Nos últimos meses, os portugueses têm sentido os juros no crédito habitação a subir, por via do aumento da Euribor. E, em resultado, a taxa de juro no conjunto de contratos atingiu os 1,898% em dezembro, o valor mais elevado desde setembro de 2012. A prestação da casa também tem refletido esta evolução chegando aos 299 euros em dezembro, o maior valor desde abril de 2009, mostram os dados esta quinta-feira publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
A maioria dos contratos de crédito habitação em Portugal são de taxa variável, espelhando diretamente a evolução das taxas Euribor assim que as prestações da casa são atualizadas a 3, 6 ou 12 meses. E é por isso mesmo que a taxa de juro tem vindo a subir no nosso país, agravando as prestações da casa.
Em concreto, “a taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito habitação foi de 1,898% em dezembro, o valor mais elevado desde setembro de 2012, traduzindo uma subida de 30,1 pontos base (p.b.) face a novembro (1,597%)”, revela o gabinete de estatística português no boletim divulgado esta quinta-feira, dia 19 de janeiro.
O que hoje se verifica é uma subida tanto das taxas variáveis (indexadas à Euribor) como das taxas fixas, já que os bancos ajustam os juros ao preço do dinheiro. E, por conseguinte, as famílias que contrataram empréstimos para comprar casa nos últimos meses fazem-no com juros bem mais elevados do que no início de 2022 ou em 2021. Os dados do INE também refletem esta realidade: nos contratos de crédito habitação celebrados nos últimos três meses, a taxa de juro foi de 2,715%, o que traduz um aumento de 35 p.b. face a novembro (2,365%). É preciso recuar a maio de 2015 para encontrar uma taxa de juro nos contratos celebrados nos últimos três meses tão elevada.
“Para o destino de financiamento aquisição de habitação, o mais relevante no conjunto do crédito habitação, a taxa de juro implícita para o total dos contratos subiu para 1,903% (+29,7 p.b. face a novembro). Nos contratos celebrados nos últimos 3 meses, a taxa de juro aumentou 35,0 p.b. face ao mês anterior, fixando-se em 2,722%”, explica ainda o instituto.
Prestação da casa atinge máximo dos últimos 12 anos
A subida dos juros nos créditos habitação reflete-se na subida da prestação da casa. E o INE dá conta que “a prestação média fixou-se em 299 euros em dezembro, traduzindo uma subida de 11 euros face a novembro e 46 euros (18,2%) comparativamente com dezembro de 2021”. Este é o valor mais elevado desde abril de 2009.
O valor médio da prestação da casa apurado em dezembro, de 299 euros, para a totalidade dos contratos, desagrega-se da seguinte forma:
- 99 euros (33%) correspondem a pagamento de juros;
- 200 euros (67%) dizem respeito ao capital amortizado;
De notar ainda que o capital amortizado tem vindo a cair em detrimento da subida dos juros na prestação da casa. Comparativamente a dezembro de 2021, a componente de juros representava 16% do valor médio da prestação (253 euros) e agora pesa o dobro.
Nos contratos celebrados nos últimos 3 meses, o valor médio da prestação subiu 29 euros, para 536 euros, o valor mais elevado desde que há registos contabilizados pelo INE (janeiro de 2009).
Mesmo com os juros altos, as famílias continuam a comprar casa recorrendo a financiamento bancário. Motivo pelo qual o capital em dívida para a totalidade dos contratos tem vindo a subir. Em dezembro o capital médio em dívida aumentou 241 euros face ao mês anterior, fixando-se em 62.004 euros. Para os contratos celebrados nos últimos 3 meses, o montante médio em dívida foi 130.202 euros, mais 1.038 euros que em novembro.
Juros e prestação da casa dão salto em 2022 face ao ano anterior
Em resultado das sucessivas subidas da Euribor, as famílias passaram a pagar juros mais elevados em 2022. E é isso mesmo que dizem os dados do INE: “Para o conjunto do ano de 2022, a taxa de juro média anual implícita nos contratos de crédito habitação fixou-se em 1,084%, superior em 24,2 p.b. à taxa verificada em 2021”. E para o destino de financiamento aquisição de habitação, a taxa de juro média subiu 25,3 p.b. entre estes dois momentos, situando-se em 1,091% em 2022.
A prestação média anual vencida para o total do crédito habitação subiu 31 euros em 2022, para 268 euros. No destino de financiamento aquisição de habitação aumentou mais: verificou-se uma subida de 35 euros entre 2021 e 2022, fixando-se em 293 euros.
Também o capital médio anual em dívida subiu entre estes dois momentos, revela o INE:
- Para o total de créditos habitação passou de 56.309 euros em 2021 para 60.142 euros.
- Para o destino de financiamento aquisição de habitação passou de 63.243 euros em 2021 para 67.633 euros em 2022.
Por: Idealista