Esta quinta-feira, 16 de março, a Câmara Municipal de Loulé, entidade organizadora do Festival MED, anunciou os doze primeiros nomes do cartaz da 14ª edição deste evento de World Music, no âmbito do programa promocional do Concelho na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa.

Aos portugueses Ana Moura, Rodrigo Leão, Fábia Rebordão e Marta Ren, juntam-se o projeto luso-angolano Throes + The Shine, Rachid Taha (Argélia), Fanfare Ciocarlia (Roménia), BNegão (Brasil), Tout-Puissant Orchestre Poly-Rythmo de Cotonou (Benin), Canzoniere Grecanico Salentino (Itália), Akua Naru (Estados Unidos) e Mayra Andradde (Cabo Verde).

O Festival MED, que volta à Zona Histórica da cidade de Loulé, nos dias 29 e 30 de junho e 1 e 2 de julho, aposta de novo na diversidade musical e cultural, bem como na fusão da tradição e das novas tendências artísticas, nomeadamente no campo das artes plásticas, teatro, animação de rua, cinema, poesia ou literatura.

Durante quatro dias, vão passar pelos 8 palcos mais de 250 músicos, 55 bandas de 20 nacionalidades diferentes, com mais de 75 horas de música.

Em estreia absoluta em Portugal, do Benin vêm os Tout-Puissant Orchestre Poly-Rythmo de Cotonou, uma banda mítica africana da década de 60 que voltou à ribalta em 2009. Afrobeat, funk, soukous e outros estilos baseados nos ritmos vodun marcam o variado leque musical que tornou este agrupamento numa referência no contexto da World Music.

Também a atuar pela primeira vez no nosso País, o brasileiro BNegão tornou-se conhecido como vocalista da banda de rap Planet Hemp. A fusão do hip-hop, rap, reaggae, rock e funk brasileiro, aliado a letras com uma forte crítica social levaram ao reconhecimento, tanto pela imprensa especializada, como pelo público, o que lhe valeu o prémio VMB MTV 2012 para melhor álbum do ano, bem como uma participação na cerimónia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

Os ritmos balcânicos regressam ao Festival MED através do fulgor da Fanfare Ciocarlia. Originária da Roménia, esta fanfarra assinala 20 anos de carreira e irá proporcionar ao público do MED um concerto verdadeiramente alucinante. Não é por acaso que é conhecida pela rapidez e complexidade dos ritmos do clarinete, saxofone, trompete e outros instrumentos que, por vezes, emitem mais de 200 batidas por minuto. Destacaram-se também pelas suas reinterpretações de temas como “Born to be Wild”, “Summertime” ou “James Bond Theme”.

O franco-argelino Rachid Taha, autor e intérprete de clássicos como "Ya Raya", "Menfi", "Voilà Voilà" ou "Ida", sobe ao palco do MED para interpretar a música tradicional da Argélia, Rai, mesclada com outros géneros como o rock, eletrónica ou indie, com a sua voz rouca que o destaca dos seus congéneres. É conhecido também pelo som único que transmite com o "mandolute", uma espécie de oud, que junta a instrumentos musicais elétricos e eletrónicos. Através das suas letras marcadamente ativistas, exalta as suas raízes argelinas, a discriminação racial e os problemas dos imigrantes em França, país onde vive. É dos nomes que, ano após ano, é mais solicitado pelo público para integrar o cartaz do Festival MED.

A Itália vai estar representada nesta edição do Festival MED com a Canzoniere Grecanico Salentino, grupo de folclore tradicional de Salento. Através da música e dança, fazem uma abordagem contemporânea ao estilo musical característico do Sul de Itália, a pizzica. Vencedores do Best Italian World Music Group, no Festival Meeting of Independent Labels, em 2015 lançaram o seu álbum Quaranta (40), com o produtor Ian Brennan, vencedor de um Grammy.

