Por Francisco Dias Martins, Assistant Manager na SANA Hotels

No meio da tempestade mundial, vamos com toda a certeza sentir a falta do “excesso de turistas”. Uma recuperação que se antevê lenta, de um setor que nos últimos anos viveu anos dourados de pleno crescimento e expansão.

Ao nível europeu, o fecho das fronteiras, as interdições de locomoção aérea e o decretar do estado de emergência, originou a impossibilidade de manter abertos os estabelecimentos hoteleiros, pela falta de procura, mas principalmente pela salvaguarda das medidas de prevenção e segurança decretadas. Uma resposta necessária, e consequentemente perigosa no longo prazo.

No panorama nacional e internacional, assistimos a um período onde os maiores desafios são incógnitas.

O “lockdown” económico e social, não sendo certo, originou que os empresários reagissem de forma intermitente no tempo e espaço. Não conhecemos como irão despoletar os novos hábitos de consumo e formas de nos relacionarmos, e por isso é preciso acautelar todos os cenários.

As unidades hoteleiras terão de mudar a sua atuação de forma paradigmática. As práticas de gestão convencional estarão permanentemente em xeque. Expecta-se no curto/médio prazo um core de ocupações cingido ao mercado nacional, que resultará em taxas de ocupação muito abaixo das capacidades das unidades.

No campo dos apoios laborais e financeiros, conta-se com apoios capitais como o “lay off simplificado” e a criação de plataformas de acesso a linhas de crédito, originando que, vários empresários do sector tenham a sua liquidez e tesouraria salvaguardadas, temporariamente. O ciclo de endividamento do tecido empresarial aumenta, e o orçamento do estado, como sabemos, tem limitações. Em suma, todos os apoios de hoje retornarão na forma de impostos amanhã, creio, portanto, que a austeridade será inevitável para todos, e com o lay off a terminar em junho, devemos estar preparados para o maior dos flagelos, o combate ao rasto de desemprego e falências deixado.

A reabertura das unidades prevê-se que comece de forma gradual em junho e julho. Levantando-se duas questões importantes. Como é que irão reagir os mercados? Em que moldes voltarão as companhias aéreas a operar? São algumas das perguntas que se colocam. A várias velocidades inequivocamente, primeiro internamente, depois os europeus como Espanha, Reino Unido e França. Quanto à recuperação do tráfego aéreo, pairam as maiores duvidas, mas expecta-se uma normalização demorada e complexa.

Positivamente, denota-se um crescente aumento de reputação de Portugal enquanto destino turístico, por
via do ótimo trabalho de promoção desenvolvido pelo Turismo de Portugal, no pré COVID, mas também pela forma como o País reagiu e geriu de forma irrepreensível a pandemia. Os mercados com alguma proximidade geográfica olharão o país com segurança e confiança, e com o acréscimo de Portugal constar no topo de listas e estudos para destino preferencial no pós COVID.

 

Por: Publituris