3ª Edição do Think Tank Inovar Saúde

- Especialistas defendem a participação da sociedade nas decisões sobre doenças oncológicas

- Cancro continua a ser a doença que mais preocupa a população

- Portugueses consideram que o acesso aos cuidados de saúde em geral e para as doenças oncológicas em particular, é melhor no setor privado do que no público

Os especialistas que a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) reuniu no 3º Think Tank - “Cancro 2020: Velhos e Novos Desafios” consideram que é preciso mais participação dos cidadãos, mas para isso é necessário disponibilizar-lhes mais informação e formação adequada. Esta ideia é apoiada por um estudo realizado pela GFK em Novembro de 2015 junto de mais de 1200 portugueses, que demonstra que cerca de 52% dos portugueses acreditam que a sociedade deve ter um papel mais ativo nas decisões públicas sobre cancro.

Apesar de mais de metade dos portugueses defender uma participação mais ativa nas decisões sobre cancro, só 33% teriam disponibilidade para se envolver ativamente. O mesmo estudo da GFK mostra ainda que apenas um terço dos portugueses gostaria de participar de forma ativa na distribuição do orçamento para a saúde. Os restantes dois terços admitem não ter conhecimentos suficientes para o fazer.

Estes números vão ao encontro das conclusões do estudo da ENSP que defende que é necessária mais participação dos cidadãos nas decisões públicas sobre doenças oncológicas. No entanto, para que essa participação aconteça de forma eficaz, é necessário disponibilizar informação em linguagem percetível, envolver as autarquias como mediadoras, formar e acreditar as associações de doentes e capacitar as organizações para trabalhar em conjunto e com os restantes stakeholders.

 

O financiamento das doenças oncológicas é outro dos aspetos que os dois estudos abrangem. Os especialistas da ENSP afirmam que é fundamental implementar modelos de financiamento holísticos e prospetivos, a aplicação referendada do princípio de consignação da receita dos impostos, uma linha de financiamento da inovação em oncologia diferenciada de acordo com o peso da doença, a contratualização de orçamentos hospitalares, plurianuais, que acomodem entrada de novas tecnologias e um modelo de financiamento compreensivo, com base em resultados e valorização de atos específicos. Entretanto, 59% dos portugueses ouvidos pela GFK consideram que, na área da saúde, é o cancro que recebe maior investimento, e concordam que esta deve ser a prioridade, ou não fosse esta a doença mais temida pela população (71%). Mesmo assim, quase 3 em cada 4 consideram que a verba para oncologia é insuficiente.

No que diz respeito ao tratamento do cancro, enquanto o estudo da ENSP aponta a necessidade de uma rede de referenciação modelo matricial e colaborativo que passe por um plano oncológico nacional com metas definidas, auditorias clínicas, organizacionais e financeiras, uma unidade de missão e padronização do fluxo do doente e uma base de dados única para o doente oncológico, desde o diagnóstico, o estudo da GFK demonstra que os portugueses consideram que relativamente ao acesso aos cuidados de saúde o setor privado é globalmente melhor que o público. O privado é valorizado pela rapidez no atendimento, enquanto no público é valorizada a comparticipação e o preço acessível dos serviços prestados.

Ambos os estudos são hoje apresentados e debatidos por médicos, cientistas e investigadores no evento do 3º Think Tank, realizado no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém (CCB) que conta com a participação de vários especialistas como Sobrinho Simões, Médico, Investigador e Diretor do IPATIMUP, Gabriela Sousa, Presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, Hélder Mota Filipe, Presidente do Infarmed e Pacheco Pereira, historiador.

 

Por: Guesswhat