A mistura dos ritmos do hip-hop, aliados à consciência social e a elementos do soul-jazz marcam a carreira de Akua Naru. Associada ao movimento artístico do hip-hop da década de 90 e de atuações como as de Lauryn Hill & The Roots, esta cantora norte-americana tem sido muito bem aceite pelos seus pares, sobretudo pela força das suas palavras. Com um poderoso lirismo poético e talento para o “story telling”, Akua Naru tem a habilidade de integrar narrativas históricas na sua música com uma eloquência incomparável. Vem a Loulé apresentar o seu mais recente trabalho, “The Miner’s Canary”.

Mayra Andrade, uma das grandes vozes de Cabo Verde, vai marcar presença nesta edição do Festival MED. A sua voz é uma mistura de tons radiantes, dançantes, batidas aveludadas e melodias apimentadas e representa bem o calor tropical das suas raízes. Até ao momento, a sua carreira é marcada por colaborações com artistas como Cesária Évora, Chico Buarque, Caetano Veloso, Mariza ou Charles Aznavour, e por diversas distinções, entre as quais o Prémio BBC Radio 3 World Music na categoria Revelação, tendo igualmente uma nomeação nos “Victoires de la Musique”, na categoria de World Music, com o álbum “Lovely Difficult”, de 2013.

De regresso ao Festival MED, desta vez com a carreira consolidada e três álbuns na bagagem, os luso-angolanos Throes + The Shine trazem a mesma energia eletrizante a Loulé. Criadores do conceito “rockuduro”, uma fusão de rock e kuduro, ao longo da sua curta carreira têm estado nos quatro cantos do mundo para fazer parte de cartazes dos mais importantes festivais internacionais. No MED vão apresentar o seu mais recente trabalho, “Wanga”, que conta com colaborações do músico congolês Pierre Kwenders, a argentina La Yegros, a portuguesa Da Chick e os colombianos Meridian Brothers.

Dona de uma voz portentosa, Fábia Rebordão é unanimemente considerada uma das referências do novo fado. Embora o fado seja a sua grande matriz musical, as suas influências artísticas são diversas e vão da soul, à bossa nova, à morna, ao blues ou ao jazz. Em 2012 é distinguida pela Fundação Amália com o prémio Revelação Amália Rodrigues e o conceituado Jornal Expresso considera-a uma das 50 personalidades revelação do ano. Entre palcos nacionais e internacionais, o ano de 2016 marca o regresso de Fábia Rebordão aos discos. O mais recente álbum, que será apresentado em Loulé, conta com a participação de Rui Veloso, Jorge Fernando, Dino d’Santiago, Tozé Brito e Pedro da Silva Martins

Entre as fronteiras da soul e do funk, com uma poderosa, Marta Ren vai estar de novo em Loulé depois de um concerto memorável na Noite Branca de 2015. A antiga vocalista dos saudosos Sloppy Joe vem apresentar o seu mais recente trabalho, aclamado pela crítica, depois do estrondoso êxito no Festival Eurosonic, na Holanda.

Dono de uma das mais interessantes discografias do nosso país, o músico e compositor Rodrigo Leão tem conhecido o sucesso dentro e fora de portas, facto que lhe tem permitido ter convidados de peso nos seus discos, como aconteceu com Ryuichi Sakamoto ou Beth Gibbons (Portishead). A música de Rodrigo Leão tem igualmente merecido os aplausos do público mais exigente e isso justifica que tenha sido escolhido pela Assembleia da República para a homenagem aos 40 anos do 25 de Abril que transformou a escadaria de São Bento num palco singular. 

Indiscutivelmente uma das mais bem-sucedidas artistas da atualidade, Ana Moura será a grande representante do fado na edição de 2017 do Festival MED. Com cerca de meio milhão de discos vendidos, mais de 1 dezena de galardões e prémios tão importantes como 2 Globos de Ouro, 2 prémios Amália e 1 prémio SPA, Ana Moura é também a voz nacional mais reconhecida internacionalmente. Colaborou com artistas como Prince, Rolling Stones, Caetano Veloso, Herbie Hancock, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Orquestra Buena Vista Social Club, entre outros. Com o passar dos anos, a sua voz rouca e sensual libertou-se das amarras do fado para entrar por novos campos musicais como a pop ou a música tradicional portuguesa.

