é esperado haja um incremento de produto novo no decorrer dos próximos anos ou que mantenha o ritmo de aumento, como é o caso das freguesias de Vilamoura, Faro e Tavira.

Como têm evoluído os preços das casas nestes destinos do Algarve e do Alentejo nos últimos meses? O que justifica esta evolução?

Dado o contexto atual, é também possível verificar um aumento dos preços a nível nacional influenciado, sobretudo, pelo interesse dos compradores nacionais e internacionais conjugado com a reduzida oferta, o aumento das taxas de juro e o aumento da inflação, que são alguns dos fatores que influenciam este aumento.

"Verifica-se um aumento dos preços [das casas] a nível nacional influenciado, sobretudo, pelo interesse dos compradores nacionais e internacionais (...)"

Qual é a expressão do mercado de arrendamento de longa duração no Algarve e no Alentejo (em termos de procura, oferta e preços)?

O mercado de arrendamento nos concelhos de Alcácer do Sal e Grândola não tem grande expressão. Apenas 1,2% a 1,3% do stock de habitação é arrendado anualmente e 5%-10% do parque habitacional destinado ao Alojamento Local, ou seja, a arrendamento de curta duração.

No Algarve, varia de freguesia para freguesia, sendo que a freguesia com mais expressão no mercado de arrendamento é Albufeira que se destaca tanto no mercado de arrendamento de curta duração, como no de longa duração. Além de Albufeira, Portimão e Faro destacam-se no mercado de arrendamento de longa duração. Já Lagos e Tavira destacam-se no mercado de arrendamento de curta duração.

Já Vilamoura e a Quinta do Lago são freguesias com pouca expressão no mercado de arrendamento tanto a longo como a curto prazo.

 

Por: Idealista