Preços das casas em Portugal subiu 10,7% em termos homólogos, menos 2,8 pontos face ao trimestre anterior, mostra INE.

As casas para comprar em Portugal têm vindo a ficar mais caras trimestre após trimestre. Mas a subida dos preços das habitações está a desacelerar. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) esta sexta-feira divulgados revelam que nos últimos três meses de 2022, o preço das casas vendidas no nosso país subiu 10,7% em termos homólogos, menos 2,8 pontos percentuais (p.p) do que no trimestre anterior. Esta é uma realidade também visível em 14 dos 24 municípios mais populosos do país, com destaque para Barcelos, Maia e Matosinhos. Isto quer dizer que os preços das casas em Portugal estão a subir, mas um ritmo bem mais lento.

“No quarto trimestre de 2022, o preço mediano de alojamentos familiares transacionados em Portugal foi de 1.500 euros/m2. Este valor representa um acréscimo de 0,5% face ao terceiro trimestre de 2022 e de 10,7% relativamente ao quarto trimestre de 2021”, destaca o INE no boletim publicado esta sexta-feira, dia 21 de abril. Portanto, os dados mostram que o ritmo de subida dos preços das habitações em Portugal em termos homólogos está a desacelerar, já que nos trimestres anteriores de 2022 atingiu aumentos entre 17,8% e 13,5%.

Esta é uma realidade especialmente visível em 14 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes. As quedas homólogas mais acentuadas nos preços das casas transacionadas foram registadas em Barcelos (-19,2 p.p.), Maia (-16,5 p.p.) e Matosinhos (-11,6 p.p.). No município de Lisboa o valor foi de -0,3 p.p., mostram os dados do instituto.

Por outro lado, observou-se uma aceleração homóloga dos preços das casas em 10 municípios, evidenciando-se Santa Maria da Feira (+11,3 p.p.), Vila Franca de Xira (+7,8 p.p.) e Guimarães (+7,7 p.p.). O município do Porto registou uma aceleração de subida dos preços das habitações vendidas de +0,8 p.p.

Importa relembrar que o contexto económico mudou muito nos últimos meses: o poder de compra dos portugueses diminuiu por conta da alta inflação e os créditos habitação ficaram bem mais caros devido ao aumento dos juros. Todos estes e outros fatores têm arrefecido a procura de casas para comprar no nosso país, que parece já se estar a refletir nos preços das casas dada a desaceleração observada.

Onde é que comprar casa é mais caro em Portugal?

Contam-se 18 dos 24 municípios mais populosos de Portugal, em que os preços das casas são superiores à mediana do país no quarto trimestre (1.500 euros/m2). Sem surpresa, é o município de Lisboa que apresentou os preços das casas mais elevados (4.022 euros/m2), seguido de Cascais, Oeiras e o Porto. Já no fundo da lista está Barcelos, Vila Nova de Famalicão e Guimarães.

“No quarto trimestre de 2022, todos os municípios com mais de 100 mil habitantes das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, com exceção de Santa Maria da Feira, registaram preços medianos de habitação superiores ao valor nacional”, destacou o INE.

Olhando para as regiões do país, salta vista que o Algarve (2.435 euros/m2), a Área Metropolitana de Lisboa (2.169 euros/m2), a Região Autónoma da Madeira (1.791 euros/m2), a Área Metropolitana do Porto (1.667 euros/m2) e o Alentejo Litoral (1.545 euros/m2) registaram, simultaneamente, valores medianos de habitação e taxas de variação homóloga superiores aos do país. Já a região que apresentou o preço das casas mais baixo em termos medianos foi o Alto Alentejo (496 euros/m2).

O preço mediano da habitação aumentou, face ao período homólogo, em 22 sub-regiões portuguesas, destacando-se os crescimentos no Alentejo Litoral (+22,6%), Região Autónoma da Madeira (+18,9%), Aveiro (+18,3%) e Médio Tejo (+17,2%). Já as sub-regiões Beira Baixa (-7,4%), Beiras e Serra da Estrela (-5,9%) e Terras de Trás-os-Montes (-0,5%) registaram diminuições homólogas dos preços da habitação no quarto trimestre de 2022. Na Grande Lisboa, os preços das habitações vendidas subiram 13,9% e no Grande Porto 15,4%, revelam ainda o INE.

Estrangeiros compram casas 53% mais caras que portugueses

Como o preço das casas continua a subir, o valor mediano das habitações vendidas quer a portugueses quer a estrangeiros tende a aumentar. O que os dados do INE revelam é que no caso dos estrangeiros este aumento é mais expressivo:

  • Estrangeiros: preço mediano das casas foi de 2.239 euros/m2 na reta final de 2022, um valor 40 euros superior registado trimestre anterior (2.199 euros/m2);
  • Portugueses: casas transacionadas apresentam o valor mediano de 1.467 euros/m2 (no terceiro trimestre de 2022 tinha sido 1.464 euros/m2, menos três euros).

Contas feitas, verifica-se que o preço das casas vendidas a estrangeiros foi quase 53% superior ao valor mediano das habitações vendidas a portugueses no último trimestre de 2022.

“Nas áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa o preço mediano das transações efetuadas por compradores com domicílio fiscal no estrangeiro superou, respetivamente em +75,6% e +64,3%, o preço das transações por compradores com domicílio fiscal em território nacional”, desta o instituto.

São, regra geral, as famílias que mais compram em Portugal. E sobre este ponto o INE destaca que “o preço mediano de alojamentos familiares adquiridos pelas famílias em Portugal, no quarto trimestre de 2022, foi 1.528 euros/m2 (+0,8% que no trimestre anterior e +10,1% face ao trimestre homólogo) e pelos compradores pertencentes aos restantes setores institucionais, manteve-se o valor do terceiro trimestre de 2022, 1.333 euros/m2 (+21,5% face ao trimestre homólogo)”.

 

Por: Idealista