Recorde-se que, ao longo dos anos, o Festival MED afirmou-se como um dos mais importantes festivais de World Music da Europa, sobretudo pelos nomes conceituados que traz a Loulé. Como reconhecimento tem recebido diversas nomeações para prémios nacionais e internacionais, tendo sido distinguido esta quinta-feira, em Barcelona, como o Melhor Festival de Média Dimensão da Península Ibérica, no âmbito dos Iberian Festival Awards.

Durante 13 anos de existência já passaram pelo Festival MED 450 bandas originárias de 41 nacionalidades.

O MED tem contribuído fortemente para atrair mais turistas, promover o Algarve e o País. Em 2016, foi integrado pelo Turismo de Portugal na plataforma Portuguese Summer Festivals, restrita apenas a 8 festivais nacionais, e que constitui um veículo importante na promoção deste evento.

Com objetivo de consolidar e projetar ainda mais o MED no panorama internacional, nomeadamente na Europa, a organização decidiu propor a candidatura ao selo EFFE - Europe for Festivals – Festivals for Europe, o que credibiliza exponencialmente o Festival nos visitantes estrangeiros, atendendo a que estes representam mais de 40% do público do MED.

É também intenção da Câmara Municipal de Loulé em candidatar o MED ao Programa “Sê-lo Verde» em 2017, promovido pelo Ministério do Ambiente, tendo em vista incentivar a adoção de boas-práticas ambientais, inovadoras e com impacte ambiental, social, económico nos eventos de música, através do financiamento de medidas verdes a adotar nos festivais. Entre algumas medidas que são candidatáveis, destaca-se a utilização do Copo Ecológico MED ou do Programa “Zero Desperdício”.

Artistas entusiasmadas com participação no MED

O diretor do Festival MED e vice-presidente da Câmara de Loulé, Hugo Nunes, sublinhou o facto desta ser a edição, desde a génese do evento, que contará com o maior número de nacionalidades, mais bandas e mais horas de música.

A par da música, este responsável realçou a diversidade cultural do evento mas também “a possibilidade das pessoas ficarem a conhecer a cidade de Loulé”.

“Da parte do Município é um orgulho termos este festival. Está ligado ao coração da cidade, marca o início do verão e, este ano, temos um cartaz que nos satisfaz muito e que vai ainda mais longe na diversidade de temas, de sons, estilos e de pessoas que procurará apresentar mas também da diversão e dos bons tempos para quem lá estiver”, considerou Hugo Nunes.

Mayra Andrade, cantora cabo-verdiana que irá estar nesta 14ª edição, marcou presença na apresentação. A artista manifestou o seu entusiasmo em participar neste cartaz e por atuar em Loulé. “É um Festival com uma programação de qualidade, numa cidade muito bonita e histórica, e vou fazer o máximo, não só para dar o melhor no palco, mas também para passar um ou dois dias em Loulé para ver outras bandas”, referiu. Naquele que será o último concerto em Portugal antes do lançamento do seu novo disco, Mayra disse que será uma “celebração do que tem construído até agora”.

Já Fábia Rebordão, que será uma das representantes do fado no cartaz do MED e que também esteve na BTL, adiantou que a par deste estilo que constitui a sua “referência maior”, o espetáculo que trará a Loulé terá igualmente outras sonoridades que se fundem com o fado, como música de Cabo-Verde, de Angola, do Brasil, a soul, o funk, o jazz ou o flamenco, e que se tornaram na música que apresenta. “O fado apaixonou o mundo e o mundo tem curiosidade em ver também essas fusões funcionarem. Para mim é um privilégio muito grande fazê-lo neste Festival”, considerou a artista.

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Por: CM Loulé