Por: Miguel Peres Santos – Mestre em Gestão Cultural pela Universidade do Algarve apdsmiguel@gmail.com – http://facebook.com/miguelapdsantos

Estamos num momento único, talvez ímpar na nossa História, todos tivemos de mudar as nossas rotinas, a nossa forma de viver, a nossa forma de estar e todos temos a obrigação de isolamento social. Entre muitas medidas tomadas para travar a pandemia do novo Coronavírus (COVID-19), uma das primeiras a ser a ser tomada foi obrigar a cultura a parar. Pelo país foram cancelados inúmeros espetáculos, festivais, além de uma diversidade de eventos relacionadas das mais variadas áreas.

A cultura está ao nosso lado a toda a hora e durante os dias de quarentena foram inúmeros os artistas que pelas redes sociais nos tem feito companhia de forma inovadora, pois cultura é a memória, a alma e identidade de um país e do mundo em que vivemos. Foi com o objetivo de divulgar os nossos artistas, que também precisarão muito do nosso apoio, sobretudo depois da pandemia passar, e podem ser apoiados de várias formas, seja indo aos seus espetáculos, ou seja, na aquisição dos seus trabalhos e dos seus serviços. Foi por isso que decidi divulgar regularmente alguns dos projetos e dos trabalhos que considero mais interessantes na música portuguesa, alguns deles, quase todos conhecem, mas muitos deles ainda são desconhecidos do grande público, espero que gostem.

SUGESTÕES DA SEMANA

Joana Espadinha, “O material tem sempre razão” (2018)

 

O álbum “O material tem sempre razão” é o segundo álbum de originais de Joana Espadinha, e nele podemos encontrar uma viagem de exploração, descoberta e afirmação, tanto a nível musical como de escrita de canções.

Neste disco, podemos verificar e confirmar, Joana Espadinha como música de corpo inteiro, desde a cantora à autora executante, que faz músicas que nos agarram e que nos levam desde as emoções mais puras àquela dança discreta.

Entre as canções, que nas suas letras revelam várias perspetivas e histórias de vida e de amor, destacamos neste trabalho “Leva-me a dançar”, “Pensa bem” e “Qualquer coisa”.

Cláudia Pascoal, “!” (2020)

 

 

O nome Cláudia Pascoal, veio aos poucos entrando na cena musical portuguesa, e o seu álbum de estreia é como que uma afirmação pessoal, a prova que a artista veio para ficar a sério e ainda terá muito para dizer.

Este “!” é um álbum livre e descomplicado, que representa os vários aspetos da personalidade de Cláudia Pascoal, num universo musical em que se fala de coisas sérias e ao mesmo tempo brinca-se com mas mesmas. Este disco é uma constante afirmação da sua identidade como artista que entra sem pedir licença no universo pop, de uma forma arrojada, atrevida e confiante, bem visível em canções como “Espalha Brasas”.

Gisela João, “Nua” (2016)

 

 

O álbum “Nua”, é o segundo trabalho de Gisela João, o seu título representa o que a fadista quer do seu Fado, música sem arranjos nem artifícios de produção, como ela gosta de cantar e sentir. Este disco como o anterior foram gravados fora do ambiente de estúdio, o que prova esta sua paixão pela música no seu estado mais puro e belo.

Este também é um trabalho que dá voz aos grandes poetas da atualidade, mas também visita desde os fados mais clássicos aos mais tradicionais, que demonstra que Gisela João é fado, venha de onde vier as suas influências, venham de onde vieram as palavras que canta e dá aquele toque único da sua voz.

É impossível destacar alguma das músicas deste álbum, pois a interpretação única do Fado por Gisela João faz com que seja obrigatório ouvir este trabalho por completo.

Stereossauro, “Bairro da Ponte” (2019)

 

O segundo álbum em nome próprio de Stereossauro, “Bairro da Ponte” é sem dúvida o trabalho mais ambicioso da sua carreira, além de já poder ser considerado com a maior da justiça como um registo histórico, onde talvez pela primeira vez o Fado se junta à electrónica.

Com a possibilidade de usar os master originais de Carlos Paredes e Amália Rodrigues, Stereossauro criou um soberbo trabalho de fusão entre a tradição e a modernidade, onde o peso da história vira-se para um futuro promissor para este, podemos dizer já, novo estilo.

Este disco conta com 19 faixas, assim como, com  um número sem precedente  de colaborações neste tipo de trabalhos que vão desde Gisela João a Capicua, ou de Dino d’ Santiago a DJ Ride, e onde podemos destacar faixas como “Verdes Anos (Remix)” ou “Flor de Maracujá”.

Diogo Piçarra, South Side Boy (2019)

 

 

Este “South Side Boy”, terceiro álbum de originais de Diogo Piçarra é nas palavras do próprio um álbum mais introspetivo e pessoal, e o título uma homenagem às suas origens algarvias.

Para Diogo Piçarra, este disco simboliza os nossos medos, as nossas falhas, ou mesmo as inseguranças e as dúvidas que todos temos, fazendo deste, um trabalho mais maduro e consistente, sendo que é possível verificar isso mesmo, a cada faixa que ouvimos. Ao mesmo tempo as sonoridades que são características do intérprete mantêm-se, sendo a sua imagem de marca.

A destacar neste álbum, podemos ouvir “Coração”, “Anjos” ou “South Side Boy”.