Por F. Inez

A cada ano que passa, cada vez mais vamos ficando com a ideia de que o Planeta em que vivemos se vai tornando cada vez mais hostil, mais inóspito … quem sabe até… se um dia inabitável Depois de um prolongado período de seca e de um início anormalmente fresco, as ondas de calor do verão escaldante que estamos a viver… e os incêndios de grandes proporções que, nesta época, todos os anos e uma vez mais estão a consumir a nossa floresta e os teres e haveres de uma vida de trabalho dos cada vez mais raros habitantes do interior do País … nos últimos 40 anos já ardeu o equivalente a metade da área de Portugal Continental … o que parece ser também um cenário que se vai repetindo noutros países por esse mundo fora.

Tudo isto na sequência de uma pandemia … Covid-19 … com que continuamos a conviver, desde há mais de 2 anos e agora ainda mais o recente surto da Varíola dos Macacos … que em pouco tempo já se transformou numa epidemia global de saúde pública … Mas como se tudo isto não bastasse, a revolta da Natureza … que o Homem teima em maltratar e não respeitar … não se fica por aqui … A terrível ameaça dos períodos de seca e da diminuição dramática das reservas de água, enquanto noutros locais do Planeta, chuvas torrenciais e inundações gigantescas destroem tudo e todos à sua volta … como ainda recentemente aconteceu na Austrália … mas como se tudo isto não fosse já um cataclismo, ainda continuamos a assistir à tragédia do Mediterrâneo, onde nos últimos anos mais de 20 mil emigrantes fugindo da miséria … perderam a vida … e um pouco por todo o lado continuamos, perplexos, ainda a assistir à loucura de guerras sem sentido ceifando a vida dos povos inocentes … como agora acontece na Ucrânia … desencadeada por um pária e louco … que em nada vai ficar a dever aos grandes criminosos da História Universal … como Hitler e Estaline.

Perante todo este quadro, excessivamente dramático, que começa a assumir proporções bíblicas em que a Humanidade está a viver … torna-se inevitável vir-nos à memória a lendária história das 10 Pragas do Egipto … que parece terem realmente existido, admitindo-se  hoje terem sido devidas a alterações climáticas, mas que por impossibilidade de explicação científica, impossível na época … há 3 500 anos … se foram transformando em mitos e lendas … as águas do Nilo tingiram-se de vermelho de sangue … que hoje se sabe devido a cianobactérias … pragas de rãs, mosquitos e moscas infestaram sucessivamente o Egipto, assim como a peste e a morte dos animais, a chuva de pedra … a que hoje chamamos granizo …  pragas de gafanhotos,  trevas e a escuridão durante vários dias  …que hoje se admite ter sido devido à erupção de um vulcão na Ilha de Santorini  e culminou com a tragédia da morte dos filhos primogénitos … Segundo reza o Livro do Êxodo tudo isto se deveu a um castigo Divino para obrigar o Faraó a libertar o povo hebreu da escravidão em que vivia no Egipto … o que finalmente conseguiu com a fuga liderada por Moisés, facilitada pelo do milagre das águas do Mar Vermelho que recuaram para os deixar passar e se  fecharam logo a seguir para afogar os seus perseguidores enviados pelo Faraó, e que então os conduziu através do deserto onde erraram durante 40 anos para finalmente chegarem à Terra Prometida e ao Monte Sinai… onde receberam os 10 mandamentos.

Tal como os povos judeu e do Egipto, hoje a Humanidade face a todas estas calamidades e outras ameaças como a fome e a pobreza extrema de boa parte da população de alguns países, parece estar a ser vítima de “pragas” que, para alem do sofrimento, estão a pôr em risco a sua própria sobrevivência … é como se as pragas que assolaram o Egipto estivessem de volta … e tudo leva a crer que não existe vontade política para tentar inverter a calamidade das alterações climáticas … que estão a hipotecar a qualidade de vida das futuras gerações.

No nosso País assiste-se passivamente ao inferno dos incêndios e à dramática diminuição das reservas de água … ninguém fala em ordenamento da floresta nem de dessalinização da água do mar, nem sequer do reaproveitamento doméstico das águas residuais adotado há décadas por muitos outros países e que gera uma poupança de cerca de 40% dos consumos, nem da rega dos campos de golf com efluentes de esgotos devidamente tratados. Os políticos continuam com os seus discursos mais ou menos eloquentes … como se os problemas se resolvessem com palavras … mas continuamos a assistir passivamente ao desmoronamento progressivo do Ensino e do Serviço Nacional de Saúde e aos vencimentos de miséria de todo um setor público … o que nos coloca cada vez mais na cauda da Comunidade Europeia. Mas quem sabe se um dia não vai surjir um novo “Moisés” que nos conduza ao “Paraíso” que diariamente os políticos nos prometem…