Por:Padre Carlos Aquino | effata_37@hotmail.com

O Natal que se aproxima, faz-nos perceber que toda a existência humana é um dom. Cada um de nós é em Deus. Mesmo que muitos o não entendam ou mesmo o rejeitem, Deus é verdade e este Tempo no-lo diz na simplicidade e mesmo na fragilidade e na pobreza do Menino nascido em Belém. D’Ele, fonte da vida, nós recebemos a vida. Não somos o Natal.  Nem o Natal é esse amontoado de símbolos e de confusão pré-fabricada pela dinâmica comercial, que sempre assoma vertiginosa e sedutora nas suas vésperas, não raras vezes demasiado cedo, onde nos deixamos seduzir pelos embrulhos e não pelo dom.

O Natal é acontecimento de Deus. Não pode ser só uma emoção social ou familiar marcado por compras e trocas. Ele abre-nos a Jesus, o grande presente de Deus para nós, que se revela como Filho de Deus eterno. É a sua presença que precisamos despertar e celebrar no fundo do coração e da alma.

Diante os desafios deste tempo fascinante em que vivemos, o apelo a celebrar e a viver o Natal torna-se, cada vez mais, um convite instante à autenticidade e à esperança. Em cada ano, na sua Liturgia, a Igreja não celebra simplesmente a comemoração de um evento histórico passado. Ela convida-nos memorialmente a viver a presença dessa realidade que traz novidade ao mundo e às vidas: Hoje, Jesus, é para nós o Emanuel, o Deus connosco. Ele revela-nos a grandeza da nossa humanidade criada e divinizada por Deus. Por isso, Ele é a nossa esperança. O Natal abre-nos a Jesus, que se revela a nós como Filho de Deus eterno.

Jesus é o Natal. Este acontecimento maior e mais significativo da nossa História é narrado nos Livros dos Evangelhos de um modo surpreendente e despojado: Jesus nasce na noite, num profundo silêncio.

Num tempo onde a noite ainda não foi plenamente vencida, em que as palavras revelam pouco a verdade das coisas e da vida e tantas vezes nos ferem ou nos confundem, imersos por oceanos de angustiante inquietação e de ruído, é urgente darmos atenção ao valor do silêncio no Natal cristão.

O silêncio foi profundo quando descia a Palavra Omnipotente e Deus nos visitava. Esse silêncio revelador de Deus conduz ao espanto, ao assombro, à alegria e à adoração. É nascente de paz e de repouso. Diante as grandes noites da História da salvação souberam silenciar os reis, os profetas e a Virgem Maria. E este silêncio é muito mais que um simples calar. O silêncio é da ordem da Graça e da fé. O silêncio perfeito e necessário não é motivado pela própria necessidade, mas pela majestade de Deus, que se avizinha, pelo poder do Seu amor, porque “Santo é o seu nome!”.

No Natal onde impera sempre tanta poluição e barulho, sintamo-nos convidados ao silêncio. À vivência plena e fecunda deste silêncio: Deus está connosco! Importa que se cale toda a terra e se adore este santo mistério. Na oração, na celebração, com a Igreja e como ela, sempre podemos saboreá-lo de maneira singular.

Acolhamos, marcados pela fé secular da Igreja, este grito, que se eleva do Natal: Sabei que Eu Sou Deus! Vive verdadeiramente o Natal quem é capaz de fazer o que a Virgem Maria, a Mãe, ensinou e viveu: adorar e acolher ajoelhando e escutar contemplando no silêncio onde se aprende a altura e a largueza da vida a que somos chamados, a Estrela que é Jesus!