A crise deixou marcas no crédito à habitação, tanto do lado das instituições financeiras, como dos próprios clientes.

Há regras mais apertadas de concessão - algumas impostas pelo regulador -, mas também maior prudência na procura. "Mais de metade dos empréstimos que concedemos são de taxas fixas e mistas, isto porque os clientes se preocupam cada vez mais com o longo prazo, em vez de apostar no risco que apresenta uma taxa variável", indica Carlos Vintém, Diretor Comercial da UCI Portugal.

Em entrevista ao idealista/news fala sobre a atividade desta instituição financeira especialista na concessão de Crédito à Habitação, através de profissionais do setor, analisando as tendências do mercado. E explica a importância do IMOCIONATE iTEC,cuja 3ª edição se realiza no dia 26 de setembro de 2019 no Centro de Congressos do Estoril, contando com a UCI como patrocinador principal e o idealista como media partner.

Para que finalidade se destinam, sobretudo, os créditos à habitação que pedem atualmente à UCI? Há alguma mudança em comparação com período de antes e durante a crise?

O crédito habitação para aquisição é sempre o mais procurado. No entanto, a UCI diferencia-se por apresentar aos seus clientes uma gama de produtos de financiamento imobiliário para todas as situações, seja para compra, troca ou construção de casa. Nos últimos anos, o mercado tem revelado excelentes oportunidades de reabilitação imobiliária e, por isso, temos assistido a um crescimento do crédito para construção de casa.

Portugal e os restantes países do Sul da Europa sempre foram mercados tradicionais de taxas variáveis no crédito habitação, contrariamente aos mercados do Centro e Norte da Europa, como França, Reino Unido ou Suécia. Contudo, nos últimos anos temos assistido a uma maior procura de soluções que garantam maior segurança ou estabilidade das prestações do crédito habitação.

Nos últimos anos, o mercado tem revelado excelentes oportunidades de reabilitação imobiliária e, por isso, temos assistido a um crescimento do crédito para construção de casa.

Que tipo de taxas de juros são agora mais procuradas? (variável, fixa ou mista) e quais as que mais recomendam? Porquê?

Creio que muito devido ao forte impacto que ocorreu em 2008, quando as taxas de juros subiram para níveis historicamente elevados e as famílias tiveram um crescimento das despesas com o empréstimo de casa, o que gerou algumas situações mais criticas. Por isso, também a banca quis alargar a sua gama de produtos, ampliando as soluções de taxas fixas e mistas.

A UCI tem hoje uma ampla oferta de prazos para taxas fixas e mistas. Posso mesmo dizer que mais de metade dos empréstimos que concedemos são de taxas fixas e mistas, isto porque os clientes se preocupam cada vez mais com o longo prazo, em vez de apostar no risco que apresenta uma taxa variável.

Atualmente a modalidade de reembolso utilizada por nós é a padrão, de acordo com o princípio recomendado pelo Banco de Portugal de que deve haver pagamentos regulares de juros e capital. Neste sistema, há amortização de capital logo desde o início e, com o tempo, aumenta a amortização de capital e os juros vão descendo.

Mais de metade dos empréstimos que concedemos são de taxas fixas e mistas, isto porque os clientes se preocupam cada vez mais com o longo prazo, em vez de apostar no risco que apresenta uma taxa variável.

Que tipo de prestações e modalidades de reembolso são atualmente mais procuradas?

Em termos de tipologia, as prestações utilizadas atualmente são constantes, ou seja, são iguais em todo o período do empréstimo ou, no caso das taxas variáveis, até ser revisto o indexante. Isto considerando, é claro, que o prazo e o capital em dívida se mantêm.

Qual a % de entrada sobre o valor do empréstimo atualmente pedida aos clientes? E outras garantias? Há diferenças face antes e durante a crise?

Esse valor respeita o que foi definido pelo Banco de Portugal nas suas recomendações macroprudenciais, em que se estabelece um limite de 90% para o LTV, em caso de estar em causa a aquisição ou construção de habitação própria permanente. A percentagem de entrada está, portanto, nos 10%, o que é uma diferença face ao período pré-crise, em que havia no mercado entidades a fazer empréstimos a 100% de LTV.

Em termos de garantias, em muitos casos a hipoteca do imóvel que está a ser comprado é o suficiente. Noutros casos é necessário haver outro imóvel de garantia, fiadores ou até seguros de vida. Tudo depende do perfil do cliente e do valor do empréstimo. E sem dúvida que a questão das garantias foi algo que a crise ajudou a amadurecer. Todo o sistema financeiro aprendeu muito sobre crédito sustentável com a crise.

Muitas pessoas quando estão à procura de crédito habitação estão focadas em encontrar uma opção com o prazo mais longo possível para terem uma prestação mais baixa, mas isso pode implicar um risco adicional e mais custos.

