O Dom Rodrigo de Lagos foi um dos sete doces do Algarve selecionado para a fase seguinte no Concurso 7 Maravilhas Doces de Portugal. Esta foi a segunda votação para identificar os 140 nomeados que avançam nesta eleição.

O Dom Rodrigo (Lagos), o Bolo de Tacho (Monchique), o Doce Fino (Portimão), o Folar de Olhão, o Folhado de Loulé, o Morgado (Portimão) e o Queijo de Figo (Portimão) são os 7 doces algarvios escolhidos para a próxima fase do concurso 7 Maravilhas Doces de Portugal, e que vão ser submetidos à votação do público nos próximos meses de julho e agosto.

Esta segunda votação foi feita por um painel de especialistas que identificou os 140 doces a nível nacional (7 doces por distrito e região autónoma), que avançam na eleição das 7 Maravilhas Doces de Portugal. No total, a organização recebeu 907 candidaturas, das quais foram inicialmente selecionadas 420, sendo 21 do Algarve.

De acordo com a organização, «esta lista e esta eleição permitem valorizar e destacar não só a pastelaria nacional, como as profissões a ela associada. Por isso vamos inclusive desafiar os candidatos à profissão de pasteleiro a criar um doce, com 7 camadas, os 7 sabores mais representativos do nosso país, de forma a estimular a criatividade e o gosto dos jovens cozinheiros por esta área, cada vez mais criativa e desafiante em Portugal. Vai ser um concurso dentro do concurso, em parceria com o Turismo de Portugal, em que esta lista de 140 doces serve de inspiração aos jovens pasteleiros”.

Os 140 doces vão ser votados pelo público em 20 programas de daytime, a emitir em direto pela RTP, nos meses de julho e agosto. De cada programa na RTP sai um pré-finalista que passa às semifinais. Uma novidade desta edição é a existência de um Grande Júri, órgão de deliberação constituído por 7 figuras do espaço mediático, que será responsável pela da repescagem de 8 candidatos que se irão juntar aos 20 pré-finalistas apurados pelo público, resultando numa lista de 28 pré-finalistas. Os 28 pré-finalistas são divididos por sorteio pelas duas semifinais, nos dias 24 e 31 de Agosto, dois programas em direto na RTP1, transmitidos em horário nobre.

Em cada semifinal são apurados os 7 doces, aqueles que tenham mais votos contabilizados.

A Gala Finalíssima decorre a 7 de Setembro de 2019 e será transmitida pela RTP1, também em horário nobre. Dos 14 finalistas apurados vão ser eleitos 7 doces pelos portugueses como 7 Maravilhas de Portugal.

+ INFO sobre a iniciativa em https://7maravilhas.pt/

 

 

Informação Complementar sobre o Dom Rodrigo:

 

→ Referência Histórica do Doce

Diz a tradição que o Dom Rodrigo de Lagos, um bolo algarvio de origem conventual, terá sido criado no séc. XVIII, no antigo Convento de Nossa Senhora do Carmo em Lagos, pelas mãos das freiras Carmelitas, em honra ao fidalgo D. Rodrigo de Menezes Governador da Praça.

Terá, também, sido elaborado nas cozinhas dos conventos, onde as freiras e monges preparavam iguarias doces à base de açúcar, ovos e amêndoas, e que tinham depois como destino as mesas dos palácios e casas senhoriais, em dias de festa. De acordo coma história, o Dom Rodrigo era servido nas festas dos nobres e abastados comerciantes e industriais, em taças de vidro ou em porcelana, sendo degustado à colher. Para consumo em casas particulares era apresentado em forma de rebuçado, sendo utilizado para o efeito o papel de seda em várias cores.

Recorde-se, a título de curiosidade, que a apresentação deste doce, como hoje é conhecido, remonta à introdução do papel de alumínio em Portugal, no séc. XX, que no início tinha a cor prata e, posteriormente, passou a ter várias cores, de forma a diferenciar-se e assim atrair o consumidor.

A comercialização do Dom Rodrigo de Lagos terá começado a partir dos anos 30 do séc. XX, com a abertura da “Casa de Doces Regionais – Taquelim Gonçalves” (o mais antigo estabelecimento de Lagos dedicado à doçaria, e que ainda hoje existe).

Atualmente, visitantes de toda a região e país aqui se deslocam para provar este afamado doce, uma referência da cidade de Lagos, e da região do Algarve.

 

 

→ Descrição do Doce

Sendo um doce com características muito específicas, o Dom Rodrigo de Lagos tem na sua composição fios de ovos, ovos moles, miolo de amêndoa do Algarve e canela.

Para a confeção deste doce são inicialmente confecionados os fios de ovos, através de uma calda com açúcar e água até obter o ponto pérola. As gemas de ovos são depois introduzidas na calda, através de movimentos circulares com um funil próprio, com mais de três bicos. Os fios de ovos cozem por instantes na calda e são retirados do lume com um coador de rede, para que seja possível retirar o excesso da calda.

 

O doce de ovos é confecionado através de uma calda, cujos ingredientes são o açúcar, água e pau de canela. Quando esta obtiver o ponto pérola é adicionado a canela em pó, e a amêndoa torrada moída. As gemas batidas são só adicionadas quando a calda já estiver morna. De seguida cozem em lume brando.

Assim que o doce de ovos estiver frio será necessário moldar pequenas “bolas”, juntamente com os fios de ovos, sendo depois colocadas numa frigideira (cerca de 4 a cinco bolas de cada vez), juntamente com um pouco da calda onde foram feitos os fios de ovos. São viradas até obterem uma cor dourada e, de seguida, retiradas para um tabuleiro onde permanecerão até estarem completamente frias.

Para embalar o Dom Rodrigo de Lagos são cortados quadrados de papel de cristal e de papel de prata fino, de várias cores. Coloca-se o quadrado de papel de cristal no centro do quadrado de papel de alumínio, e de seguida as “bolas” de Dom Rodrigo, unindo-se as quatro pontas do quadrado de papel de alumínio. Fecha-se formando uma ponta, e pressionando-a ligeiramente para baixo, dando uma forma tosca ao embrulho.

Diz-se que o “segredo” do Dom Rodrigo de Lagos reside, tanto na confeção da calda (confeção do açúcar em “ponto de pérola”), como na utilização da amêndoa da região Algarve e na forma como é tostado. Um regalo para os olhos e um mimo de sabor!

 

Por: Câmara Municipal de Lagos