Um investimento no futuro, a possibilidade de criar um lar, «porque arrendar não compensa e é um desperdício de dinheiro» ou porque é preciso «deixar alguma coisa aos filhos».

A maioria dos portugueses (89,7%) continua a sonhar em ter casa própria e estes são alguns dos argumentos. E qual é a casa ideal? Contamos-te tudo sobre as tendências atuais do mercado imobiliário, a partir das conclusões do I Observatório do Mercado da Habitação em Portugal da Century 21.

Um apartamento num prédio, em segunda mão, com três quartos e uma área de 100 metros quadrados (m2), que não pode custar mais de 138.623 euros, financiados por um crédito à habitação até 500 euros mensais é a escolha preferencial. 

A partir de uma base de dados nacional, o estudo procurou retratar a situação atual do mercado imobiliário, através do conhecimento pormenorizado do perfil de quem compra, de quem vende e de quem arrenda.

“Na primeira etapa da vida adulta, entre os 30 e os 40 anos, a estabilidade profissional, as melhorias nas condições de trabalho e, em muitos casos, a vida em casal, fazem com que surja a necessidade de consolidar o lugar de residência e se aposte no sonho da maioria dos portugueses: adquirir habitação própria”, lê-se no documento.

Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, reforça esta ideia em declarações ao idealista/news, destacando a “evidência da cultura de proprietário”, que se verifica em todas as faixas etárias. O responsável considera que as conclusões do estudo – que apresentamos de seguida – “revelam uma realidade cheia de contrastes”.  

Para cada zona, uma casa de sonho

Portugal continua a ser um país de proprietários, mas as necessidades mudam de zona para zona. Há uma característica que reúne unanimidade: os portugueses procuram preferencialmente casas usadas sem necessidade de remodelação.

Para os residentes na capital, a casa ideal é um apartamento num prédio (75,8%), em segunda mão e sem necessitar de remodelações (63,1%), com dois quartos e duas casas de banho. O preço médio que os lisboetas estão dispostos a pagar é 166.593 euros, financiado por um crédito à habitação de cerca de 506 euros mensais.

A casa ideal para os habitantes da Invicta é um apartamento num prédio (70,1%), em segunda mão e sem necessitar de remodelações (61,4%), com 3 quartos e duas casas de banho. O preço médio que os portuenses estão dispostos a pagar é 137.587 euros, financiado por um crédito à habitação até 491 euros mensais.

Preços estão 24,9% acima daquilo que os portugueses querem (ou podem) pagar

Em termos nacionais, segundo o estudo, o valor médio que os portugueses estão dispostos a pagar para a compra de casa é de 138.623 euros – o intervalo de preços com a maior percentagem (28,7%) é o que se situa entre os 100.000 e os 150.000 euros. O preço médio para venda, no que diz respeito à oferta de habitação, fixa-se nos 173.252,84 euros, um valor que supera em 34.629 euros o valor médio disponível por aqueles que querem comprar casa.

Cerca de 38,6% dos compradores planeia pagar uma parte da casa em dinheiro e pedir um empréstimo bancário para o restante – 35,3% admite recorrer integralmente ao crédito à habitação. Apenas 11% admite usar as suas poupanças ou vender a antiga habitação para a aquisição de casa nova.

O recurso à ajuda dos familiares é mais preponderante nos jovens até aos 29 anos e nas famílias com rendimentos entre os 2.001 e os 3.000 euros. Para quem tem de recorrer a um empréstimo, a hipoteca representa entre 10% e 20% do rendimento familiar para 33,6% dos consumidores. A taxa de esforço é maior para outro terço dos consumidores, para quem a prestação representa 20 a 30% dos vencimentos. Para 11% dos consumidores, a taxa de esforço excede os 30%.

Mais de 40% dos vendedores pondera baixar preço das casas

Se encontrar um comprador interessado, mas o preço da casa for "puxado", estará o vendedor disposto a negociar e baixar o valor? De acordo com o estudo da Century 21, sim. Cerca de 46,6% dos inquiridos que está a pensar vender casa nos próximos meses planeia baixar o preço até 5% para concretizar a venda. Entre os que ponderam baixar até 5%, entre 5% e 10% ou até 10%, contam-se 70,2% dos inquiridos.

Os dados mostram também que 33% das pessoas que venderam casa nestes últimos 12 meses não necessitaram de baixar o preço para encontra um comprador e concretizar o negócio. Mas uma percentagem ainda mais relevante (42,6%) afirmou ter diminuído o preço em 5%.

Faltam casas no centro das cidades e sobram nos subúrbios

Quatro em cada 10 portugueses não encontra o que precisa. As principais razões apontadas pelos que procuraram habitação sem sucesso passam por não encontrarem a casa com as caraterísticas que pretendiam (41,6%) e quase um terço dos consumidores refere que o valor da habitação não se ajusta ao seu orçamento.

Segundo o I Observatório do Mercado da Habitação em Portugal, do lado da oferta existe um défice de habitações disponíveis no centro das cidades, enquanto nos subúrbios se verifica um excedente. Quando se cruzam estes indicadores com os dados da procura, verifica-se que a oferta de imóveis no centro está 6,5% abaixo das necessidades e nas zonas periféricas está 4,7% acima.

18,8% dos portugueses procuram construção nova

O estudo conclui também que faltam casas de construção nova, a estrear ou ainda em planta – o mercado da oferta falha em mais de 15% as expectativas da procura, que atinge18,8% de consumidores que querem habitações novas, em comparação com os escassos 3,1% da oferta existente.

“O aumento do turismo levou muitos edifícios e apartamentos a passarem de uso residencial a turístico. Este facto, somado a anos de pouca construção nova e débil reabilitação residencial, está a condicionar a oferta de imóveis disponíveis para habitação”, explica Ricardo Sousa ao idealista/news.

Para o CEO da Century 21 impõe-se a “construção e reabilitação” como “absolutamente necessárias”. Considerando as tendências de longo prazo – como o aumento da procura externa, o crescimento do turismo, a concentração urbana e o envelhecimento ativo da população – “estão a surgir necessidades específicas que obrigam à criação de novas soluções de habitação”, defende.

 

Por: Idealista