Desde 2014 que estas interdições, especificamente para a conquilha, são mais regulares e prolongadas e traduzem-se numa alteração radical no padrão de ocorrência de interdições deste tipo, o que nos leva a levantar uma série de dúvidas.
Os armadores e pescadores respeitam a referida interdição sendo que não capturam aquela espécie e dirigem a pesca a outras espécies bivalves de menor valor comercial ou, em último caso, entram em inatividade forçada, como se observa nas embarcações da ganchorra de menor porte (baleeiras) que, devido à sua dimensão e capacidade estrutural, são específicas para a pesca dirigida à conquilha.
No entanto, ocorre captura ilegal de conquilha e um mercado paralelo dedicado, esta captura é exercida por indivíduos oportunistas em busca do lucro fácil, bem como por apanhadores apeados desesperados em busca da única fonte de rendimento; no mercado paralelo e durante os períodos de interdição, a conquilha pode valer cerca de 7,00€ a 13,00€ por quilo, enquanto em períodos sem interdições, o seu valor normal ronda os 3,00€ a 4,00€. Por outro lado os milhares de veraneantes nas praias do sotavento algarvio apanham manualmente conquilha.
Consequentemente encontra-se conquilha à venda nos diversos restaurantes sem qualquer tipo de controlo veterinário ou identificação e é consumida tanto nos estabelecimentos comerciais como nas casas particulares… É um facto inegável, pelo que a fiscalização não tem meios suficientes para controlar um mercado e uma área tão abrangente.
Por outro lado, e face ao consumo que se observa, não há notícias de intoxicações diarreicas ou outras devido ao consumo de conquilhas ou de qualquer outro tipo de bivalve, o que nos leva a duvidar de todo este processo, no sentido de questionar até que ponto os níveis de segurança (limites regulamentares de toxinas DSP) não estão exageradamente altos.
A atual situação está a criar sérias dificuldades a nível social ao sector da pesca com arte de ganchorra da zona sul onde está sediada a principal frota de pesca da ganchorra do País, com cerda de 50 unidade de pesca, todas elas aderentes à Olhãopesca - Organização de Produtores de Pesca do Algarve, CRL.
Face ao acima exposto, esta Organização vai solicitar ao Secretário de Estado do Mar, bem como à administração em geral para que os referidos níveis de segurança ou os limites regulamentares de toxinas DSP sejam revistos junto das identidades oficiais, sem que seja colocada em causa a saúde pública.
Por: OlhãoPesca