O ano está a terminar, começa a ser tempo de balanço. Bem sabendo que já se prepara uma nova caminhada.

Portugal tem razões para estar confiante, mas não se pode distrair.

Os recentes galardões e reconhecimentos internacionais atribuídos à oferta turística de Portugal nos mais variados setores e regiões têm um valor enorme. Reforçam uma perceção positiva da nossa imagem internacional como destino turístico e como país. Um capital extraordinário que importa defender e consolidar.

Ao mesmo tempo, os dados já conhecidos da evolução do Turismo este ano são globalmente positivos, apontam para um crescimento do número de hóspedes e de dormidas, ainda que mais moderado que nos anos anteriores. Mas revelam também alguns sinais que devem merecer atenção.Por exemplo, as taxas de crescimento dos residentes em importantes índices são em geral superiores às dos não residentes. A estada média global dos turistas diminui, mas de forma mais acentuada nos não residentes e mais nalgumas regiões que noutras. Importa refletir.

Uma visão responsável do Turismo exige que os dados – os «números» – do Turismo sejam analisados com atenção e objetividade e não apenas para defender visões unilaterais. De facto, assiste-se muitas vezes a uma utilização casuística e não objetiva e a extrapolações tendentes a valorizar esta ou aquela situação, que são perigosas, porque podem dificultar a formação de uma opinião correta da realidade e influenciar de forma errada as opções dos investidores no Turismo. Um tema muito sério que merece atenção.

Como vai evoluir o Turismo?
Considero que temos fortes razões para ser otimistas, mas existem uma série de fatores que sugerem prudência.
Não basta a qualidade e a diversidade da oferta, os prémios e a força da imagem, para tudo correr bem.
Antes de mais, existem fatores de fundo determinantes. E o primeiro e principal está na Economia. Estão à vista os sintomas de incerteza económica que alastram por esta nossa Europa – UE e R.U. – donde provêm mais de 85% dos nossos turistas internacionais. Não podemos ignorar.

Já sentimos na pele as incertezas do R. Unido, as quebras da Alemanha, da França e da Holanda, mercados que representam cerca de 50% das dormidas internacionais (2018).Todos desejamos, ou alguns «acham», que não se vão agravar. É certo que se deve trabalhar nas alternativas e na diversificação. Aliás sempre. Mas não chega. Não se substituem facilmente mercados de proximidade, enraizados e com décadas de história.

Além disso, existem outros fatores importantes que exigem o nosso acompanhamento permanente. Não podemos reagir como se fossem surpresas, perante situações que já eram certezas.Vejamos por exemplo setores que estiveram em palco recentemente e que revelam a fraqueza e a incerteza de alguns players da constelação do Turismo em dois campos: operadores e transporte aéreo.Ao não acompanharmos e não analisarmos a fundo a atuação de atores desta natureza, não percebemos o que é que os move, podem voltar a surpreender-nos desagradavelmente.

Não lhes podemos mudar a natureza, é certo, mas podemos trabalhar para não sermos surpreendidos e estarmos melhor preparados para enfrentar essas situações.A minha preocupação tem uma razão: operando num mundo em mudança e cada vez mais complexo e incerto, temos de fazer um esforço permanente para compreender a evolução das situações e criar as melhores condições para as enfrentar. Não pode haver surpresas.Se trabalharmos com inteligência e persistência teremos sucesso.

Bom Ano!*Por Vítor Neto, empresário e gestor, presidente do NERA, Associação Empresarial da Região do Algarve

 

Por: Publituris