Qual o período médio e máximo dos vossos empréstimos?

Estamos também aqui alinhados com as recomendações do Banco de Portugal, que apontam para uma maturidade inferior a 40 anos que, idealmente, deverá convergir para uma maturidade média de 30 anos até 2022. 30 anos é a maturidade máxima que recomendamos na generalidade dos casos, porque acreditamos que é a que deixa o cliente numa situação mais confortável.

Muitas pessoas, quando estão à procura de crédito habitação, estão focadas em encontrar uma opção com o prazo mais longo possível para terem uma prestação mais baixa, mas muitas vezes esquecem-se que isso implica que poderão ter de terminar de pagá-lo já quando estiverem reformados, período em que a situação financeira muitas vezes muda, o que pode implicar um risco adicional, para além de que um prazo mais longo implica necessariamente mais custos.

Notam uma maior ou menor tendência para reembolsos atualmente?

Notamos de facto, nos últimos 2 anos, uma tendência muito maior para os reembolsos antecipados, muitos deles porque, com o mercado em alta, os clientes optam por vender a casa, liquidar o crédito e avançar para a compra de outra casa. Outros simplesmente querem deixar de ter este encargo e preferem pagar o empréstimo no menor tempo possível.

E transferências de crédito entre instituições?

Não notamos nenhuma diferença quanto a esta questão, o que para nós revela que temos uma carteira de clientes fidelizada. Aliás, isso fica patente pelo selo de ouro do eKomi que conquistámos, com base no feedback dos nossos clientes, e numa taxa de recomendação de 98%.

Notamos de facto, nos últimos 2 anos, uma tendência muito maior para os reembolsos antecipados, muitos deles porque, com o mercado em alta, os clientes optam por vender a casa, liquidar o crédito e avançar para a compra de outra casa. Outros simplesmente querem deixar de ter este encargo e preferem pagar o empréstimo no menor tempo possível.

Têm planos para redimensionar a vossa atual rede de agências em Portugal?

O nosso plano de expansão não passa necessariamente por aumentar a nossa rede de agências, mas sim por ter nas agências existentes equipas suficientemente amplas para abarcarem diferentes regiões geográficas.

Por isso, nos últimos anos, para além de termos aberto uma agência em Coimbra, assegurámos a presença de um promotor nos Açores (em São Miguel). Mais recentemente, reforçámos a presença da nossa equipa em cidades como Braga, Guimarães, Coimbra e Aveiro. Queremos estar o mais perto possível dos nossos clientes e parceiros e por isso vamos continuar este caminho, chegando a cada vez mais cidades.

Qual a importância do IMOCIONATE iTEC para uma empresa como a UCI? E para o mercado imobiliário?

Nos últimos 20 anos a UCI tem apostado muito no desenvolvimento da mediação imobiliária em Portugal, o que nos fez organizar, em parceria com a APEMIP, o IMOCIONATE iTEC, além de termos trazido para Portugal o melhor da formação internacional, dando aos agentes imobiliários portugueses a possibilidade de acederem aos cursos da CRS e da NAR.

A importância do IMOCIONATE iTEC avalia-se pelo facto de ser o maior evento global da mediação imobiliária em Portugal, que conta com o apoio dos principais players do mercado junta profissionais de todas as redes, para durante um dia pensarem o futuro da sua profissão, tendo acesso ao que de melhor se faz no setor a nível nacional e internacional.

Umas das formas de impulsionar o desenvolvimento da mediação imobiliária é dar aos agentes imobiliários as ferramentas necessárias para crescerem profissionalmente, que é exatamente o objetivo do IMOCIONATE iTEC, evento que se destaca por abordar o futuro da mediação com base na tecnologia, o que é único na Europa.

Trazemos, por isso, os melhores especialistas internacionais, como a Crystal Washington e o Marco Rufo, por exemplo, que são oradores de topo do mercado imobiliário e que vêm pela primeira vez a Portugal partilhar as suas experiências e as boas práticas do mercado americano, que é um mercado de referência mundial no imobiliário.

E temos também, claro, oradores portugueses que são os melhores nas suas respetivas áreas, como o Tiago Forjaz, a Cristina Amaro e a Elisabete Jacinto, que vêm abrir os horizontes dos profissionais imobiliários para temas como a retenção de talento, a criação de marcas e a motivação, respetivamente.

A importância do IMOCIONATE iTEC avalia-se pelo facto de ser o maior evento global da mediação imobiliária em Portugal, que conta com o apoio dos principais players do mercado junta profissionais de todas as redes, para durante um dia pensarem o futuro da sua profissão, tendo acesso ao que de melhor se faz no setor a nível nacional e internacional.

 

Por: Idealista