A construção enfrentou uma panóplia de constrangimentos ao longo de 2022. Os preços dos materiais continuaram a subir e a mão de obra ficou mais cara. Mas, mesmo assim, o setor deu provas de resiliência: a construção de habitações aumentou 3,7% em 2022, segundo estima a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN). E para 2023 tudo indica que a produção da construção de habitações vai continuar a crescer entre 1,5% e 4,5%, prevê ainda a associação.
O segmento da habitação evoluiu positivamente ao longo de 2022, apesar dos constrangimentos relacionados com a subida dos preços dos materiais de construção, dos preços das casas à venda, bem como das taxas de juro no crédito habitação. De acordo com os dados compilados pela AICCOPN e divulgados em comunicado enviado às redações, os principais indicadores evoluíram da seguinte forma positiva em 2022 face ao período homólogo:
- Número de alojamentos licenciados em construções novas subiu 5,4%;
- Montante do novo crédito habitação concedido até outubro aumentou 7,6%;
- Valor mediano da habitação para efeitos de avaliação bancária cresceu 13,9% em novembro face ao período homólogo;
- Transações de alojamentos familiares nos primeiros 9 meses de 2022 aumentou 8% em número e 22,9% em valor.
“Deste modo, tendo em conta a evolução dos indicadores em 2022 e fatores como o nível da procura por habitação, o atual enquadramento das taxas de juro, o aumento da procura por soluções energeticamente mais eficientes e do vetor com maior dimensão no PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] ser a habitação, a previsão para 2023 aponta para uma taxa de crescimento entre 1,5% e 4,5%, a que corresponde um ponto médio de 3,0%, neste segmento, após o aumento de 3,7% estimado para 2022”, destaca a AICCOPN no documento.
Produção na construção deverá crescer 2,4% a 4,4% em 2023
No que diz respeito a todo o setor da construção (que inclui edifício residenciais, imóveis não residenciais e o segmento da engenharia civil), a associação presidida por Manuel Reis Campos indica que as previsões apontam para o crescimento da atividade, antecipando-se um acréscimo real do valor bruto de produção do setor em 2023 entre 2,4% e 4,4%, intervalo a que corresponde um ponto médio de 3,4%.
“Desta forma, prevê-se que em 2023, em linha com as previsões da Comissão Europeia para a evolução do investimento em construção, o setor da construção dê continuidade ao importante contributo para a evolução da economia nacional, com a produção total, em termos reais, no ponto médio do intervalo de previsão, a crescer 3,4% e a situar-se, em valor, nos 21.782,5 milhões de euros”, destaca ainda a associação fundada em 1892.
Importa recordar que em 2022 o setor da construção provou, uma vez mais, a sua resiliência, já que a AICCOPN estima que a produção da construção terá crescido 3,4%. “Efetivamente, durante 2022, apesar de todos os constrangimentos que afetaram a atividade económica, assistiu-se, novamente, a uma elevada resiliência das empresas de construção, com a maioria dos indicadores setoriais a registarem uma evolução positiva”, destaca:
- Emprego na construção cresceu 9% no terceiro trimestre de 2022, para o nível mais elevado dos últimos dez anos;
- Investimento em construção subiu 0,8% nos primeiros 9 meses de 2022 face ao período homólogo;
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Valor Acrescentado Bruto (VAB) do setor da construção aumentou 1,1% entre janeiro e setembro de 2022 face ao mesmo período do ano anterior.No que diz respeito ao segmento dos edifícios não residenciais, prevê-se um ligeiro crescimento em 2023, que se deverá situar entre 0,2% e 1,2%. Este é poderá se o “resultado de um cenário de evolução modesta da produção, quer na vertente privada quer na vertente pública”, destaca na mesma publicação
Relativamente ao segmento da engenharia civil, a AICCOPN estima que a produção aumente em termos homólogos entre 4% e 6% do seu valor bruto da produção, em resultado dos investimentos previstos no PRR e no Portugal 2020, que se encontra no seu final de ciclo. Importa referir que a produção da engenharia civil “beneficia, atualmente, dos elevados níveis de adjudicações ocorridos em 2020 e em 2021, com os contratos de empreitadas de obras públicas celebrados a totalizarem, nesse período, 7.759 milhões de euros”, sublinha ainda.