O economista e curador da reunião Miguel Frasquilho defendeu que a região precisa de “diversificar a sua base económica” e “tem de ser mais do que o turismo”, o que considerou ser o maior dos desafios estratégicos.
O antigo presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e da TAP começou por caracterizar o Algarve como sendo marcado por um “paradoxo demográfico”, visto ter cerca de 470 mil residentes, mas receber todos os anos fluxos turísticos que multiplicam várias vezes a sua população.
“Esta pressão sazonal representa simultaneamente uma oportunidade e um desafio que obriga a soluções inovadoras de mobilidade, de habitação, de serviços de saúde, de proteção ambiental”, disse Miguel Frasquilho.
Segundo o economista, o Algarve “tem que ser muito mais do que turismo”, sendo necessário apostar em setores como a agroindústria, a economia do mar e as energias limpas, entre outros, exemplificou.
Por seu lado, o presidente da Região de Turismo do Algarve, André Gomes, referiu a importância de não só diversificar os mercados turísticos, como a aposta feita no mercado norte-americano, mas também a diversificação de setores económicos.
André Gomes também recordou que as apostas feitas nos últimos anos no turismo de natureza ou no turismo cultural têm “atenuado a sazonalidade”.
O presidente do Turismo do Algarve realçou ainda a diminuição da sazonalidade, tendo dado como exemplo o facto de haver cada vez mais hotéis abertos todo o ano.
“A sazonalidade é inevitável mas pode ser atenuada”, afirmou o presidente da Assembleia Geral da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Mário Azevedo Ferreira.
De acordo com o antigo diretor-geral da cadeira hoteleira NAU, 75% do rendimento dos hotéis são feitos nos meses de julho e agosto, porque “o sol e praia são os produtos principais”, tendo defendido que a sazonalidade poderia ser atenuada com o investimento em mais campos de golfe.
Este responsável afirmou ser “difícil construir mais campos de golfe com a legislação atual”, defendendo “melhorias nos custos de contexto” e que as autoridades deixem de ser um “travão” e “ajudem” no desenvolvimento do setor.
Por seu lado, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Miguel Pina, lamentou que a duplicação nos últimos anos do nível de riqueza da região não tenha sido acompanhada por um aumento significativo dos índices de desenvolvimento social.
“Quase que duplicamos [nos últimos 20 anos] o nosso produto interno, mas os índices de desenvolvimento, isto é, a economia que chega às pessoas, não teve a mesma trajetória”, disse António Miguel Pina.
O também presidente da Câmara de Olhão queixou-se de os agentes não quererem “produzir casas ao preço que a população pode pagar” e concluiu que cabe ao Estado “ter as políticas públicas para garantir essa acessibilidade aos cidadãos, de habitações acessíveis”.
Também presente no 1º Congresso Económico do Algarve, o presidente do Conselho Diretivo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento (CCDR) do Algarve, José Apolinário, defendeu o “reforço” do papel de coordenação das CCDR nas políticas públicas, “independentemente do que vierem a ser os resultados eleitorais”.
José Apolinário sublinhou a necessidade de se aumentar as qualificações das pessoas e recordou que a região do Algarve foi, no país, aquela que “mais mobilizou verbas para a política da água”, sendo este aspeto “central para o desenvolvimento do Algarve”.
Lusa